Quando eu era pequeno ficava abismado com a capacidade que meus pais tinham de perceber quando eu estava de "má vontade" para fazer algo. Eu simplesmnete não entendia que tipo de sexto sentido eles tinham para sempre dar um diagnóstico preciso de quando eu me interessava e de quando eu não me interessava por alguma coisa. Eu não via quais eram os sinais óbvios que eu passava indicando o meu nível de interesse, não via em mim, pois depois de um tempo comecei a ver nos outros.
E percebi que simular vontade é impossível.
Não sei como não havia me tocado antes de como é simples detectar disposição nas outras pessoas, não demora muito e as conclusões tem uma margem de erro minúscula. Pequenas ações que formam padrões no comportamento das pessoas, se forem devidamente observadas, sempre irão revelar a verdade. É só uma questão de tempo até que um bom observador descubra quais são suas veradeiras motivações.
Depois que me tornei professor, comecei a diferenciar os alunos desinteressados dos aplicados, não pela nota ou número de faltas, mas sim pelo interesse que eles demonstravam em aprender, pequenas coisas como tirar dúvidas, participar das aulas e ser assíduo para entregar deveres eram pequenos fatores que, no dia-a-dia, apontavam com clareza quem queria e quem não queria estar ali. Na verdade, não era necessário nem um mês de aula para ver isso.
Se você não quer a companhia de alguém, se você não quer fazer algo, se você não quer desempenhar uma certa atividade, tenha certeza, dá pra saber. Um bom observador vai perceber os pequenos sinais de má vontade que você passa na sua postura. O número de atrasos nas horas marcadas, compromissos cancelados, número de vezes que você liga para aquela pessoa que você quer ver, disposição que você tem para conversar e interagir com ela, o tamanho do esforço que você despende para agradá-la... tudo isso pode ser usado para medir seu interessa na pessoa numa escala de 1 a 10 com precisão decimal. E por mais que hajam pessoas que não sabem observar e medir isso, elas sentem isso, o que no final das contas geralmente acaba dando na mesma.
Quem quer faz, quem quer corre atrás. Se você realmente quisesse fazer aquilo, você faria. Se você realmente quisesse ver aquela pessoa, você ligaria. Se você realmente quisesse atingir aquele objetivo, você atingiria. Mentir para si mesmo é sempre o primeiro passo para mascarar má vontade, culpar fatores externos é sempre um processo simples e indolor, mas quando o universo parece conspirar para impedir que algo aconteça, pense bem, é muito provável que você não esteja tentando com vontade o suficiente.
Lembre-se dos momento em que você estava perdidamente apaixonado e estava sendo correspondido, lembre-se dos momentos em que você estava muito perto de conseguir aquela vaga de emprego que você sabia que merecia, lembre-se daquela festa, evento ou show que você passou meses planejando e juntando dinheiro para ir. Lembre-se dos momentos em que não havia nada entre você e aquilo que você queria muito, mas muito mesmo. Sério, tente lembrar de um.
Lembrou? Pois é, nesses momentos, se alguma adversidade surgisse em seu caminho, você faria de tudo para contorná-la, sua força de vontade varreria qualquer obstáculo na sua frente. O preço do ingresso do show subiu? Sem problemas, eu junto mais dinheiro. Sem carona pra ir pra festa? Dane-se, vou de taxi! O pessoal da empresa quer fazer uma semana de treinamento adicional antes da contratação? Perfeito! É só dizer a hora. Se você realmente QUER, você vai arranjar uma solução.
Quem quer faz, quem quer corre atrás. Olhe bem para a postura das pessoas e você vai saber quais são suas prioridades. Sinta a empolgação delas enquanto elas falam, leias as mensagens que elas mandam, conte o número de vezes que elas correm atrás das coisas que querem.
Se existe algo entre você e o que você quer que ainda não foi derrubado pela sua força de vontade, é porque sua força de vontade ainda é fraca. Se sua disposição encontra barreiras como medo, insegurança, vergonha, orgulho e ego, você ainda não está vivendo a vida.
Quem quer, faz.
Quem sente saudade, liga.
Quem almeja, alcança.
Quem deseja, obtem.
Quem corre, chega.
Se você é uma pessoa sem vontade, você é como um carro sem combustível. Pode ser bonito, pode ser novo, pode ser chique e cheio de firulas opcionais. Mas você não faz aquilo que nasceu para fazer, logo, você ainda é, na prática...
...um peso morto.