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quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Aulas da dança


Dança faz bem para o condicionamento físico, aumenta a flexibilidade e queima calorias. Além disso, aumenta sua auto-estima e amplia seu círculo social. Isso é meio óbvio.

Mas para os filósofos de plantão, a dança traz muitas lições valiosas, principalmente para serem aplicadas em relacionamentos. Uma vez que é uma atividade que foi construída em cima da interação entre duas pessoas, há muito o que se aprender dançando. (refiro-me á danças como zouk, samba de gafieira e forró, que se dançam aos pares).

Pra dança dar certo cada um tem que ter um papel, não adianta cada um querer fazer do seu jeito, no seu tempo, no seu ritmo. Deve haver sintonia, e o bom dançarino não apenas dança de acordo com a música, mas sabe entrar em sintonia com o seu par e corrigí-lo caso este esteja celerando ou indo muito devagar. Sintonia na dança requer paciência e humildade, não adianta botar o erro no seu par, você tem que fazer o máximo para se adaptar á ele e ao mesmo tempo ajudá-lo a corrigir imperfeições na execução dos passos.

O papel do cavalheiro numa dança é simples, porém não é facil: conduzir. Condução não é força, é firmeza. Não é velocidade, é jeito. Conduzir uma dama com leveza o suficiente para deixá-la confortável, mas com firmeza suficiente para deixá-la segura é o ápice da perfeita condução. E não se engane, se na linguagem corporal do dia-dia as pessoas já lêem umas as outras, imagine no contato da dança! Um cavalheiro confiante e firme pode não saber muitos passos diferentes, mas a dança que ele proporciona não tem um nível inferior por causa disso. Dança, assim como muitas outras coisas que envolvem duas pessoas, tem muito a ver com sensações, e a sensação de ser bem-conduzida é geralmente a que mais pesa para uma dama.

O papel da dama e responder aos comandos do cavalheiro com precisão e prontidão. Mas simplesmente ser solícita não é saber dançar, afinal, existem cavalheiros que não sabem conduzir bem, mais uma vez entramos na questão da sintonia. Apesar de não lhe caber conduzir, a dama se adapta aos erros do cavalheiro de modo a executar os passos com maestria, corrigindo as deficiências dele com a técnica dela. Um observador externo que não tem experiência com dança nem nota isto acontecer, mesmo com comandos defeituosos, a boa dama executa os movimentos sem grandes falhas, pois já sabe que as vezes ele quis fazer X, mas pediu Y.

Mas cavalheiros não nascem sabendo conduzir, e damas não nascem sabendo ser conduzidas. É preciso treino e muita prática para se adaptar as sutilezas do mundo da dança, onde cada passo, giro e flexão dos membros precisa ser lapidado cuidadosamente. A sintonia é um princípio engraçado, pois a melhor maneira de aumentar suas capacidades é justamente dançando com pessoas que não estão em sintonia com você, pois assim você será forçado a ver o que você pode melhorar nas suas técnicas para que os outros respondam melhor a elas. É uma ironia que sintonia seja atingida apenas através da falta da mesma, mas ao mesmo tempo é o que mantém a diversidade da dança. Não existe só um jeito de dançar, só um jeito de executar movimentos, só um conjunto de charmes.

Dança é um mundo tão complexo e profundo quanto você quiser que seja, e te proporciona tantas lições e sensações quanto você se permitir.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

O olho


Depois da calmaria, veio a grande tempestade...

Não que eu esperasse mundos perfeitos, ou um verão que durasse para sempre. Não que eu não tivesse lido nas entrelinhas antes de assinar. Me aqueço com minha fênix enquanto vejo o enorme aglomerado de núvens cinza-escuras formar um redemoinho na costa, tremendo cada membro capaz de tremer de medo.

Não que eu não soubesse...

Mas olhar para o olho da tempestade é ao mesmo tempo fascinante e desesperador. Por vezes, as lufadas de vento passam pelos pontos onde a fênix não pode me proteger, e vão aos poucos congelando meus pés, as pontas dos meus dedos e minhas orelhas. E eles vão ficando dormentes.

Não sei o que o céu esconde....

Pois as núvens são densas e o vento é forte, não sei se algo além do céu conspira contra mim. Não sei o que será do meu porto, não sei o que será de mim depois da tempestade. Não sei se um furacão vai se formar hoje, amanhã ou no próximo inverno. E aí me dou conta que, na verdade, eu não sei de nada.

Mas minha luz me protege...

