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quarta-feira, 18 de julho de 2012

Sobre bancar a difícil




Primeiramente, digamos que uma mulher atribui a si mesma um valor X baseado no quão atraente, madura, interessante e talentosa ela acha que é. Essa mulher, diante de uma abordagem masculina vai, naturalmente, excluir qualquer candidato que seja avaliado como sendo menor que X. Isso é normal, se chama amor próprio, é um tipo orgulho saudável que previne que você se humilhe. Todos temos o direito de estabelecer nossas notas de corte quando o assunto é relacionamento, é uma questão inteiramente pessoal. Não é problema seu nem meu se uma mulher decidir que só quer pegar modelos, ou rockstars, ou caras que andam de Camaro amarelo (ou uma utópica combinação dos três). Ela tem o direito de ser o quão seletiva ela quiser, o quão difícil ela acha que tem o direito de ser.

Mas uma mulher difícil, e uma mulher que banca a difícil são coisas diferentes.

Existem mulheres que acham que a melhor maneira de se destacarem, de ganharem vantagem sobre as concorrentes, de chamarem atenção, é de bancar a difícil, se mostrar desinteressada e desapegada. Pensam que simular um estado de apatia e indiferença é a melhor maneira de se responder a uma abordagem masculina. Que os homens serão atraídos magneticamente por um poker face combinada com tiradas desnecessárias assim como um gato tenta pegar o laser na parede.

Ser difícil não torna uma mulher interessante. Ser engraçada, inteligente, talentosa e bem humorada torna uma mulher interessante. Nenhuma mulher ganha mérito por sentar lá e não fazer nada, nenhum homem se derrete por apatia e nariz empinado, e se o faz, ainda não é um homem. As mulheres devem se destacar pelas suas qualidades, suas virtudes, e não pela sua capacidade de bloquear com quem está tentando interagir com ela.

O inconsciente feminino está cheio de premissas estranhamente distorcidas sobre homens e algumas pensam que essa é a melhor maneira de se filtrar os pretendentes. Que, uma uma vez que elas bancarem a difícil, apenas os homens mais corajosos, extrovertidos e seguros irão lhes alcançar. Acham que se construírem paredes altas o suficiente em volta de si, apenas os mais fortes conseguirão escalá-la para chegar até ela.

Isto está errado porque bancar a difícil parece ser uma boa ideia partindo da premissa que os homens vão inferir que se você age como a última coca-cola do deserto, você deve ser a última coca-cola do deserto, logo vão te desejar. E se você não for, os homens corajosos, extrovertidos e seguros que ultrapassaram sua enorme camada de resistência vão encontrar uma pessoa comum, que não tinha motivos para ser tão seletiva e podem acabar se decepcionando com a propaganda enganosa.

A mulher que se dá o valor X, mas acha que tem se fazer de difícil para que os homens achem que ela é 2x está se supervalorizando da pior maneira possível, está declarando que não se acha tão boa assim, mas que quer homens corajosos, extrovertidos e seguros. Ora, que direito tem ela de exigir dos outros mais do que ela se acha capaz de dar?

Sou a favor do amor próprio e da nossa independência de decidir o que é melhor para nós. Mas colocar num produto uma etiqueta com um preço duas vezes mais caro que o normal só vai atrair os consumidores que acreditam que preço é sempre diretamente proporcional á qualidade do produto. Os consumidores inteligentes vão se perguntar: "por que eu pagaria tão caro por uma dessas?"

Um comentário:

  1. Noooooooooooossa mandou muuuito!
    cada vez que alguém lê esse texto, uma piriguete morre em algum canto do mundo hahahaha
    muito bom, parabéns

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