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segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Aposta


Imagine que você está conversando com um amigo e vocês começam a falar sobre ganhar dinheiro, então começam a imaginar o que fariam se ganhassem na mega sena. Você pensa no que compraria, no que faria com seu dinheiro, no que investiria... aí seu amigo diz, em tom comedido: "É, mas é melhor não pensar nestas coisas agora..."

Seu insensível amigo estava pensando no lado negativo de se ter dinheiro, nas pessoas interesseiras que se aproximariam de você, no stress que você teria em administrar os negócios que você disse que gostaria de ter, que dinheiro por si só não trás felicidade...emfim, se você é uma pessoa razoavelmente sensata, você tem consciência de todas as coisas que seu amigo disse, mas sabe que sonhar não tem preço.

Pais são, infelizmente obrigados a fazer isso com seus filhos, para terem certeza de que seus filhos são conscientes das adversidades trazidas pela vida. Mas amigos não tem essa obrigação, porém quando se trata de ganhar na mega sena, abrir uma empresa, fazer um curso, isso até que não acontece com tanta intensidade.

Mas com relacionamentos passionais...

Quando alguém menciona vida á dois, casamento e PRINCIPALMENTE filhos, um terror toma conta das pessoas (principalmente homens), uma incontrolável vontade de parar de falar no assunto surge e ninguém consegue segurar a língua: "É, mas ta muito cedo pra pensar nisso." ou os piores "Credo, vira essa boca pra lá." como se estivessemos falando em como seria se nossas mães fossem torturadas até a morte perante nossos olhos.

Certamente que a organizaçaõ da sociedade atual contribui para o medo do futuro nos relacionamento, do compromentimento como a sentença de morte, como a prisão final da vida. E isso domina a mente da maioria das pessoas, que se sentem obrigadas a se movimentar quando vêem outra pessoa ameaçada por este triste fim.

Quando as pessoas nutrem expectatvas sobre algo e estas expectativas são frustradas elas geralmente sofrem, e por um processo natural de empatia as pessoas tendem a tentar suprimir o florescimento de suas expectativas antes que elas se tornem grandes o suficientes para lhe fazer sofrer caso sejam frustradas.

Pensar no pior e preparar o outro para isso como algum tipo de prevenção parece ser muito altruísta, parece realmente uma atitude nobre e louvável. E de um certo ponto de vista é. Mas também faz parte da empatia e do tato social não ser um estraga prazeres, não ser negativo nem ser chato, se não a única coisa que você vai conseguir é que as pessoas parem de falar com você sobre tais assuntos.

Quem está vendo as situações de fora deve sempre se lembrar de que seu julgamento pessoal é relativo e possivelmente falho. De que sua visão sobre o mais apropriado pode não ser apropriada para a pessoa que é alvo de seus conselhos, mesmo que haja diferença de idade entre vocês. Dê conselhos apenas se for perguntada a sua opinião, acredite, se a pessoa não pediu por ela, é porque ela não a quer.

Ainda sim, há o caso em qeu você é a pessoa em questão. Em que você já está dominado por este receio e seu parceiro/a não. Num relacionamento, é normal que haja alguém que sonha mais, que espera mais, que nutre mais expectativas. Esta é a pessoa que mais tem chances de sofrer, mas é a pessoa que sente a maior felicidade e realização no relacionamento (caso ele vá bem).

No final das contas é uma aposta. Você pode ter grandes chances mas nunca vai ter 100% de certeza se vai valer a pena ou não. Se apostar muito e ganhar, ótimo. Se perder, pena. Vai da disposição de cada um, não há como apostar alto e garantir vitória, ou não ser afetado pela derrota. Seria como apostar e, no momento de vitória, dar pulos de alegria. E no momento da derrota, ficar indiferente e dizer algo absurdo como: "Não tem problema, não preciso de dinheiro."

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