Minha única certeza é minha fênix. Sempre lá, sempre ascesa, me envolvendo com suas enormes asas para me proteger do frio do inverno. Criação minha, responsabilidade minha. A pequena e singela cidade que antes parecia a própria paz agora só pode contar com meu pássaro para não cair nas garras da tempestade.

Vejo um horizonte cinza, e um mar enfurecido
E parece que a natureza não está de bem comigo
Não bastasse o inverno frio que tive de aturar
As chuvas da primavera ainda querem me castigar
O olho da tempestade, esta olhando para mim
Sem piscar e sem hesitar, numa fria fúria sem fim
Contando comigo mesmo e com aquilo que cultivei
Me aqueço do mesmo frio que ha tempos abandonei
E ainda tenho uma estranha e sinistra sensação
De estar sozinho na cidade que conquistou meu coração
Tão alheios são os habitantes, de sua possível destruição
Que eu me pergunto se apenas eu vejo o olho do furacão

Depois da calmaria, veio a grande tempestade,
Ameaçando não só a mim, mas á toda uma cidade
Não que eu não soubesse que dia iria chegar
Mas não contava com um olho nos céus a me observar
Não sei o que o céu esconde, e não acho que eu queira saber
Imaginar o tamanho da face que as nuves querem esconder
Mas minha luz me protege, pelo menos por agora
Mas preciso achar o outro pássaro, que estava aqui outrora.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Segundo inverno


O segundo inverno
Foi mais frio que o primeiro
Não que eu esperasse
Só calor o ano inteiro
Antes de embarcar
Eu já sabia da verdade
Logo logo chegaria
Uma grande tempestade
Olhei a madeira velha
Que estalava sob meus pés
E para a fria água das ondas
Que invadia todo o convés
Percebi que era bem ali
Que eu devia estar
Mesmo sem saber pra onde
A tempestade ia me levar

O segundo inverno
Não ocorreu como eu queria
Mas quem disse que essa vida
É feita só de calmaria?
Encharcado e com muito frio
Porém feliz e esperançoso
Que alguém, quando eu chegar
Venha me aquecer de novo
Piso de novo em terra firme
Com um sorriso sincero
Lembrando dos bons momentos
Daquele primeiro inverno

Pois se o segundo foi mais frio
Foi também mais educativo
Ele me fez lembrar a sorte
Que tenho em estar contigo.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Um conceito de indulgência


Teoricamente, colocar suas vontades acima das vontades dos outros é errado, ser egoista é, por definição, uma coisa ruim. Qualquer pessoa madura e razoavelmente tolerante te diria para ser flexível e indulgente com os outros, assim como a grande maioria dos livros de auto-ajuda e livros que falam sobre como lidar com relacionamentos.
Ou seja, uma grande parte das pessoas que já parou para refletir sobre relacionamentos concorda que indulgência é uma coisa boa, que aceitação, tolerância e concessão são coisas que fazem de você uma pessoa melhor e mais fácil de lidar. Aqueles que te cercam vão notar o quão tranquilo você é e quão pouco você exige deles, logo sua companhia será agradável e aqueles que fazem parte do seu círculo social vão se sentir á vontade perto de você.

Logo, a indulgência é a postura mais aconselhável para se ter uma relação tranquila e saudável com os outros.

O que geralmente não fica muito claro é o custo-benefício dessa postura. Afinal o melhor nem sempre é o mais barato ou o mais conveniente. Energia solar e heólica são mais limpas e seguras do que energia nuclear ou energia proveniente de combustíveis fósseis, mas nem por isso são mais baratas e de fácil acesso.
Então o que molda o custo-benefício da indulgência?

Ora, levando em consideração que fazer a vontade alheia muitas vezes significa deixar a sua de lado, podemos concluir que não existe indulgência sem abnegação. Negar os próprios impulsos, as próprias vontades e os próprios interesses partindo do pré-suposto que eles não são mais importantes que os dos outros é um processo essencial para o indulgente.
Eu nem preciso dizer qeu abnegação tem limite, e este será ditado por aquele que abnega. Enquanto o limite não for ultrapassado, a saúde emocional e o stress estarão sobre controle.

Mas esse limite não é fixo, ele vai oscilar de acordo com seu estado emocional, quando você estiver sob stress, ou quando as validações e demonstrações de atenção e carinho estiverem escassas, ele diminuirá. E quando ele diminui, o indulgente corre o risco de de repente achar que está fazendo demais, que sua abnegação passou dos limites e sua postura de mártir social não é compensadora. Isso tráz consequências graves como raiva, frustração e ódio, grande parte direcionados para ele mesmo, que costuma se arrepender de sua postura flexível. Ora, raiva, frustração e ódio geram stress e o stress diminui o nível de tolerância e aceitação dele, logo temos um ciclo vicioso que tende a colapsar muito rápido e com muita violência.

