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quarta-feira, 5 de maio de 2010

O veneno da fé


Costumo comentar em comunidades do orkut de religião e ateísmo, debates espiritualistas e comunidades filosóficas. Não porque eu queria convencer alguém, mas porque gosto de ver as pessoas defendendo seuspontos de vista. Primeiro porque eu morro de rir com gente que não sabe argumentar, e segunto porque de vez em quando aparecem uns comentários e argumentos muito bons nas comunidades, que são realmente construtivos.
Mas esses dias vi um que me deixou de queixo caído. Durante uma discussão em uma dessas comunidades, eu vi um membro dizer a seguinte frase em seu comentário:

"A fé é o estágio mais avançado da razão humana."

Minha língua coçou, não podia ficar calado diante de uma atrocidade dessas, tinha que comentar. Mas como na comunidade isso ficaria muito extenso. Vou colocar o pensamento na íntegra aqui.

Em primeiro lugar fé e razão são coisas totalmente diferentes. Fé é acreditar sem evidências. É achar que sabe sem ter provas, é adaptar os fatos ás teorias, é distorcer a observação para que ela se encaixe na conclusão.

Razão é exatamente o contrário, é acreditar perante evidências, desacreditar perante evidências contrárias, achar que sabe com provas, a adaptar a teoria aos fatos, é modificar a conclusão para que ela se encaixe na observação.

Na fé, o fato já vem pronto, mastigado. Você não tem provas, análises, pesquisas, observações ou evidencias que o sustentem, ele simplesmente foi passado através de "revelação, autoridade ou tradição" (os três piores argumentos do mundo). Você não testou para saber, não comparou dados, não fez pesquisas concretas, apenas acredita porque é confortável, porque você se identifica com aquilo, apenas acha que é assim e ponto final. Você acha que sua crença está além das provas físicas e que as lacunas deixadas pela ciência justificam seus argumentos automaticamente, como uma vitória por eliminação.(se a ciência não consegue explicar, só pode ter sido Deus!)

A fé te ensina que acreditar sem duvidar é uma virtude é algo bom e louvável. Ela te diz que se você acredita cegamente em alguma coisa você é uma pessoa de valor, que se você não questiona você é virtuoso. Bem, não foi com esse tipo de pensamento que a humanidade evoluiu, não foi pensando assim que fomos a lua, descobrimos a cura de inúmeras doenças, criamos computadores, robôs e meios renováveis de energia.

A evolução humana se deu graças ao uso da razão. Na razão, você compara, testa, põe a prova antes de declarar algo. Você tenta de todas as maneiras achar provas contrárias a sua teoria antes de acreditar nela. Ela tem que resistir á duras argumentações, testes e comparações antes de ser validada. Imagine se um dia um xamã antigo dissesse: "esta erva cura tal doença" e todos acreditassem pelo resto da vida nisso só porque ele falou? Se ninguém chegasse e falasse: "bem vamos ver se cura mesmo, vamos fazer um teste".
Se o pensamento crítico não existisse, viveríamos na idade das trevas, a mercê de doenças, pragas e fome.

Mas foi a razão, e não a fé, que alavancou a evolução humana. A fé é um vírus que apenas a destrói. A produção de conhecimento e avanço tecnológico no mundo avançava violentamente na época do império romano, até Constantino espalhar o cristianismo e depois chegar a época da inquisição. Na época onde a fé minava a mente humana, a produção de conhecimento científico praticamente parou. Apenas no século dezoito a humanidade retomo seu ritmo de produção de conhecimento científico como antes.

A fé não é um estágio da razão, ela é oposta a razão, a fé é a negação da razão em todos os seus sentidos. A fé em si não tem sentido racional ou lógico por definição, dizer que fé é uma coisa bonitinha, que ajuda as pessoas a passar por momentos difíceis é uma coisa (isso se chama efeito placebo e já é altamente conhecido). Mas dizer que ela o estágio mais avançado da razão humana? Esse é estágio primitivo, o infantil. Quem acredita em coisas fantasiosas sem provas só poque outros falaram ou porque acham legal são crianças. Me poupe.

Razão trouxe curas para doenças que hoje você não precisa se preocupar, razão te deu computadores, internet, carros, conhecimento acerca das leis físicas que governam o universo e filosofias morais e éticas que se aperfeiçoam com o tempo.

A fé, desculpem os religiosos, não trouxe nada. Apenas serve como muleta, como apoio, como consolo para os incompreensíveis mistérios do universo que logo serão compreendidos. Como prêmio de consolação para os que não aceitaram as leis da natureza, que é implacavelmente indiferente com todos os seres, inclusive com os seres humanos. Animais nascem e morrem, mundos são criados e destruídos, galáxias inteiras entram em colisão e se fundem, a natureza apenas segue as suas leis inexoravelmente, sem julgar, premiar ou punir. Ela é indiferente, basta parar e observar.

Existem aqueles que pesquisam, chegam a conclusões e assumem que elas podem ser derrubadas perante teorias melhores sustentadas por provas. Esses são os cientistas. Esses são os verdadeiros usuários da razão. Aqueles que engolem verdades prontas, acreditam por comodidade, não submetem as coisas ao pensamento crítico, não estão mais avançados no uso da razão. Muito pelo contrário, esses são os mais atrasados, de mente infantil e pouco crítica.

Reformulando a frase:

"A fé é o estágio mais atrasado da razão humana."

E tenho dito.

2 comentários:

  1. http://www.davilago.com/texto/68-lista-de-cientistas-cristaos

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  2. Nenhum dos cientistas que consta nessa lista se utiliza de fé para acumular conhecimento científico, descobrir fórmulas e teorias. Nenhum deles se tornou especialista em sua área porque freqeunta a igreja, reza ou baseia sua moral em textos bíblicos. Todos seguem o mesmo processo de pensamento científico por comparação e questionamento, não importa a área da ciência que eles atuem. O fato de um cientista ter religião declarada não engrandece a importância da religião, muito menos demonstra qualquer tipo de influência da crença sobre o pensamento científico. Muito pelo contrário, homens são inteligentes "apesar da religião", que é no máximo um mero motivador como qualquer outro, como patriotismo ou amor passional.

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