Procurando algo específico?

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Evolução


Qualquer biólogo que tenha estudado o assunto vai lhe dizer basicamente a mesma coisa: evolução é adaptação. Os organismos que, ao longo da história, conseguiram sobreviver foram justamente aqueles que melhor se adaptaram. A seleção natural estará sempre em desfavor dos inflexíveis, sempre trabalhando como uma força adicional para dificultar a vida daqueles que não se encaixam.

Podemos trazer esse conceito para o convívio social. Imaginemos que você, ao longo da sua vida, solidificou uma opinião sobre música. Se você não se flexibilizar e ouvir outros tipos de música você já esta automaticamente excluído de diversos eventos, festas e shows onde você poderia ter novas experiências. Você é como um animal completamente incapaz de sobreviver fora de um ambiente específico com um clima específico.

Mas o exemplo do gosto musical ainda é fraco, vamos utilizar a metáfora mais profundamente. Seu orgulho, seu ego e sua auto-imagem também podem fazer a seleção natural trabalhar contra você de uma maneira que talvez você nem perceba. A intolerância de um indivíduo e sua capacidade de adaptação são inversamente proporcionais, pois o conflito afasta as pessoas, ninguém gosta de discordância e o atrito social que é criado com a postura inflexível age como um repelente.

As pessoas mais bem aceitas e populares são aquelas que se flexibilizam, se adaptam. São as que conseguem facilmente se comunicar e se divertir com tipos diferentes de pessoas, que sempre consideram as necessidades alheias nas suas ações. Estes são os indivíduos evoluídos, que tem mais chances de sucesso profissional e sentimental, são os que tem "mais chances de sobrevivência" na nossa selva social.

Muito cuidado com conceitos imutáveis e verdades prontas, por mais que algumas pessoas gostem de pensar o contrário, o ser humano é um animal social, e grande parte da sua felicidade será invariavelmente ditada pela maneira como você se relaciona com os outros.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Auto consciência emocional


É um conceito fácil de entender pela definição, estar ciente de seus próprios sentimentos assim que eles se manifestam é imprescindível para se desenvolver o auto-controle, auto-motivação e empatia, habilidades que formam os pilares da nossa inteligência emocional.

Existem aqueles completamente alheios daquilo que sentem, tão ignorantes acerca dos próprios sentimentos que não percebem quando estão deprimidos, exaltados, tensos ou furiosos. Tampouco percebem o modo como estão demonstrando esses sentimentos, não fazem a mínima ideia da alteração no tom de voz, modo de ver, ouvir, interpretar e responder os outros a sua volta, são cegamente guiados pelas emoções como um cavalo guia uma carroça.

Não se precisa dizer que tais pessoas estão muito suscetíveis ao stress em todas as suas formas. Qualquer sentimento negativo é uma bola de neve que só vai parar quando o estímulo externo que a impulsionou cessar, pois a própria pessoa não tem controle nenhum sobre ela.

Outros, no entanto, parecem cientes daquilo que se passa em seus corações. Conseguem olhar para si mesmos e perceber a maré se agitando dentro de si antes de falar ou tomar uma atitude. Observam os próprios sentimentos desabrocharem dentro de si e são capazes de descrevê-los com clareza, como se fossem uma segunda pessoa separada daquela que sente. Não que essas pessoas não sintam, mas elas conseguem ver seus próprios sentimentos com tal clareza, que seu impacto acaba sendo amortecido pela análise instantânea que eles sofrem.
Os sentimentos negativos são os que mais perdem sua força diante da auto-consciência emocional, que "disseca" a própria negatividade, buscando sua causa. É a pessoa que ao começar a ficar nervosa, automaticamente, diz a si mesma: "estou ficando nervoso." e a partir daí, a mente desmonta o sentimento para o avaliar, chegar a sua causa e medir sua validade, o que quase sempre resulta na perda da força do mesmo.

Claro que entre os extremos, existem variáveis. Há diversos níveis de auto-consciência emocional, umas voltadas para certos sentimentos, outras mais abrangentes, umas que só funcionam sob certas circunstâncias, outras um pouco mais universais, umas são usadas para defesa, outras para manipulação. Mas é certo que ela é o primeiro passo para uma vida mais madura.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Sentimentos


Medo de te perder, alegria de te amar. Gratidão por te conhecer, felicidade por te encontrar. vontade de te ver, ansiedade de te esperar. Orgulho por te merecer, receio de te desapontar. Faíscas que eu fiz nascer, paixão que eu fiz brotar. Sentimentos que pude entender, amor que eu fiz prosperar.

