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sábado, 25 de fevereiro de 2012

Legislação


As lições que a vida nos ensinam muitas vezes ficam gravadas em nós em forma de medos ou intuições que muitas vezes não nos damos o trabalho de entender. Porém, existem pessoas que analisam o porquê de suas alegrias e sofrimentos e transformam o abstrato em concreto. Essas pessoas geralmente formulam leis e códigos morais acerca de como a vida deve ser vivida, para manter um melhor controle sobre a própria felicidade.

Á princípio, esse processo de legislação parece inofensivo, sensato e maduro. Mas uma coisa que o legislador algumas vezes se esquece é que ninguém está acima da lei, nem mesmo aquele que a cria. E a hipocrisia nasce exatamente assim, quando começamos a quebrar as regras que nós mesmos criamos.

A verdade é que se observarmos a sociedade hoje, veremos que leis impedem que muitas coisas ruins aconteçam, mas não necessariamente estimulam as coisas boas. Por exemplo, os pardais de trânsito diminuem o número de acidentes nos locais onde estão instalados, mas de maneira alguma eles estimulam você a ser um motorista consciente, se o fizessem, as pessoas não desacelerariam o carro apenas para evitar a multa. Leis criam o medo da punição por fazer o mal, mas na vida é preciso mais que isso, é preciso estar motivado a fazer o bem.

Muitas pessoas acham que legislar sobre suas vidas sociais e emocionais é a chave para seus problemas. Que se eles forem rígidos com seus códigos, crenças e moral, tudo sempre vai acabar bem e eles sempre estarão caminhando rumo a felicidade. Afinal, tudo aquilo que parece ser destrutivo está proibido por lei.

Mas já falei em outro post que inflexibilidade não costuma ser a melhor opção para se viver uma vida feliz. E haverão momentos em que outras pessoas irão se chocar contra as normas que o legislador criou. A vida é cheia de situações diferentes, de pessoas diferentes com idéias diferentes e mais cedo ou mais tarde, vai haver um momento em que uma lei vai atuar contra o próprio legislador, proibindo-o de se mover em direção á sua felicidade.

Ainda que ele se mantenha fiel á seus princípios, os outros á sua volta não são obrigados a fazer o mesmo. As pessoas só toleram as limitações que elas impões a elas mesmas, não se darão o trabalho de seguir leis das quais não participaram da criação. Por isso, muitas vezes a solidão é um beco sem saída para os legisladores.

Cuidado com a ilusão do poder legislativo, ele pode acabar trabalhando contra você.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Metáfora?

Sempre gostei muito de vermelho. Desde que eu era pequeno e me perguntavam qual era minha cor favorita, a resposta vinha rápida e fácil em minha mente. Nunca soube exatamente como eu chegara a tal conclusão, mas sei que a minha preferencia de cor parecia algo que nunca mudaria.

Porém, apesar da minha paixão pela cor quente, ela nunca pareceu desempenhar um papel muito importante na minha vida. Não foi uma cor muito presente, levando em consideração que era a favorita. A cor mais marcante acabou se mostrando mais tarde, e qual não foi a minha surpresa quando eu descobri que era o verde.

Primeiro foi um vestido verde e uma gravata verde combinando num aniversário, depois foram olhos verdes refletindo a luz dos meus em momentos de felicidade, e depois foi uma casa verde que eu torceria o pescoço dia após dia para olhar na minha caminhada. O verde sempre estava lá, de uma maneira ou de outra colorindo o plano de fundo das experiências que mais importavam pra mim.

Fui descobrindo que tinha todos os motivos para gostar de verde e até acho que sempre tive essa preferência mas nunca percebi. Houveram tempos em que a vida estava em preto e branco e vermelho era primeira cor na qual eu pensava para colori-la, mas isso foi antes de todo aquele verde colorir minha vida de uma maneira inesperada.

