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quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Falácias lógicas


O raciocínio lógico e o pansamento científico são irmãos que andam de mãos dadas. O pensamento cético e analítico é a alavanca que impulsionou a evolução humana, tudo que você vê hoje é resultado de pessoas que pensaram: "por quê as coisas são assim" As invenções das quais você desfruta hoje foram criadas a partir de questionamento e verificação. Acho que se há um algo que nos aproxima da verdade, é a lógica. A diferença entre o homem e os animais não são os sentimentos, nem sua pré-disposição para aprender por associação, mas sim seu raciocínio. Acho que é pertinente que saibamos usar esta finíssima ferramenta a nosso favor, pois vários problemas do dia-a-dia são causados por falta de análise crítica e lógica dos fatos.

Mas antes de usar a lógica a nosso favor vamos primeiro aprender quais erros nós não podemos cometer, quais são os erros de reciocínio mais comuns do dia-a-dia, as falácias mais disseminadas entre nossas mentes.

1. Generalização apressada.

"Toda generalização é equivocada" - Isso é uma generalização, logo, está equivocada. Mas podemos afirmar que muitas das generalizações que fazemos no dia-a-dia são um equívoco dada a nossa falta de informações e dados confiáveis sobre os fatos. Exemplos:

"Minha amiga namorou um cara. Ele não prestava. Logo, nenhum homem presta."

Mesmo que todo o seu círculo social tenha tido experiências frustrantes com homens, você ainda não pode afirmar nada sobre TODOS os homens baseado nisso, a generalização apressada pega um fato isolado, ou um número insuficiente de fatos e tira uma conclusão que se aplica ao todo. Se você é antropólogo, sociólogo ou historiador, talvez possa até afirmar possíveis padrões de comportamento caso tenha provas para tal. O mundo é cheio de gente diferente, cuidado com generalizações.

2. Falso dilema ou terceiro excluído

Essa falácia é usada por pessoas para encurralar outros numa discussão. Ele limita as escolhas do interlocutor e o força a concordar com o ponto de vista do falante, acabar se contradizendo ou assumindo uma postura não desejável. Exemplo:

"Jesus dizia que era filho de Deus. Ou ele era mesmo, ou era um mentiroso."

O fato é colocado como se fosse um dilema, mas não é. Assim como qualquer outro homem na história da humanidade Jesus poderia estar honestamente enganado. Ele nunca escreveu nada, portanto, qualquer referência sobre a divindade dele pode ter sido atribuída por terceiros. Isso sem falar no fato de que erros de tradução são comuns quando se trata de documentos antigos, ele poderia estar querendo dizer outra coisa naquela época.

Emfim, são inúmeras as possibilidades, falsos dilemas são truques, cuidado com eles. Ás vezes eles podem aparecer também com três, quatro ou até mais possibilidades, mas fique atento a possibilidades excluídas que são escondidas ou ignoradas pelo interlocutor.

3. Ad hominem (ataque pessoal)

Essa é clássica. Em uma discussão, você deve provar seu ponto de vista fortalecendo seus argumentos com provas e enfraquecendo os argumentos do oponente com provas. Mas na prática, quando as pessoas começam a fazer política (no sentido amplo da palavra) elas recorrem á ataques pessoais e começam a jogar argumentos contra a pessoa, não contra as idéias dela. Exemplo:

"Desconsiderem as críticas dele sobre nossa política, ele não tem nem diploma de nível superior"

A falta de um diploma não significa que a pessoa não tenha experiência e conhecimento, assim como possuir um diploma não garante o contrário. Apontar para experiências pessoais, crenças, falhas, ou traços pessoais e usá-los como argumentos não faz com que você fique mais certo. Apenas mostra que seus argumentos são fracos e não conseguem se sustentar por provas, ou que você é pouco inteligente e não consegue defender seu ponto de vista sem atacar os outros.

4. Apelos

Quando a lógica falha, é hora de apelar. São medidas desesperadas de se tentar validar um ponto de vista. Existem vários tipos de apelo, exemplo:

4A. Apelo á autoridade.

Também chamado de "argumento do mestre", este consiste em evocar uma figura importante, poderosa ou muito inteligente, que tenha algum tipo de destaque, para fortalecer o argumento através de suas citações. Exemplo:

"Como você não concorda com socialismo? Marx era muito mais inteligente que você e achava uma boa solução."

O fato de que Karl Marx era mais inteligente que eu é apenas "provável" e não óbvio. Em segundo lugar o fato dele ser inteligente e pensar assim não faz com que o socialismo seja melhor, as pessoas que o criticam COM BASE EM PESQUISAS E EVIDÊNCIAS, podem provar que esse sistema social não é muito efetivo em resolver os problemas que foi feito pra resolver. Ele era muito inteligente, mas não era dono da verdade, ninguém é.

4B. Apelo á ignorância

Consiste em usar falta de provas, ou a inabilidade do interlocutor em apresentá-las, para fortalecer o próprio argumento. Como se fosse uma vitória por eliminação.

"Você não pode provar que Deus não existe. Logo, ele existe."

