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sexta-feira, 24 de junho de 2011

Dilemas da paixão X


Independente de sua religião ou filosofia de vida, é muito provável que você, assim como a grande maioria dos seres humanos, tenho dentro de si uma necessidade de ver no mundo algum tipo de mecanismo ou princípio que faça com que a justiça nunca falhe. Caso ela falhe no plano observável, como desonestos ricos e honestos pobres, você simplesmente cria um mundo aparte onde as regras de justiça em que você acredita são inescapáveis e problema resolvido.

Isso é natural de todos os seres humanos, todos nos sentimos revoltados diante daquilo que não julgamos justo ou certo. Aceitar o injusto simplesmente não faz parte da nossa programação como pessoas. E isso cria em nós um impulso inconsciente de fazer justiça com as prórias mãos, quando necessário, cria em nós uma vontade de, caso esteja ao nosso alcance, fazer com que a justiça seja feita. E isso, pelo menos até certo ponto é bom.

Mas e quanto a nossa noção do que é justo e do que é injusto?

Quando você está num relacionamento, existem sempre adversidades num convívio á dois que exigirão de você virtudes como paciência, coragem e compreensão. Na verdade, o comum é um relacionamento exigir de você sempre um pouco mais do que você pode dar, e é isso que te mantém progredindo. Essas adversidades se dividem em tres grupos básicos: as causadas por você, as causadas pelo seu companheiro/a e as que vocês dois contribuíram para que acontecesse. (confie em mim, o terceiro grupo é SEMPRE o maior)

Então, sua noção de justiça vai afetar profundamente a maneira com a qual você encara as adversidades no seu relacionamento, pois você quase sempre tem poder suficiente para fazer reivindicações. Mas e quando nossa necessidade de justiça se junta com o nosso ego e nós decidimos nos tornar "juízes"?

Quando identificamos a fonte do problema fora de nós (o que é nossa especialidade), queremos uma compensação imediata, devolver a mesma sensação de desconforto, frustração ou raiva que nos foi causada para "equilibrar a balança", pois isso é o que seria justo, segundo nossa visão passional. O único porém é que quando o problema está em nós (o que não é nossa especialidade), temos a tendência de mudar nossa noção de justiça a nosso favor, e quando a mesma vingança emocional cometida pelo outro chega a nós, nos sentimos igualmente injustiçados e nos lembramos de todas as coisas boas que fizemos, de todos os erros alheios que toleramos e de qualquer situação que amorteça o sentimento de culpa.

Traduzindo:

Quando o outro erra, você tem o direito de puní-lo pelos erros. Pois a pessoa não atendeu suas expectativas pessoais.

Quando você erra, você tem o direito de errar, pois você é um ser humano com falhas como todo mundo.

Tendencioso não? A vingança é um combustível altamente inflamável e poderoso, ele pode te levar muito longe, mas é explosivo, perigoso e poluente. Quase todas as atitudes tomadas a partir do sentimento de vingança são tóxicas para um relacionamento. Porém se não reivindicarmos nada, iremos simplesmente absorver adversidades e carregar sozinhos os nossos erros junto com os erros alheios, num processo acumulativo que SEMPRE tem limites. Então, como conciliar nossas necessidades com as necessidades alheias? Como não ser movido por vingança e ao mesmo tempo lidar com faltas?

Nossa capacidade de julgar é sempre inclinada para atender aos nossos interesses pessoais em detrimento dos outros, mas nossas necessidades emocionais nos fazem precisar dessas mesmas pessoas para nos sentirmos completos, o que gera um sistema corrupto de resolver problemas.

A verdade é que somos ótimos advogados, mas péssimos juízes.

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