E hoje continuo amando muito o vermelho, mas sei que verde é uma cor que já não pode faltar na minha tela.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Oath of Allegiance


Throughout a life of love and pain
Some of my dreams would fade
But it was under the misfortunes
That new values would be made
Foolish fears were torn apart
By the cold war inside me
Its dread showed me exactly
What I've always needed to see

That the most terrifying moments
That I had been through
Were born from the denial
Of what I already knew
The greatest disappointments
That had fallen upon my life
Had their origins within
A very old emotional strife

There had always been two ways
For me to find delight
But little did I know
That one of them wasnt't right
Experience showed me how
To make use of all its lore
And I knew the type of allegiance
That could finally end this war

In order to gather strength
I would have to honor a code
Faith and love would, hand in hand,
Guide me along the road
And so I had found my purpose
A new set of values was born
And that was the day in which
The oath of allegiance was sworn

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Sofrimento


Para morrer, basta estar vivo. E para sofrer, também. Na maioria das vezes a dor é inevitável, mas existem muitas coisas que podem mudar a intensidade com a qual a sentimos.
Usamos, sem perceber, diversos dispositivos para amortecer o impacto que a dor tem sobre nós, quando a verdade é dura demais, ou quando a realidade é triste demais, usamos nossas próprias drogas para entorpecer nossos corações enquanto esperamos o desconforto passar.

Apontamos para qualquer coisa que pareça ter contribuído para nosso estado de tristeza e colocamos nela uma parcela da culpa, para aliviar o fardo de ser responsável pela nossa própria felicidade. Repetimos para nós mesmos o quão bons e fortes nós somos e até tentamos transformar tragédia em comédia, conversando com amigos e mentindo para nós mesmos, dizendo que não é tão mal assim. Todos os animais foram programados para minimizar sofrimento e maximizar prazer, nós, como criaturas racionais, apenas temos métodos mais sofisticados de fazê-lo.

Mas por traz das piadas, da cara de paisagem e de toda a simulada raiva e desprezo que tentamos nutrir pelos causadores dos nossos infortúnios, se esconde o pesar que, mais cedo ou mais tarde, teremos que enfrentar. Por mais que estejamos cercados de amigos e envolvidos em milhares de atividades, eventualmente teremos que nos confrontar com a dor sozinhos, sem o auxílio de nada nem ninguém. Teremos que aceitar que nossas imperfeições contribuem para nossas infelicidades, que nossas escolhas são responsabilidade nossa e que mesmo que estejamos cercados de pessoas e situações que não atendem nossas expectativas, temos que ser pacientes, compreensivos e maduros, para sempre tentar demonstrar força, que não consiste em não sentir dor, mas sim suportá-la.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Controle


Nosso ego parece estar algumas vezes trabalhando contra nossa felicidade e bem-estar, sabotando a simplicidade da vida com suas necessidades contra-intuitivas. Uma das maneiras mais frequentes desse tipo de sabotagem acontecer é quando seu ego transfere, através da sua necessidade de validação, poder para as mãos alheias.

Muitos livros de auto-ajuda e filosofias espiritualistas dizem que você é o responsável pela sua felicidade, que tudo que as outras pessoas dizem ou fazem deveria ser irrelevante perante seu "eu interior" plenamente realizado.

Mas o ego faz questão de garantir que as coisas não sejam tão simples assim. Ele é como um espião que entrega seus segredos ao inimigo, sabotando suas defesas e diminuindo o poder que você tem sobre seu estado de espírito. Existem muitos níveis diferentes para essa perda de poder, e ela nunca é constante por muito tempo.

Isso é um fenômeno perfeitamente natural, mas que se torna perigoso quando as pessoas percebem que tem poder sobre o modo como você se sente, caso você seja muito vulnerável irá, com o tempo, se transformar numa marionete cujo o propósito é atender as expectativas do controlador, e suas necessidades emocionais serão negligenciadas. A carência, o apego e a noção de posse são as cordas pelas quais os outros irão puxar você para um estado emocional que você não necessariamente gostaria de estar.

É claro que poder nas mãos das pessoas certas causam o efeito contrário. Se umas pessoas tem o poder de te fazer se sentir mal, outras vão te fazer se sentir bem, e identificar essas pessoas é crucial para uma boa manutenção do nosso estado emocional, consequentemente, da nossa vida social. Existem casos em que entregamos de bom grado poder nas mãos alheias para ver se a pessoa usa as metafóricas cordas para nos puxar para cima.

Mas é claro que ninguém quer sofrer, ninguém procura deliberadamente o sofrimento, ninguém pede para se machucar. Sendo assim, ninguém transfere poder sabendo que este será mal usado, sempre que depositamos fé e confiança nas pessoas, é porque esperamos resultados positivos de tal ato. A conclusão é simples: geralmente, as pessoas que tem o maior poder de te machucar são as mesmas que tem a maior poder de fazer você feliz.