Se não for interrompido, esse ciclo culmina na renuncia do indulgente á continuar cedendo, pois envolto no sentimento de injustiça e ingratidão por parte dos outros, ele recalcula o custo-benefício de seus sacrifícios e chega a conclusão de que ser indulgente não vale a pena. E não é que ele esteja errado, pois a postura é SEMPRE benéfica para os outros, mas nem sempre para aquele que cede.

OK, já sabemos o que acontece quando o limite da abnegação diminui, mas então o que fazer para evitar isso, o que fazer para fazê-lo aumentar? Bem, olhando do ponto de vista em que ela ainda não é totalmente auto-destrutiva, abnegação é uma virtude. E assim como todas as virtudes ela deve ser cultivada e treinada. E como você vai treinar abnegação? Abnegando.

"Mas Rômulo, renunciar demais não era justamente a razão do colapso?"

Exato. E é aí que entra o auto conhecimento. Sabendo qual é o próprio limite, o indulgente pode calcular quando parar de ceder para não entrar em colapso, ele fará esse cálculo levando em conta uma margem de segurança que seria a sua própria oscilação sentimental, sempre estando assim numa zona de segurança emocional.

"Isso parece um pouco complicado..."

Um pouco é modéstia, fazer esses cálculos consigo mesmo ser surtar é como tentar se equilibrar numa corda bamba sem nenhum bastão e com vento forte. Porém é um desafio que o indulgente aceita quando toma a decisão de sê-lo, afinal se ele simplesmente para de ser tolerante e começar a impor suas vontades, apesar de ter muito menos trabalho, estará indo contra seus princípios e terá chances muito maiores de desagradar os outros e por consequência gerar conflitos e separações.

O indulgente está eternamente preso entre seus princípios morais e suas necessidades emocionais. A diferença dele para as outras pessoas é que é sempre a segunda variável que está sob pressão, ataque e questionamento. Pois seu objetivo é libertar não só os outros, mas a si mesmo.

Aceitação é um lento e muitas vezes doloroso processo onde você tira todas barreiras protetoras do seu ego e o expões á todo tipo de ataque.

Abnegação é o ataque feito ao seu ego por você mesmo, mais forte do que qualquer pessoa poderia fazer, pois seu ago não pode revidar em você mesmo.

Indulgência é a combinação dos dois.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Metáforas XI


Nenhum ruído, o calabouço está quente e úmido, muito mal iluminado pelas tochas nas paredes. O guerreiro anda por lá sem saber o que vai encontrar. A tensão domina cada músculo do seu corpo e ele segura sua espada com uma força que já teria quebrado a mão de muitos dos seus companheiros.

Seu olhar percorre cada canto de cada pedra que compõe as paredes sujas do lugar, a vida fez do guerreiro um homem alerta, atento e perspicaz, perceber detalhes muitas vezes pode ser uma questão de vida ou morte. Mas não há nada lá, pelo menos nada que seus olhos vejam.

A cada curva que faz, a cada porta de madeira que ele abre com um rangido, sua expectativa de encontrar um inimigo aumenta, tudo isso enquanto ele memoriza a rota que está fazendo para não se perder no caminho, ele foi treinado para resolver problemas no menor espaço de tempo possível e com a maior eficiência possível, foi ensinado a combater inimigos, erradicar ameaças e sempre aprimorar tanto suas táticas de batalha quanto sua capacidade de trabalhar bem com seus aliados. Tudo para maximizar os resultados no campo de batalha.

O treino duro do guerreiro também o transformou numa pessoa humilde, ele tanto sabe que não é perfeito que está sempre despendendo esforços enormes na sua evolução pessoal e na análise de suas fraquezas. Ele sabe que ali dentro pode ter algo maior que ele, ele sabe que naquele lugar escuro e fétido, alguma besta que ele nunca viu na vida pode estar á espera. E ele teme isso, porém se prepara para tal possibilidade da melhor maneira possível.