Destruição


Auto-aprimoramento é um processo que muitas vezes se mostra misterioso, nem sempre nossas falhas e imperfeições são visíveis a olho nu, nem sempre podemos contar com a ajuda de um olhar crítico para nos mostrar onde erramos. Há momentos na vida em que o fracasso parece não ter explicação, em que a desgraça simplesmente cai sobre nossos ombros e a justificativa encontrada é geralmente soa vaga como: "não era pra ser" ou "Deus escreve certo por linhas tortas" ou o famoso "o que tive de ser será". Essas explicações vazias encontram um único problema: elas não vão te tornar uma pessoa melhor. Na vida, não se pode voltar no tempo, não se pode desfazer uma ação, engolir de volta uma palavra ou reviver uma experiência, a linha do tempo é reta e de mão única. Sendo assim, temos que aprender, evoluir e aproveitar o máximo de tudo aquilo que ela nos oferece, inclusive as dores.

Mas como aproveitar a lição que há na dor quando você não vê razão na adversidade? Como evitar erros se você não sabe onde errou? Nessas horas a vida parece injustiçar-nos ao extremo, jogando infortúnios sem ao menos nos dar a oportunidade de aprender com eles. O sofrer pelo sofrer é um ciclo destrutivo e perigoso, onde não há perspectiva de melhora. O mártir aguenta dores porque tem um motivo, uma razão, uma fé sustentando sua força de vontade. Quando não há razão, quando a vida parece simplesmente uma questão de sorte e azar, o sofrimento vem acompanhado de raiva, que não pode ser direcionada para nada nem ninguém, mas raiva sem destinatário não significa raiva omissa. Ela vai parar em algum lugar, onde?

A mente precisa de razão, de motivo. Se uma pessoa que julga agir corretamente é invadida por infortúnios, uma hora ela vai começar a pensar que sua postura esta errada de algum modo. Afinal, se ele estivesse agindo corretamente, seria recompensada de acordo, certo? A auto-sabotagem começa aí, no momento em que você começa a procurar dentro do quarto por um objeto que não está lá, no momento em que você começa a procurar num quadro uma cor que ele não tem, no momento em que você começa a procurar em si mesmo erros que, supostamente, não existem.

Como a raiva tem de ir para algum lugar, ela vai para esse processo neurótico de auto correção que quase sempre acaba danificando o que estava bom. Você começa a despedaçar seus próprios móveis á procura daquele objeto que você jura que esta ali, você começa a passar solvente no quadro para tentar achar a camada de cor que você se convenceu que existia, você começa a desconstruir virtudes e códigos que já estavam em você, na esperança de parar de sofrer, pois se você não está sofrendo pelos erros, só pode ser pelas virtudes.

A auto-destruição é um processo lento, claro, como todos os processos emocionais são. Porém temos sempre que lembrar que destruir é sempre um processo infinitamente mais simples e mais rápido que construir.

domingo, 8 de janeiro de 2012

Escola


Na escola da vida, as provas nem sempre sucedem as aulas. É raro um conhecimento ser útil assim que ele é adquirido. Ouvimos sábias palavras no presente, para aplicar sua sabedoria apenas num futuro distante. Quantas lições que você aprendeu quando jovem, mas demorou anos para compreendê-las? Quantas palavras demoraram era para se traduzir em verdadeira experiência? Quantos conselhos não se mostraram verdadeiros apenas depois da conclusão daquilo que ele evitaria?

Isso sem falar nas provas que vem sem preparo algum, das experiências que não são precedidas de teoria, conselhos, frases sábias e exemplos. Há momentos em que a vida simplesmente te pega desprevenido, e você tem que usar seus instintos para responder á difíceis questões sem ter certeza de nada, a maioria dos momentos difíceis são assim, pois se você soubesse a solução para eles eles não seriam assim tão difíceis.

