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quinta-feira, 21 de abril de 2011

A aposta de Pascal




Blaise Pascal foi um francês que viveu no século 17 e contribuiu enormemente para vários ramos da ciência, como geometria, física e matemática. Apesar de ter sido um grande pensador na área das exatas e portador de uma inteligência notável, ele era também muito religioso.

A tal chamada "Aposta de Pascal" é um tipo de pseudo-argumento a favor da existência de Deus, que comete uma série de erros lógicos do começo ao fim de sua construção. Na época parecia genial, e até hoje, muitos religiosos se baseiam nela para reforçar sua crença em seu deus, a verdade é que a aposta não chega nem a ser um argumento, vamos ver o porquê disso analisando o que ela é:

Se você acredita em Deus e nas escrituras e estiver certo, será beneficiado com a ida no paraíso.
Se você acredita em Deus e nas escrituras e estiver errado, não terá perdido nada.
Se você não acredita em Deus e nas escrituras e estiver certo, não terá perdido nada
Se você não acredita em Deus e nas escrituras e estiver errado, você irá para o fogo eterno.

Considerando que as probabilidades de Deus existir e dele não existir sejam de 50-50 (o que não são) o argumento te diz que você se você acreditar, você terá mais chances de se dar bem, enquanto sua descrença só trará riscos, visto que você irá para o inferno caso Deus exista e não irá para lugar nenhum caso ele exista.

Baboseira do início ao fim. A aposta de Pascal é um dos mais ultrapassados "argumentos" a favor da crença em Deus, para começar ele exclui a possibilidade de existência de outros deuses. Você acha que Anubis, Thor, Belenus e Zeus vão ficar felizes em saber que você anda por aí adorando um Deus-judaico-cristão em detrimento deles? Quem te garante que ao adorar seu deus você não esteja sendo condenado ao inferno ou tormento por inúmeros outros (que por acaso seriam movidos pelo mesmo ciúme doentio que move o seu)? O pensamento de Pascal começa errado por ser exclusivista e desconsiderar que hajam outros "infernos" e outros "paraísos" além daqueles prometidos pelo cristianismo, ele simplesmente "assume" sem qualquer justificativa, que se existe um Deus, este é o judaico-cristão e ponto. Mas considerando que ele foi um francês que viveu no século 17, é natural ele achar que cristianismo é a verdade e o caminho...

Em segundo lugar, Pascal assume que se você viveu acreditando em Deus e Deus não existe, no final das contas você não perdeu nada. Caso Deus não exista, e essa for sua única vida, cada minuto, cada centavo e cada gota de suor que você gastou em ritos, adorações, idas á igreja e cultos são dinheiro, tempo e esforço jogados no lixo. Acreditar em Deus não é uma relação de custo-zero como Pascal aponta (muito menos na época dele). Religião toma tempo, dinheiro e esforço que poderiam ser redirecionados para você mesmo, seus amigos, sua família ou projetos sociais. Mesmo que você só vá a igreja uma vez por semana durante uma hora, isso significa, ao final da sua vida (considerando a expectativa de vida do brasileiro) um total de aproximadamente 3.000 horas gastas inutilmente (cerca de 125 dias). Isso porque eu desconsiderei o tempo gasto para se arrumar e ir para igreja assim como a gasolina e tempo gastos para chegar lá. Crença só é uma relação custo zero para aqueles que as mantém única e meramente dentro das suas próprias cabeças.

Em terceiro lugar, você acha mesmo que um deus onisciente/onipotente, supremo e absoluto criador de tudo o que existe no universo, o alhpa e o ômega da física, a apoteose da consciência inteligente iria engolir essa de "vou acreditar para não me dar mal"?. Me poupe! Isso se chama puxação de saco, bajulaçao, você não acredita porque acha que é certo, acredita porque é mais vantajoso pra você no final das contas, acha mesmo que o todo poderoso não vai perceber seu raciocínio mesquinho assim que você chegar no portão dos céus?

E em último lugar, acreditar está longe de ser uma questão de opção, Pascal coloca as coisas num ângulo muit simples onde basta você "optar" por acreditar em Deus e nas escrituras. Durante a santa inquisição, você acha mesmo que cada um dos judeus passou a acreditar no Deus cristão assim que foi ameaçado de morte? Eles diziam que acreditavam para não serem assassinados, mas as crenças pessoais da maioria deles permaneceram inalteradas. Não adianta nada intimidar uma pessoa para fazê-la acreditar em algo, você podê convencê-la de que "fingir acreditar" é vantajoso para ela, mas crença nunca vem através de intimidação.

É até injusto atacar a Aposta de Pascal, tão ridícula e indefensável ela é. Mas muita gente em muitos lugares do mundo aceita esse como um argumento válido e consideravelmente inteligente, incrível como um homem tão inteligente acreditava em princípios tão frágeis e contraditórios.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Bons momentos


As vezes existem períodos de calmaria na vida. Existem momento em que nós simplesmente podemos sentar e relaxar, momentos em que nossa experiência e preparo não é de todo útil e que nosso objetivo deixa de ser resolver problemas e passa a ser curtir a vida.

Um soldado ainda é um soldado em tempos de paz? Será que além de soldado ele também é um pai, um marido, um irmão...
Nossa identidade é construída não nos momentos felizes, mas nos momentos de pressão, de dificuldade. O que fazer quando não há pressões, não há dificuldades?
Parte do que somos, fazemos e queremos foi construída sob ferro e fogo, parte de nossa personalidade foi forjada na base do tapa, e essa parte precisa se acostumar á períodos de calmaria. Se adaptar ao fat ode que não é preciso ir á guerra por enquanto, que podemos dar uma pausa na constante vigília por problemas, que podemos diminuir o passo na jornada rumo ao auto aperfeiçoamento.

Algumas partes da nossa subida são menos íngrimes, tem menos pedras no caminho. Alguns trechos de nossa vida precisam de um esforço um pouco menor para serem percorridos. Nessas horas é estranho ver que não ha nada ou muito pouco a se fazer, é estranho para o soldado ver que não há ninguém em quem atirar, ou ninguém para proteger.

Durante anos sua vida sentimental vai lhe programando para reduzir danos. Você pensa e vê as coisas de modo á minimizar desavenças, evitar discussões e eliminar potenciais problemas ainda quando pequenos. Sempre lutando e buscando erradicar alguma imperfeição em si mesmo, sempre suando para fazer uma auto análise bem sucedida no menor tempo possível, que renda resultados práticos no relacionamento, como redução de stress.

Estranho procurar e não achar nada, ou achar pouco. Estranho analisar e obter bons resultados, estranho pedir para apontarem falhas e receber silêncio como resposta, pois afinal você se programou a vida inteira para ter certeza absoluta de que você nunca seria perfeito.

Mas não ser perfeito, não significa que seu relacionamento não possa passar por períodos de perfeita sintonia. Por isso, apesar da calmaria ser muito estranha, é um bom sinal. Significa que o esforço valeu a pena e que as boas fases estão tão boas que o uso da palavra "perfeito" não parece mais uma fantasia adolescente.