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quinta-feira, 20 de maio de 2010

Filosofia e as origens do universo

Resolvi pegar introdução á filosofia esse semestre na Unb e admito que não poderia ter feito escolha mais sábia. Estou amando as aulas e tomando nota de tudo o que o professor diz, sento na primeira fileira com o notebook no colo e nem pisco até o fim da aula.

Nossa primeira aula começou, é claro, com os pré-socráticos (mais especificamente, os Jônicos), e eu me interessei muito na visão de mundo que eles tinham. Para se despreender da necessidade do mito para explicar o mundo, eles começaram tentando substituí-lo por algo mais lógico.

Por isso que antes de Sócrates as pessoas na grécia não estavam muito focadas em filosofar sobre o homem, e sim sobre o mundo, a origem da vida, os mistérios por trás do funcionamento da natureza, etc.

Tudo teria um princípio, uma razão de ser (o logos). O logos do homem seria a inteligência. Sendo assim deveria existir uma razão primária para todas as coisas, um fundamento básico de toda existência, como se fosse uma base primordial sobre a qual tudo se fixa. Essa razão primordial se chamava Arkhé fundamental. (Arkhé = fundamento, princípio, aquilo que sustenta)

Thales de Mileto disse a Arkhé fundamental seria melhor representada pela água, pois todos os seres vivos dela necessitavam para viver, sendo assim ela deveria estar conectada com a origem de toda a vida. (chutou muito perto para um cara que viveu em 700 a.C.)

Já Anaxímenes apostou no ar, por ele ser invisível, intangível e incorpóreo. Ele teria a sutileza necessária para ser esse elo entre o físico e o espiritual, ele deveria ser a Arkhé fundamental por que estaria presente em todos os lugares e mesmo assim, não teria forma própria e seria ilimitado.

Pitágoras já parte para outro campo e diz que a Arkhé fundamental é o número (arithmos). Não como abstração de quantidade, mas como a não variante que governa a essência das coisas. Por exemplo, eu sou humano, eu posso ser novo, velho, posso estar sem braços ou perder minha memória, mas eu não vou deixar de ser um humano, essa "coisa" que me faz ser humano seria meu número, minha "não variante".

Mas, na minha opinião, foi Anaximandro de Mileto quem chegou mais perto (da verdade). Ele disse que a Arkhé fundamental era o elemento Apeiron. (A=não; peiron=limite)

Ou seja, não podemos explicar o físico pelo físico. A origem, a razão de todo o mundo físico deve ser explicada por um elemento não físico, intangível e ilimitado. Um tipo de elemento primordial, ou energia pura que daria origem a todos os outros elementos. Esse elemento base não poderia ser encontrado no mundo físico, mas pertenceria a um plano superior, a uma dimensão infinita que escapa á nossa percepção. Apeiron nunca foi criado e nunca nasceu, sempre existiu e sempre existirá. (parece com a definição de outra coisa hoje em dia)

Que visão extraordinária para um filósofo que viveu a dois mil e quinhentos anos atrás! Naquela época ainda não haviam lunetas,microscópios, laboratórios, equipamentos que permitissem a análise molecular das coisas. Os conhecimentos científicos da época eram extremamente limitados e ainda sim, havia uma visão tão desenvolvida para explicar o funcionamento do mundo. E essa explicação não foi só ele que usou na história da humanidade...

Bioenergia, Chi, Chackra, luz astral, perispírito, mana, etc...

Vemos muitas culturas e religiões dando diferentes terminologias para uma mesma coisa, uma energia infinita que corre em todos nós, um tipo de elemento primordial que compõe tudo o que existe e permeia toda a existência. Pode ser usada para curar, machucar, pode ser transformada em outros elementos, é intangível, invisível e infinita.

Anaximandro jamais viveu para conhecer orientais Taoistas, Xintoístas ou Budistas. Ele nunca viveu para ouvir falar do conceito de perispírito de Allan Kardec. Nunca verá os ensinamentos esotéricos derivados do judaísmo que deram origem á Kabbalah. E mesmo assim vemos um conceito tão universal passar por todos esses pontos, seria isso apenas uma tendência humana para explicar o inexplicável? Só mais uma teoria de inconsciente coletivo de invocar o sobrenatural para explicar o natural?

Ou será que algo parecido com Apeiron realmente existe? Será a física realmente está para achar a tal "partícula fundamental" que forma todas as outras no universo? Os tais "pré-quarks" ou "préons"(sei lá se é isso mesmo, não entendo muito de física sub-atômica) seriam a resposta para a composição do universo, iremos finalmente analisar aquilo que da origem a tudo, aquilo que seria, em termos físicos práticos, o criador do nosso universo? Ou isso estará para sempre fora do nosso alcance?

Fica aí a reflexão.

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