A princípio, parece uma escola caótica. Mas ela é moldada especialmente para premiar os alunos merecedores, apenas os mais dedicados se destacam, os resultados obtidos nas provas são um reflexo perfeito do esforço de cada estudante. Existem aqueles que querem o caminho fácil, o caminho cômodo e obtêm resultados medíocres, que condizem com sua força de vontade medíocre. E há os que se superam, os que mostram coragem, força e determinação, aqueles que atingem o sucesso que mereceram.

A escola da vida não há dia de descanso ou férias, há apenas você e ela.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Mudanças


Apenas traumas muito fortes podem mudar pessoas do dia para a noite, e geralmente não é de uma maneira boa. As outras mudanças radicais raramente se perpetuam, curvas bruscas e mudanças rápidas de direção sempre causam desconforto e nos fazem retroceder. Ninguém muda totalmente após uma única decepção, um único tombo, uma única lição. Aprendizado é um processo lento, de várias fases, onde muitas vezes temos que voltar em pontos por onde já passamos para nos assegurar de que todo o conteúdo foi assimilado.

Não confie em mudanças radicais, nem nas suas nem nas dos outros. Quando sob pressão geralmente acreditamos que podemos mudar quem somos da noite para o dia, basta querer. Não é assim que funciona, as mudanças verdadeiras levam tempo para acontecer, é como a história dos três porquinhos, apenas perseverança e paciência resultarão em bons frutos. Confie nas mudanças graduais, essas geralmente vem para ficar.

Não somos o que somos por causa de um dia, um momento ou uma experiência. Somos um apanhado imenso e complexo de anos e anos de vivência, sendo assim, mudar também deve ser um processo longo, com fases que se sobrepõem gradualmente. Desespero não muda ninguém, só adia o inevitável.

Nenhuma mudança radical é permanente, só as graduais.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Pombos e pessoas


Burrhus Frederic Skinner era um psicólogo cujos experimentos e estudos foram muito usados por várias áreas da pedagogia e psicologia. Ele tinha como objetivo compreender o comportamento humano e um dos experimentos dele acerca de comportamento operante foi mais ou menos assim:

Ele colocava pombos em pequenas gaiolas com um botão que liberava comida caso pressionado. Porém os pombos rapidamente aprendiam que teriam comida se o fizessem, logo, perdiam o interesse pelo dispositivo assim que tivessem comida o suficiente. Caso ele colocasse a comida para ser liberada em intervalos de tempo regulares, os pombos também poderiam assimilar este padrão e apenas esperar pois saberiam que a comida estaria a caminho. Então, como manipular o comportamento do pombo?

Simples, é só liberar comida em intervalos de espaço irregulares. Dê premiações aleatórias e os pombos vão associar as premiações com o que eles estavam fazendo na hora de receber comida, como virar a cabeça, voar pela gaiola ou apertar o botão. Mas você não pode dar o prêmio sempre, apenas de vez em quando, para que ele não perca o interesse nem nunca esteja totalmente satisfeito.

Alguma coisa te soa familiar? Vamos revisar o experimento e suas possíveis conclusões: se eu quero estimular um comportamento, tenho que dar recompensas por ele sem estabelecer nenhum padrão, pois assim que minha cobaia perceber o padrão, ela não se comportará da maneira que quero, logo, assim que obtiver o comportamento desejado, eu o premiarei aleatoriamente de modo a nunca deixá-lo plenamente satisfeito.

Máquinas de caça-níquel, jogos de sorte e diversos jogos de vídeo-game exploram exatamente esse princípio para manter você fazendo o que eles querem que você faça, deixar em você esse pensamento de "tudo bem, não foi dessa vez, mas pode ser na próxima." é o melhor jeito de perpetuar um comportamento ou ação. Que graça teria jogar se você sabe quando vai vencer e quando vai perder? Que graça tem uma experiência quando se percebe o padrão nela?

É através desse mecanismo de associação muitas indústrias se mantêm aquecidas, que muitas religiões se mantêm de pé, pois as pessoas se encantam pelo imprevisível, pelo desconhecido, por aquilo que não tem resposta, não tem explicação. O mistério nos seduz em todos os níveis de nosso ser, a incerteza é excitante por si só. A pergunta que já foi respondida não tem mais graça, o fato que já foi analisado e virou conhecimento já não é mais assunto que está na boca do povo, as discussões mais acaloradas se dão onde não há consenso, onde nosso conhecimento ainda não chegou, nosso interesse está naquilo sobre o qual ainda não temos conclusão.

