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sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Karma


Para ser um ser amado,
É preciso saber amar.
Pois se tu aqueces um coração,
Um coração lhe aquecerá.

E se feres, prepara-te,
Cedo ou tarde o troco virá.
Pois quem vive pela espada,
Pela espada morrerá.

Molda teu destino
Nas ações do dia a dia.
Viva como viverás
Viva como antes vivia.

E todos aqueles que, com o karma
Visam iluminação,
Percebem que na vida
Nada é em vão.

Caprichas nos teus presentes,
Depois de passar em muitas mãos,
Voltarão do mesmo modo
Com o qual fizeste a doação.
Caprichas nos teus presentes,
Pois todos eles o afetarão.
No futuro por consequência,
No passado por redenção.

Este é o único poema sobre karma que eu tenho. Devo ter escrito ele por volta de 2007 ou 2008.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Medo


Quando eu era só um garoto
Sem conhecimento algum
Sonhos eu tinha muitos
Medo eu só tinha um.

Apesar de toda a pureza
E inocência da minha alma
A incrível força do medo
Cristalizou-se como um trauma

E a partir do nada
Sem nenhum motivo aparente
Um novo cilco vicioso
Começou a ficar crescente

Barreiras então se ergueram
Entre mim e minha alegria
Exigindo de mim uma força
Que nunca na vida eu teria
Medo disforme e abstrato
Inconstante e indefinido
Tomou forma de repente
Tornando-se um inimigo

Aquilo que eu achei
Que me traria proteção
Se tornou a principal fonte
Da minha destruição

Fatídico seja o dia
Em que fui acovardado
Pelas mentiras e calúnias
De ignorantes mal informados
Malditos sejam os dias
Em que fiquei calado
Deixando elas passarem
Uma a uma do meu lado
Pois o meu mundo de hoje
Infelismente foi criado
Seguindo todos os moldes
Das sombras do meu passado.

Dilemas da paixão




Nas oscilações entre amores e desamores, nos decepcionamos e vamos calejando nossos corações, ficando cada vez mais céticos em relação as pessoas e aos nossos sentimentos.
Esse processo se repete até chegarmos num ponto em que nós já estamos com tanto medo da dor, com tantas defesas programadas, que restam poucas oportunidades para que algo de especial aconteça conosco, a paixão já não pode mais nos alcançar com facilidade.
Fico imaginando quantas vezes não perdemos ótimas oportunidades por conta desse cálculo de prevenção de danos.
Porém, essas coisas são como tatear no escuro a procura de uma jóia rara. Por mais que você tenha a sorte de encontrar uma, nunca vai saber o valor dela, por mais que a toque, por mais que a sinta.
É como apostar, você nunca sabe se vai ganhar ou não, e quanto mais você apostar, mais vai estar arriscando, mas quem não arrisca...

Emfim, medir o custo-benefício das nossas potenciais relações é uma atividade imprecisa por natureza. Não há como prever com exatidão o que o coração alheio pode nos oferecer, apenas especular, com altas margens de erro.
No fim, o único critério de avaliação acaba sendo o da oferta e demanda: o quanto você quer em comparação ao que a pessoa está disposta a oferecer. Se a diferença não for muito grande, acaba funcionando razoavelmente bem.

Um jogo de apostas e expectativas entre duas pessoas, onde os excessos são os piores erros possíveis, geralmente fatais para o equilíbrio necesário nessa balança sentimental.
Não se pode ser muito carinhoso, nem muito frio.
Não se pode ligar a toda hora, nem esquecer de ligar.
Não se pode pecar pelo excesso, nem pela falta.

Num mundo onde relações de interesse são moldadas a toda hora, como poderíamos nos precaver contra possíveis danos e ao mesmo tempo aproveitar possíveis oportunidades?

Um mistério que pode até ter muitas respostas na teoria, mas na prática, batemos de frente com nossos sentimentos. Nossa necessidade de nos sentirmos amados, nos sentirmos especiais, nos sentirmos protegidos são as pequenas pedras no caminho para a estabilidade emocional.

