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sábado, 4 de setembro de 2010

Inquisição, moral e ética


Vi quatro documentários do Hystory Channel chamados "Os arquivos secretos da inquisição", e fiquei óbviamente enfurecido e horrorizado com certas coisas. Mas em meio a minha indignação, veio a reflexão.

Heresia e blasfêmea são palavras que começaram a perder a força no século 19, com a queda do poder da inquisição as pessoas voltaram a expressar suas idéias e acreditar naquilo que lhes era conveniente e confortável.

Mas a guerra das idéias está longe de acabar, as longas garras da inquisição ainda roubam mentes férteis e prontas para produzir conhecimento. Para quem não sabe, o "Santo Ofício da Inquisição" mudou seu nome para "Congregação para a Doutrina da Fé", cujo o chefe Joseph Ratzinger, em 2005 foi eleito papa (Bento XVI).

O fato de ser possível ver a ortodoxia se esticando até nossos tempos apenas realça minha opinião de que hoje a maioria de nós concorda que não vamos queimar , torturar ou prender ninguém por causa de opinião, mas isso não quer dizer que as pessoas religiosas se tornaram tolerantes do dia para a noite.

No final de cada round na luta entre ciência e religião, a ciencia vence por nocaute e a religião se afasta amargurada. Cosmologia, geologia, genética,.... a religião vem perdendo autoridade em muitos assuntos. Mas moral e ética é um campo difícil de se vencer uma batalha, mesmo com provas, mesmo com dados.

Não que não haja argumentos para provar que religião não é fonte de moral e bons costumes, mas crentes tem um escudo protetor contra argumentos racionais. O relativismo moderno e a própria democracia tornou extremamente difícil retirar o restinho de fé que existe nas pessoas.

Não que isso em si seja uma coisa ruim, cada um explica com a teoria que quer as coisas que a ciência não explicou ainda. Desde essa pessoa reconheça que isso é só uma TEORIA, tão válida quanto qualquer outra (faça ela sentido ou não, pois lógica é relativa quando se trata do mundo metafísico).

Porém, há muito mais que teorias nas cabeças das pessoas religiosas. Elas realmente acham que SABEM das coisas que acreditam. E isso é o primeiro passo em direção ao fundamentalismo. Como (os inteligentes) sabem que não podem usar religião para explicar as leis que a física já desvendou, apelam para o campo de eterno empate nas brigas: a moral e a ética. Extremamente relativos, mutáveis e subjetivos.

Se você observar a história da humanidade, verá que moral se aperfeiçoa com o tempo, as próprias pessoas vão desenvolvendo contecitos mais e mais avançados ao longo dos anos, assim moral é mutavel e evolui, certo?

Mas nosso querido papa (ou deveria dizer inquisidor), não parece estar querendo dar o braço a torcer. Diz que as pessoas não devem usar camisinha (mesmo na África, pais dominado pela AIDS), que TODA a vida social deve ser baseada nos evangelhos e não quer nem saber de leis que garantam igualdade de direitos para homossexuais.

Estes são meros exemplos da intolerância e inflexibilidade sobre os quais uma das maiores religiões do mundo vem influenciando as pessoas, e se você acha que não é bem assim é porque não conhece a realidade da Irlanda do norte, Estados Unidos e alguns países europeus onde há conflitos e mortes por causa dessas coisas. Temos a sorte de viver num país como o Brasil que, apesar da maioria católica, tem uma certa tolerância com opinião religiosa.

Já estamos no século 21 e é preciso ter humildade o suficiente para entender que a uma visão religiosa não é superior a nenhuma outra, que se você acredita em alguma coisa é por um mero fator cultural, é uma pura questão de circunstância. A idéia de que acreditar no deus abraâmico da bíblia e seus ensinamentos bizarros faz de você uma pessoa superior as outras tem que ser exterminada.

A prática da religião em si já deveria ter acabado ha tempos, mas tradição, revelação e autoridade ecoam como se fossem argumentos válidos, se apoiando nas principais fraquezas do ser humano. A necessidade de acreditar em vida eterna, a necessidade de acreditar que há uma ordem para as coisas, de que há um plano maior, emfim, a necessidade humana para explicar o inexplicável de acordo com suas necessidades emocionais.

Isso é coisa de criança, já deveríamos ter passado dessa fase. Acreditar que papai noel vem no natal é bonitinho para crianças, mas você será um péssimo e ridículo pai se deixar de comprar presentes para o seu filho achando que será papai noel quem irá trazê-los.

Não faça parte da inquisição, não ataque novas idéias nem envenene mentes jovens com o que você acha que é certo. Não use religião para se defender muito menos para atacar.

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