Mas além de tudo isso, é impressionante ver o modo violento com que esse mecanismo é capaz de afetar relacionamentos. É de cair o queixo a habilidade que algumas pessoas têm de estimular o comportamento que querem dos seus parceiros, assim como é quase inacreditável a inabilidade que outras tem em fazer o mesmo. Nunca deixar o outro totalmente satisfeito, para que ele não perca o interesse, mas mantê-lo provido o suficiente para que ele não saia dali. Não deixar o outro ter certeza de nada através da abolição do padrão. Tudo isso parece maquiavélico demais para ser verdade, mas acontece todo dia. É possível que você tenha feito isso algumas vezes.

Mas acho que temos potencial para sermos muito mais do que pombos de Skinner sofisticados. Estar ciente que as outras pessoas tem sentimentos e não são meras cobaias a mercê das nossas necessidades emocionais ajuda um pouco. Humildade e indulgência também são boas ferramentas para começar. Mas outra pergunta muito importante é: qual é o comportamento que foi convenientemente programado para você?

Voltas


Pessoas chegam daqui, pessoas se vão pra lá
Eu rio e observo as voltas que a vida dá
Vem lua, vai sol e eu me ponho a caminhar
Cumprimentado quem aparece para me cumprimentar

E sempre que eu penso que já sei o que estar por vir
A vida da mais uma volta e o novo me faz sorrir
Reciclo meus conceitos e revejo minhas verdades
Umas nem deixam marcas, outras deixam saudades

Me decepciono com o confiável, aprendo com o inusitado
A vida vai dando voltas e eu vou sendo guiado
Caminho curioso com o que irei encontrar
Observando impressionado as voltas que a vida dá

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Metáfora XIX

A gripe é, como todos sabem, um vírus para o qual não há cura, logo, você pode até tomar vacinas que evitem que você pegue certas variações do vírus, porém, mais cedo ou mais tarde você vai ficar gripado devido a uma mutação nova dele. Ele é um inimigo multifacetado, contra o qual não há defesa definitiva.

Ao longo da sua vida, você com certeza vai ficar gripado várias vezes, isso é inevitável. Suas precauções como não sair sem agasalho no tempo frio ou se alimentar bem apenas diminuem as chances de isso acontecer, mas não as anulam. Ficar gripado é certo como o sol da manhã.

Então para que servem os remédios para gripe?

Bem, quando dizemos remédio para gripe, estamos apenas usando uma equivocada força de expressão, pois não há remédio para gripe, há remédios para os SINTOMAS da gripe. Anti-térmico serve para baixar a temperatura corporal que se eleva por causa da febre, analgésico é para aliviar as dores corporais, chás com própolis e mel servem para a garganta irritada, mas veja bem, nada disso é a gripe em si, o vírus continua lá, são seus anticorpos que estão fazendo o trabalho. Todos esses remédios só servem para aliviar o seu sofrimento enquanto isso o vírus é naturalmente combatido ao passar do tempo.

Então vejamos: não há nada que se possa fazer para curar a gripe, seus anticorpos irão fazer isso, então sua cura é uma mera questão de tempo. Tudo que você pode fazer é procurar remédios para aliviar o sofrimento trazido pela doença nesse período de de tempo.

Mas e os orgulhosos que não querem tomar remédios? E quanto aqueles que se acham muito virtuosos ao negarem os medicamentos que aliviarão seu sofrimento? Eles são realmente mais fortes que os outros por contarem apenas com sua própria força interior, dando boas vindas ao sofrimento que vai supostamente lhes deixar mais fortes? Ou serão eles tolos que correm o risco de desenvolver doenças mais graves ou simplesmente expõem a si mesmo á um sofrimento desnecessário?

O quão louvável é encarar sofrimento de frente? O quão desprezível é ser incapaz de fazê-lo sem a ajuda dos remédios? Qual o tamanho da dor aceitável, aquela que todos deveriam suportar? E qual é aquela que nos dá sinal verde para demonstrar fraqueza? Qual o peso do fardo que todos nós reconhecemos que sempre será grande demais...

...para ser carregado em silêncio?