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quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Dança, orgulho e ensino.


Sempre relacionei orgulho com conquista, é possível sentir orgulhos de coisas pelas quais se lutou para conseguir, pois conquista implica mérito, logo, pra mim não faz sentido sentir orgulho de ser brasileiro, ou de ser negro, pois isso são coisas sob as quais não se tem influência nenhuma, eu podia ter nascido em qualquer lugar e ter qualquer etnia, mas por uma questão de acaso nasci aqui e tenho uma determinada cor.

Mas mesmo quando se cultiva orgulho por realização e conquista, pode-se cometer o erro de deixar-se levar pela arrogância e pela soberba. O acúmulo de conhecimento ou de habilidades vai fazendo você se comparar com as pessoas e gradualmente, se julgar superior á elas apenas porque suas habilidades o são. E isso é o erro mais grave do aprendizado: achar que se sabe muito.

Quanto mais eu estudo uma determinada área de conhecimento, mas me sinto ignorante nela pois vejo que sempre há mais para se estudar, quanto mais desenvolvo uma habilidade, mais eu vejo que há muito mais níveis de proficiência nela do que eu anteriormente conhecia. Não consigo deixar de pensar que sempre tenho que melhorar um pouco mais, sempre tenho que aprender um pouco mais, porém nem todo mundo pensa assim.

Vejo na dança algumas pessoas que gostam de serem vistas dançando, gostam de mostrar que sabem dançar bem. Não há nenhum problema com isso, habilidades bem desenvolvidas acabam tendo respaldo no ego e na auto estima, é natural que a pessoa procure validação externa naquilo que ela se acha capaz de fazer bem. Mas o problema não é quando a pessoa se julga boa, o problema é quando ela se julga melhor que os outros. Quando esse pensamento de superioridade começa a aparecer, a pessoa só quer saber de dançar com gente que dança bem, e perde a paciência com quem ainda é iniciante ou tem menos tempo de prática que ela.

Esse tipo de pessoa se esquece que para chegar no nível em que chegou, alguém melhor que ela teve que ter a paciência de ensinar: o "professor". E utilizo o termo não me referindo á profissionais da dança que são pagos para ensiná-la, estou falando de todas as pessoas que, em algum momento, tiveram a paciência e a solicitude de repassar conhecimento para alguém que sabia menos. Como alguém teria a capacidade de menosprezar quem sabe menos, se a própria pessoa só pode atingir a maestria através daqueles que sabem mais?

Entendo que nem todo mundo nasceu pra ser professor, nem todo mundo tem em si o prazer de ensinar, muitas pessoas querem simplesmente evoluir a si mesmas e atingir altos níveis de proficiência nas habilidades que cultivam, mas mesmo assim, mesmo que seu foco seja auto-aprimoramento, não ter paixão pelo ensino só demonstra que você não seria um bom professor. Não ter paciência de lidar com quem sabe menos que você demonstra que você além de ser um mal professor é também um mal aprendiz, pois se esquece que é possível aprender com quem sabe menos.

O problema é que isso é uma verdade que geralmente só os professores realmente entendem.