Também não posso provar a existência de fadas, gnomos, duendes, fantasmas, unicórnios rosas e qualquer coisa que possa ser imaginada por um ser humano, mas isso não quer dizer que essas coisas existam. As lacunas deixadas pelo conhecimento científico são o berço de todo o tipo de crença, religião, superstição e pseudociências. E sempre foi assim, a mera falta de provas não prova nada, se provasse, não existiria religião.

4C. Apelo á multidão

Também conhecido como "maria-vai-com-as-outras", esse consiste em se usar de números para validar um argumento. Ele pressupõe que se há uma quantidade considerável de pessoas que acreditam em algo, tal coisa deve ser verdadeira. Exemplo:

"26 milhões de brasileiros não podem estar errados, seja evangélico também."

A credibilidade de uma informação está nas evidências que a sustemtam, não no número de pessoas que acredita nela. 26 milhões de brasileiros PODEM SIM estar errados. Houve uma época em que todas as antigas civilizações humanas acreditavam que o sol era algum tipo de divindade, adivinha só, TODAS estavam erradas.

4D. Apelo á tradição

Só por que algo é feito durante muito tempo não quer dizer que seja certo. Assim como algo em que as pessoas acreditam por muito tempo não é necessáriamente verdadeiro. Parece muito com o apelo á multidão, mas se foca no tempo ao invés dos números. Exemplo:

"Essas práticas são realizadas á séculos na nossa igreja, como pode questioná-las?"

Sim, sacrifício humano e canibalismo também foram praticas que perduraram por séculos nos tempos antigos, mas isso não quer dizer que estejam certas. Toda pessoa sensata concorda que as touradas são uma crueldade sem tamanho, mas na Espanha é tradição. A tradição não valida algo como verdadeiro ou bom, o fato de que pessoas faze mcoisas ha muito tempo não quer dizer que esta coisa esteja certa.

4E. Apelo ao medo

Muito usado por pais para educar os filhos, o nome deste já diz tudo. O falante recorre á chantagens para deixar seu interlocutor inseguro ou com medo de discordar. Exemplo:

"É melhor votar pela condenação do réu. Se ele sair livre você pode ser a próxima vítima."

Isso não faz o réu ser menos ou mais culpado. Ele tem que ser julgado com base nas provas apresentadas a favor e contra ele, nada mais, nada menos. Usar sentimentos para ganhar discussão é coisa de relacionamento de gente imatura.

5. Raciocínio circular

Esse é muito encontrado no dia-a-dia. Ele consiste em reafirmar uma coisa com palavras diferentes e usar isso como argumento para validar a informação, por exemplo:

"Estou nervosa com você porque você esgota minha paciência e me irrita."

Estar nervoso, ter a paciencia esgotada e se irritar são essencialmente a mesma coisa, um não é a justificativa do outro pelo simples fato de que são a mesma afirmação com palavras diferentes. Não se pode usar um como causa do outro, pois isso não diz nada, não fornace nenhuma informação. Se alguém lhe dissesse isso você teria que parar para refletir no que fez, pois a informação não aparece na sentença. (As vezes tenho a impressão de que mulheres fazem muito isso)

6. Redução ao absurdo (8 ou 80)

A idéia aqui é levar um raciocínio ao extremo sem nenhuma sequência lógica. É dar um salto para transformar uma afirmação em algo negativo e desagradável e tentar forçar o interlocutor a mudar de opinião. Exemplo:

"Você deixa seu filho de seis anos roubar um beijo na bochecha de uma menina, logo ele vai querer agarrá-la e quando crescer vai se tornar um maníaco sexual."

Ridículo, mas é muito normal ver isso no dia-a-dia. A pessoa simplesmente assume qu um evento será a causa de outro e começa um cadeia de causa e consequencias superlativas. Um exemplo mais comum é: "se eu abrir uma excessão pra você, tenho que abrir pra todo mundo." ou "Se o governo priavtiza uma empresa hoje, logo o país inteiro estará privatizado"
É uma lógica que simplesmente pressupõe consequências extremas para coisas que não necessáriamente levam á ela.

Bem, existem mais, só que essas são as mais comuns. Sua mente é uma ferramente poderosa, use-a com sabedoria. A verdade pode até nunca cair em nossas mãos, mas existe um meio de buscá-la. Como já dizia o filósofo: posso não saber o que pensar, mas sei COMO pensar.

3 comentários:

  1. resumiu muito bem mano vi todas as desculpinhas das pessoas que discutem sem argumento algum. Foda o texto, um deles até senti q já usei várias vezes uhashuashuashu o racícinio circular. É pq as vezes a pessoa irrita tanto que sua capacidade de argumentar se esvai. Abraços

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  2. Se me permite comentar, muito bem escrito o texto.
    Simplesmente um resumo de Schopenhauer sobre a Retórica Erística! EU gosto de chamar essa ciência de A Arte da Covardia/Ignorância.
    Parabéns!

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  3. Obrigado por comentar, Schoppenhauer é um dos meus filósofos favoritos, acho que muito nos meus textos acaba relfetindo ele, hhehe

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