De vez em quando, um barulho de metal caindo o faz ficar ainda mais tenso, se é que isso é possível, mas é apenas um rato. Ele volta sua atenção para o espaço á sua volta e continua a lenta e cautelosa caminhada rumo ás profundezas. O coração vai batendo mais forte e por alguns intantes sua memória vacila, ele não se lembra do caminho exato que fez para chegar até ali. Não teve a mesma sorte que Teseu, o herói mitológico que recebeu um novêlo de lâ de sua amada para não se perder no labirinto do minotauro. Não, não. Este guerreiro não recebera nada.

Sua mente iria guiá-lo, nada mais. E é então que ele começa a se perguntar se o seu treino o preparou para aquilo. Durante toda sua vida ele seguira os mesmos princípios e sempre acreditara nas mesmas virtudes, e estas sempre o conduziram á vitória. Mas agora, ele duvidava de si mesmo, engolia seco enquanto olhava para as trevas e ia tendo cada vez mais certeza de que ali havia algo para o qual ele não havia sido preparado, havia algo que ele não fora treinado para ver, ou talvez seu treino o tivesse deixado cego para certas coisas que ele nunca considerou existirem.

O passo vai ficando mais lento, o barulho de agua gotejando e a respiração dele são as únicas coisas audíveis no momento. Um frio lhe corre a espinha e ele percebe que está tudo quieto demais, um péssimo sinal num lugar apertado e escuro como aquele. Uma das muitas gotícuals de suor em sua testa escorre pelo lado do olho mas ele não sente, ele sente apenas que algo desconhecido está por perto, enfrentar o desconhecido é uma tarefa árdua, até para um guerreiro como ele. Pode sentir a presença do inimigo, mas será atrás dele, será á frente, será no nível inferior do calabouço?

Ele aprendera a considerar todas as possibilidades, e realmente fizera isso, mas por mais que tivesse sido treinado para enxergar todas as situações possíveis, ele, sozinho nunca poderia se preparar para todas ao mesmo tempo, se fosse atacado nos flancos e pela frente seria seu fim, afinal ele só tinha um escudo. Mas a maior preocupação dele não era o perigo em si, e sim o que a derrota significava. Ele era um guerreiro, batalhar era sua vida, era o que ele fazia, era o que definia ele como pessoa, caso fracassasse, não importa o inimigo que tivesse enfrentando, isso significaria que ele fracassou como guerreiro, logo fracassou como pessoa, não cumpriu suas obrigações e se mostrou incompatente e fraco.

Era realmente muito para se ter em mente num corredor de pedras sujas onde não era possível ver além dos próximos dez metros. Mas apesar de não ver nada, de sentir cheiro de nada e de não ouvir nada, sua experiência em batalha havia desenvolvido um tipo de sexto sentido nele, que de vez em quando funcionava. E agora este sexto sentido estava apitando loucamente, e em sua mente ele sabia:

"Ha algo aqui, eu só não sei o que é..."

Mediocridade


Vi na TV muito recentemente que mais de 90% dos brasileiros não comem bem. Não ingerem a quantidade certa de frutas e legumes e comem alimentos muito calóricos. O número não me surpreendeu tanto assim, mas me fez parar para pensar numa coisa.

Como eu já havia dito em falácias lógicas, o fato de muitas pessoas fazerem uma coisa não faz com que esta coisa esteja certa, logo, a dieta do arroz/feijão/carne pode ser comum, mas não é a mais apropriada para uma boa saúde.

Agora vamos imaginar que você também não se alimenta direito. Você não poderia se defender numa discussão dizendo: "mas 90% dos brasileiros tem uma dieta parecida com a minha!". Pois você iria ouvir: "certo, 90% dos brasileiros comem mal e você é um deles." Você não pode se apoiar nos números, ou naquilo que você acha comum para dar uma coisa como certa ou válida.

Dá para perceber que mediocridade é contagiosa, a má alimentação é um hábito social, onde as pessoas que são indisciplinadas com a própria dieta puxam outras para não se sentirem sozinhas. A validade de um hábito pode não estar nos números mas sua força está. Comer bem é muito difícil quando se está cercado de pessoas que comem mal, afinal somo seres sociais.

Agora pense bem, muita gente (não todos os 90%, claro) nem sabe que come mal, muitas dessas pessoas apenas se alimentam da maneira que foram ensinadas a se alimentarem, nunca pararam para pensar em nutrição ou qualidade de vida, nunca se interessaram ou nunca tiveram a oportunidade de se interessar por uma alimentação balanceada. Mesmo assim, a ignorância dessas pessoas não muda o fato de que a alimentação delas é medíocre.