E cá etamos, procurando pela flor, mas com medo dos espinhos,
Torcendo para ganhar, mas relutantes em apostar,
Ansiosos para andar, mas receosos em cair,
Querendo amar, mas com medo de se machucar.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

A insegurança


A mente da pessoa insegura chega a ser até engraçada quando vista de uma outra perspectiva. Quando você está inseguro é como se todas as suas atitudes fossem observadas com uma lupa, ansiosa a procura de defeitos.


A pessoa insegura de repente acha que as pessoas estão mais críticas e analíticas do que de costume. Ela cobra dela mesma um grau de perfeição nas suas ações que muitas vezes beira o inatingível.


E a maioria das vezes não dá muito certo, porque é como se o inseguro “buscasse” a crítica ao invés do elogio. A desaprovação ao invés da aprovação, pois vemos na insegurança os elogios serem cuidadosamente analisados. Muitas vezes são vistos como sarcásticos, irônicos ou simplesmente uma tentativa insincera da outra pessoa de agradá-lo.


O inseguro teme sempre pelo irreal, ele teme por aquilo que “pode” vir a acontecer, mas não necessariamente o que está acontecendo. Todo o potencial fracasso de uma situação é utilizado como o combustível para sua ansiedade. A mente da pessoa insegura é recheada de situações hipotéticas que terminam em desgraça, fracasso, vergonha e insucesso.


Muitas vezes a realidade é brutalmente distorcida para se adaptar ao pessimismo da pessoa insegura. Situações neutras, ou até situações potencialmente benéficas, são repudiadas e evitadas com convicção, pelo medo do dano.


Não é de se espantar as atrocidades cometidas frente á uma situação de insegurança. O medo de perder (perder o emprego, perder dinheiro, perder uma pessoa querida, perder a vida, etc) é um motivador extremamente forte para qualquer humano.


Deixar uma pessoa insegura é abalar todo o seu estado emocional, prejudicar sua capacidade de discernimento e raciocínio e pôr em risco sua saúde, os estragos que a insegurança pode causar são imensos, e perpassam os planos emocionais, físicos e mentais.


Levando isso em consideração qualquer um poderia concluir que induzir uma pessoa deliberadamente a um estado de insegurança é, no mínimo, cruel. É brincar com os sentimentos alheios, é desconsiderar a humanidade no outro, é abalar e manipular toda a estrutura emocional da pessoa para pior.


Sabendo destes fatos, qualquer um concordaria que fazer isso por vingança, orgulho ou egocentrismo é ainda mais vergonhoso e maléfico.


Caso você tenha algum princípio ético concordará que vingança, ainda que seja algo compreensível, nunca será algo aprovável.


Caso você seja humilde o suficiente, saberá que orgulho é só uma ilusão do ego, e que quanto mais você se desprender dele, mais livre será.


E caso você seja altruísta o suficiente, você saberá que seu umbigo não é o centro do universo, e que ninguém tem a obrigação de corresponder as suas expectativas, muito menos você tem o direito de puni-las por isso.

Apesar de tudo isso, a principal arma na guerra do amor passional é justamente essa


Nesse jogo destrutivo e interesseiro, o objetivo é o lucro. Ser amado mais do que ter que amar. Ser desejado mais do que desejar. Oferecer pouco e receber muito, e assim, lucrar. Sair no saldo positivo. E há maneira melhor do que garantir o lucro do que induzir a outra pessoa á um estado em que ela te dará tudo o que você quer? Um estado onde qualquer migalha que você ofereça será muito bem vinda e muito bem valorizada?


Olhando dessa maneira é realmente óbvio e fácil perceber o quão errada e egoísta esta atitude pode ser. Mas se você nasceu no planeta terra, é um ser humano e tem idade o suficiente para ler e entender esse texto, com certeza você já fez ou tentou fazer isso alguma vez.


Jogue limpo, não utilize os sentimentos dos outros para seu ganho pessoal só porque você acha que é isso que fariam com você. Não escravize pessoas sentimentalmente só porque você sofreu uma decepção. Não continue o ciclo.


Assim como toda a guerra, não há ganhos, apenas perdas. E assim como em toda a guerra, violência gera mais violência. Apenas paz pode cessá-la, paz de espírito, paz emocional.


Tenha paz interior, liberte-se do ego e da necessidade de aprovação externa e você não precisará fazer isso nunca mais.