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sábado, 14 de julho de 2012
Metáfora XXI
O limbo é como que um "prêmio de consolação" do catolicismo para aqueles que não são bons o suficiente para irem para o céu ou maus o suficiente para irem para o inferno. Uma espécie de escala que as almas tinham que fazer antes de adentrarem nos portões do céu. Em muitos escritos bíblicos o limbo é descrito como um lugar onde não há penas ou purificação a se realizar, é uma lugar em que se vive em plena felicidade natural sem, porém, ter a graça de Deus. Ou seja, sem a felicidade eterna e verdadeira que se aguarda no pós-morte.
Então resumindo, você vive feliz, mas não TÃO feliz quanto poderia. Você não sofre tanto quanto poderia estar sofrendo, mas em contrapartida, a felicidade suprema está reservada á aqueles que estão no andar de cima. Você está, para todos os efeitos, na média. É exatamente onde a maioria das pessoas se encontra, afinal esse é o conceito de média. Falta-lhe o essencial para desfrutar da felicidade verdadeira, o que você tem é apenas um tipo de paz estática, uma serenidade razoavelmente satisfatória.
E como o ser humano tende a olhar não para aquilo que tem, mas para aquilo que lhe falta, o limbo presumivelmente proporciona uma agonia muito grande a seus habitantes, por saberem que não estão lá nem cá. Estão felizes, sãos e em paz o suficiente para se dedicarem á pensamentos, filosofias e teorias acerca do quão boa a vida poderia ser, caso eles estivessem no paraíso. O tempo semeia infelicidades na mente ociosa, e logo o limbo é mais um castigo do que um lugar que se possa chamar de "felicidade eterna". Cheio de pessoas que, se tivessem feito um pouco mais, ou tivessem dado um pouco mais de sorte, estariam muito melhor do que estão agora. Um lugar cheio de pessoas que não estão exatamente completas, felizes e plenas. Mas estão ali tentando tapar aquele buraco com outras coisas, tentando ver se se distraem do fato de que elas não estão na terra prometida.
O único sofrimento no limbo é o psicológico, o da sua própria mente, pois afinal, em nenhum lugar das escrituras é dito que suas necessidades emocionais se anulam com a ida ao outro mundo. E deve ser realmente irritante não poder reclamar das dores do inferno e não poder usufruir das bençãos do paraíso. Deve ser chato ficar em um estado de torpor emocional, onde não há alegria verdadeira nem sofrimento verdadeiro, onde tudo o que você pode fazer é olhar para aquele vazio e tentar, inutilmente, esquecer que ele está ali.
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