Dança faz bem para o condicionamento físico, aumenta a flexibilidade e queima calorias. Além disso, aumenta sua auto-estima e amplia seu círculo social. Isso é meio óbvio.
Mas para os filósofos de plantão, a dança traz muitas lições valiosas, principalmente para serem aplicadas em relacionamentos. Uma vez que é uma atividade que foi construída em cima da interação entre duas pessoas, há muito o que se aprender dançando. (refiro-me á danças como zouk, samba de gafieira e forró, que se dançam aos pares).
Pra dança dar certo cada um tem que ter um papel, não adianta cada um querer fazer do seu jeito, no seu tempo, no seu ritmo. Deve haver sintonia, e o bom dançarino não apenas dança de acordo com a música, mas sabe entrar em sintonia com o seu par e corrigí-lo caso este esteja celerando ou indo muito devagar. Sintonia na dança requer paciência e humildade, não adianta botar o erro no seu par, você tem que fazer o máximo para se adaptar á ele e ao mesmo tempo ajudá-lo a corrigir imperfeições na execução dos passos.
O papel do cavalheiro numa dança é simples, porém não é facil: conduzir. Condução não é força, é firmeza. Não é velocidade, é jeito. Conduzir uma dama com leveza o suficiente para deixá-la confortável, mas com firmeza suficiente para deixá-la segura é o ápice da perfeita condução. E não se engane, se na linguagem corporal do dia-dia as pessoas já lêem umas as outras, imagine no contato da dança! Um cavalheiro confiante e firme pode não saber muitos passos diferentes, mas a dança que ele proporciona não tem um nível inferior por causa disso. Dança, assim como muitas outras coisas que envolvem duas pessoas, tem muito a ver com sensações, e a sensação de ser bem-conduzida é geralmente a que mais pesa para uma dama.
O papel da dama e responder aos comandos do cavalheiro com precisão e prontidão. Mas simplesmente ser solícita não é saber dançar, afinal, existem cavalheiros que não sabem conduzir bem, mais uma vez entramos na questão da sintonia. Apesar de não lhe caber conduzir, a dama se adapta aos erros do cavalheiro de modo a executar os passos com maestria, corrigindo as deficiências dele com a técnica dela. Um observador externo que não tem experiência com dança nem nota isto acontecer, mesmo com comandos defeituosos, a boa dama executa os movimentos sem grandes falhas, pois já sabe que as vezes ele quis fazer X, mas pediu Y.
Mas cavalheiros não nascem sabendo conduzir, e damas não nascem sabendo ser conduzidas. É preciso treino e muita prática para se adaptar as sutilezas do mundo da dança, onde cada passo, giro e flexão dos membros precisa ser lapidado cuidadosamente. A sintonia é um princípio engraçado, pois a melhor maneira de aumentar suas capacidades é justamente dançando com pessoas que não estão em sintonia com você, pois assim você será forçado a ver o que você pode melhorar nas suas técnicas para que os outros respondam melhor a elas. É uma ironia que sintonia seja atingida apenas através da falta da mesma, mas ao mesmo tempo é o que mantém a diversidade da dança. Não existe só um jeito de dançar, só um jeito de executar movimentos, só um conjunto de charmes.
Dança é um mundo tão complexo e profundo quanto você quiser que seja, e te proporciona tantas lições e sensações quanto você se permitir.