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terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Excessões

Imagine que você trabalha numa grande empresa, então, um dos departamentos da empresa divulga uma pesquisa que diz: A média de idade de nossos funcionários é de 28 anos.

Aí você diz: "mas eu tenho 25, conheço uma pessoa de 30, outra de 32, inclusive uma de 40"

O que você se esquece é que quando se diz que a média é 28, poucas pessoas na empresa tem exatamente 28 anos, se você forçar um pouco a memória para se lembrar da matemática da escola, vai se lembrar de que média não reflete a maioria, não traduz em números os fatores predominantes, ela apenas aponta para um meio entre extremos, apenas focaliza uma tendência geral, não casos específicos.

Outras pesquisas científicas vem sendo divulgadas, poucas delas na TV abertam e elas dizem coisas como: mulheres tem menos noção espacial que os homens; ateus são mais inteligentes que crentes; quanto mais inteligente uma mulher, menos chance ela tem de casar, etc...

Muitas vezes algumas verdades nem sempre muito convenientes aparecem para nos chocar, mas temos que dar ouvidos á pesquisas científicas sérias pois elas não são feitas com mera curiosidade, elas nos ajudam a entender o mundo melhor. Quando entramos no campo das ciências sociais, o mais normal é ouvir uma dessas conclusões e imediatamente, buscar uma excessão, exemplo:

"Mulheres tem paladar e tato mais apurados que os homens, já eles tem a melhor visão."

- Ah, mas eu conheço uma caso em que é o contrário, um casal de amigos meus...bla bla bla

É um mecanismo bom tentar encontrar falhas e contradições em coisas que são apresentadas para nós como verdades, foi esse mecanismo que nos fez evoluir e desenvolver as ciências. Mas achar que meia dúzia de excessões fazem teorias científicas caírem por terra é um pouco de exagero. Em primeiro lugar, é muito provável que o que você diz numa conversa não seja uma excessão real, no caso do casal citado acima, é bem provável que nosso amigo imaginário tenha lembrado de duas ou três situações em que um homem demonstrou ter bom tato ou paladar, e uma mulher demonstrou ter uma boa visão, mas situações isoladas não servem de base para indicar as aptidões dessas pessoas. Muito menos para se ter uma idéia da média geral de homens e mullheres.

Mesmo que você conheça vinte excessões, pare e pense antes de refutar pesquisas científicas, que são feitas aos milhares, seguindo rigorosos critérios metodológicos para garantir veracidade. Pense bem antes de achar que você é a excessão (a maioria das pessoas faz isso). Se conhecer melhor requer humildade e se você não está pronto para aceitar algumas verdades, significa que seu orgulho ainda está te impedindo de ser uma pessoa melhor.

E mais uma vez, pesquisas na área de ciências sociais indicam médias e tendências, é claro que haverão excessões, mas elas não se distanciam muito da conclusão atingida. Por exemplo:

"Mulheres costumam ser menos altruístas com estranhos na rua, homens ajudam mais."

Mesmo que você se ache uma mulher muito bondosa, e esteja muito bem disposta a ajudar os outros, é provável que o número de vezes que você faz isso seja menor do que o da grande maioria dos homens. Não quer dizer que você é mesquinha, mas as pesquisas apontam para isso, cabe á nós interpretar os fatos: "OK mulheres não são tão altruístas com estranhos na rua, por que?" Isso é ciência, é pegar os fator e transformar em teorias tentando entendê-los.

Pare e pense quando estiver lendo livros, vendo programas ou conversando com pessoas que citem pesquisas científicas confiáveis, pois uma coisa é certa...

É extremamente, mas EXTREMAMENTE provável que você não seja uma excessão.

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