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terça-feira, 30 de agosto de 2011

O olho


Depois da calmaria, veio a grande tempestade...

Não que eu esperasse mundos perfeitos, ou um verão que durasse para sempre. Não que eu não tivesse lido nas entrelinhas antes de assinar. Me aqueço com minha fênix enquanto vejo o enorme aglomerado de núvens cinza-escuras formar um redemoinho na costa, tremendo cada membro capaz de tremer de medo.

Não que eu não soubesse...

Mas olhar para o olho da tempestade é ao mesmo tempo fascinante e desesperador. Por vezes, as lufadas de vento passam pelos pontos onde a fênix não pode me proteger, e vão aos poucos congelando meus pés, as pontas dos meus dedos e minhas orelhas. E eles vão ficando dormentes.

Não sei o que o céu esconde....

Pois as núvens são densas e o vento é forte, não sei se algo além do céu conspira contra mim. Não sei o que será do meu porto, não sei o que será de mim depois da tempestade. Não sei se um furacão vai se formar hoje, amanhã ou no próximo inverno. E aí me dou conta que, na verdade, eu não sei de nada.

Mas minha luz me protege...

Minha única certeza é minha fênix. Sempre lá, sempre ascesa, me envolvendo com suas enormes asas para me proteger do frio do inverno. Criação minha, responsabilidade minha. A pequena e singela cidade que antes parecia a própria paz agora só pode contar com meu pássaro para não cair nas garras da tempestade.

Vejo um horizonte cinza, e um mar enfurecido
E parece que a natureza não está de bem comigo
Não bastasse o inverno frio que tive de aturar
As chuvas da primavera ainda querem me castigar
O olho da tempestade, esta olhando para mim
Sem piscar e sem hesitar, numa fria fúria sem fim
Contando comigo mesmo e com aquilo que cultivei
Me aqueço do mesmo frio que ha tempos abandonei
E ainda tenho uma estranha e sinistra sensação
De estar sozinho na cidade que conquistou meu coração
Tão alheios são os habitantes, de sua possível destruição
Que eu me pergunto se apenas eu vejo o olho do furacão

Depois da calmaria, veio a grande tempestade,
Ameaçando não só a mim, mas á toda uma cidade
Não que eu não soubesse que dia iria chegar
Mas não contava com um olho nos céus a me observar
Não sei o que o céu esconde, e não acho que eu queira saber
Imaginar o tamanho da face que as nuves querem esconder
Mas minha luz me protege, pelo menos por agora
Mas preciso achar o outro pássaro, que estava aqui outrora.

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