Existe um número muito grandes de coisas que funcionam exatamente como a alimentação do brasileiro. Um número esmagador de pessoas faz ou acredita em algo que não necessariamente esta certo ou é bom, avaliar ações e crenças únicamente pelo número de pessoas que as apóiam é um erro grave, pois mediocridade é exatamente isso, é o "mais-ou-menos" onde a maioria das pessoas se encontra por inércia, preguiça ou ignorância.

Muito cuidado com aquilo que você considera bom, verdadeiro, aceitável ou certo. Você pode estar, sem querer, estacionado na mediocridade.

Custo x benefício


A relação custo x benefício é um cálculo feito antes de toda e qualquer escolha que tomamos na vida. Quando você sai para comprar pão na padaria você assume que o benefício de comer o pão supera o custo de ter que ir buscá-lo. Quando você faz questão de escovar os dentes de manhã, você assume que o benefício de ter dentes saudáveis compensa o custo da escova, da pasta de dente e do tempo que você gasta para escová-los. A intenção é sempre o menor custo possível, pelo maior benefício possível.

Todas as escolhas passam primeiro pelo mesmo cálculo de custo x benefício antes de serem feitas. E isso geralmente leva um tempo muito curto para acontecer quando se tratam de pequenas coisas como comprar pão ou escovar os dentes.

Mas e quanto ás decisões mais complicadas como entrar ou sair de um relacionamento? E quanto á coisas como contar ou não uma mentira?

Nesses casos o cálculo custo x benefício não é tão fácil e objetivo como nos casos anteriores. Precisamos de tempo e de uma mente tranquila para conseguirmos fazer esse cálculo direito. Porém, não é como na matemática, onde 2+2 são 4 não importa quem faça a conta. Seus critérios para fazer o cálculo são completamente relativos, eles dependem totalmente da sua ética, daquilo que você acredita ser o melhor para você e das suas necessidades emocionais. Logo, o cálculo de custo x benefício é, em parte, um processo emocional.

OK, então as escolhas que fazemos tem influência do nosso emocional, grande novidade.

Mas isso é só o início. Se o cálculo tem influência do emocional, ele adiciona ou subtrai valor do custo ou do benefício, afetando o resultado da conta. Mas seu emocional não é constante, você não está sempre se sentindo da mesma maneira, não está sempre com a mesma dissposição emocional, sendo assim o mesmo cálculo custo x benefício pode mudar de um dia para o outro. Hoje pode parecer vantajoso discutir sobre um atraso alheio para um compromisso, mas amanhã de manhã talvez você pense diferente.

Considerando essa instabilidade emocional, conclui-se que quanto menos interferência emocional você tiver no seu cálculo, melhor. Afinal, seu resultado será mais confiável e a possibilidade de fazer escolhas certas aumenta. Sendo assim, se você tiver a capacidade de enxergar situações a longo prazo, e ter uma visão ampla das consequencias das suas escolhas, você pode perceber os custos e benefícios com mais precisão.

OK, se formos sensatos, maduros e inteligentes, nossas escolhas tem maior probabilidade de dar certo, grande novidade.

Mas ainda não acabou.

Ninguém disse que os melhores e mais precisos resultados da relação custo x benefício estão sempre de acordo com aquilo que você acredita, ou considera certo. Não está escrito em nenhum lugar que a escolha mais benéfica será sempre a escolha politicamente correta.

Você acha errado matar? Provavelmente sim, mas se você tivesse uma arma na mão (e soubesse como usá-la) e visse um terrorista amarrado á uma bomba, correndo em direção á um aglomerado de pessoas pronto para se explodir, você atiraria? A relação custo - benefício diz que você deve atirar, pois é melhor morrer um do que morrerem vinte. Mas sua ética diz que matar o terrorista é um direito que você não tem.

Claro que este é um exemplo muito extremo, mas esse mesmo conflito entre crenças pessoais e éticas contra a relação custo-benefício acontece em nossas vidas toda hora. E é aí que está o grande X da questão: fazer o que é certo e deve ser feito, ou fazer o que é benéfico e pode ser feito?

Quando aquilo no que você acredita, os princípios que você defende e as regras que você segue não vão trazer vantagem alguma para você ou as pessoas á sua volta, o que fazer? Você segue as regras á risca? Então você é do tipo de pessoa que deixaria o terrorista explodir os vinte inocentes. Você acha que é possível dar uma "escapulida" em prol de um bem maior? Então você é corrupto e pouco confiável.

Qual o ponto de equilíbrio entre aquilo que é certo e aquilo que é conveniente?