Procurando algo específico?

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Two and a Half Men e o mundo masculino




Vou economizar texto, clique aqui se nunca ouuviu falar da série.

A aceitação de qualquer história (em consequência, seu sucesso), tem muito a ver com o processo de identificação que o público tem com ela, se você não se identifica com nenhum personagem de uma história, ou os dramas por ele vividos, ela simplesmente não é interessante. O tremendo sucesso que a série Two and a Half Men fez se dá exatamente porque ela tem como centro os conflitos que todos os homens no planeta vivem.

Qualquer homem que não esteja mais usando fraldas e seja presumivelmente heterossexual quer ser Charlie Sheen em algum momento da vida. Rico, descomprometido, pegador e vive na farra. E todos esses mesmos homens vêem em si um pouco de Alan, o altruísta doador injustiçado que simplesmente não consegue ser maior que seus medos e fraquezas. Two and a Half Men joga com estes extremos de estereótipos antigos de homem "alfa" e "beta" por assim dizer.

Não precisa ser um Sherlock Holmes para perceber que Two and a half Men é uma mera simplificação cômica de todo o mundo masculino, nossos medos, nossas esperanças, nossa guerra interna entre o bonzinho e o mau (representada pelo conflito entre os dois irmãos) onde ambos os lados parecem se complementar em alguns momentos, apesar de serem radicalmente diferentes.

Mas não é preciso assistir a série durante muito tempo para notar que na maioria das vezes, apesar das breves reviravoltas, Charlie está se dando bem e Alan não. O solteirão descomprometido faz sexo com mais fraquencia do que troca de bermuda, mente mais do que político brasileiro e nunca nada de realmente mal lhe acontece por causa disso. Algumas vezes, pequenos contratempos que não chegam a durar um episódio revertem o quadro e Charlie se encontra em situações difíceis ou ridículas, proporcionando á seu irmão mártir uma satisfação pessoal por justiça feita. Mas não dura muito tempo, logo o padrão volta e Charlie volta a ficar por cima. Até nos brevíssimos momentos em que Charlie é atingido por uma súbita tomada de consciência e decide mudar de estilo de vida, alguma improvável coincidência ou siplesmente uma recaída sempre o fazem voltar para a "estaca zero" (se é que podemos chamar aquela rotina de zero).

Já os conflitos de Alan, o altruísta-inexperiente-neurótico-inseguro-divorciado, são bem mais longos e profundos. Sua indignação com a falta de reconhecimento por seu bom comportamento atinge qualquer homem pelo menos uma vez por ano entre os 14 e os 120 anos que ainda não tenha se rendido ao estilo de vida "foda-se-vou-botar-pra-quebrar". Seu ressentimento é tão grande que fica instalado nele e acaba destruindo inúmeras chances de se relacionar através de neuras e palas que estão além do seu controle. O número de mulheres que se interessam genuinamente em Alan num primeiro momento até que é razoavelmente satisfatório, mas ele parece ter sido amaldiçoado com uma fortíssima magia negra que repele mulheres que passe mais de 15 minutos com ele.

Mesmo sendo uma série de comédia, qualquer um poderia dizer que a mensagem é a seguinte:

"Sexo descomprometido e falta de apego emocional = a mais perfeita felicidade."
"Altruísmo, honestidade e respeito pela sua ocmpanheira = ruína eterna e dolorosa."

Two and a Half Men é engraçado porque lembra a realidade, porque é uma forma cômica de representar conceitos e conflito que existem, é uma piada com coisa séria (como todas as piadas são). Na guerra entre Charlie Sheen e Alan, entre mentiroso e honesto, entre o seguro e o inseguro, é fácil saber quem está ganhando, é fácil ver quem enfrenta as menores consequências e sofre menos no conflito. A dura verdade é que conservar o valores como abnegação, humildade e solicitude custa mais caro do que a maioria das pessoas que já apanharam o suficiente da vida estão dispostas a pagar. Hora, para quê se preocupar com sentimentos alheios quando você pode facilmente obter toda a satisfação que precisa em relacionamentos superficiais? Basta comprometer boa parte de sua renda de modo a ostentar seu estilo de vida, não deixar que ninguém crie muitos laços e voilá!!! Você é um pegador!!!

Mas se os conflitos são nossos, as soluções também são. Existe um terceiro homem entre o os dois irmãos, sim, exite sempre um equilíbrio. Um homem que une o melhor que há em cada um dos irmãos, esse homem é o nosso espelho. Mas já falei dele neste post, e não vou me repetir. Nossa guerra não tem fim, e os tempos difíceis estão cada vez mais nos puxando para o lado desonesto dela, jogar sujo parece cada vez uma possibilidade mais plausível. Ética e moral estão dando lugar á cálculos de custo benefício que estão apontando todos para o mesmo lugar:

Antes ser Charlie do que Alan.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Metáfora XIII


Os dois estão acampados numa clareira, a floresta é densa e a noite é mais escura do que os olhos estão acostumados. Armaram uma tenda e conseguiram fazer uma pequena fogueira, quente o suficiente para mantê-los durante a noite. Ele e ela se protegem do frio não só com a fogueira mas com o calor um do outro, os ventos da floresta agitam as folhas e assobiam sinistramente entre as árvores, dando a impressão de que a mata os observa de perto.

Como se tudo isso já não fosse o suficiente, ele vê os arbustos se mexendo, como se algo passasse por eles. Fica de pé com o coração acelerado e ela olha para ele, depois para o ponto onde ele olhou. "O que foi?" Pergunta ela. Mas ele nada diz, deve ser apenas a sua imaginação. Senta-se muito mais vagarosamente do que levantou e volta a abraçá-la. Mas a noite é longa não demora muito até que ela veja um vulto, mais negro que a noite e mais rápido que o piscar de seus olhos, passando por detras da barraca. Ela da um leve pulo com o susto e ele nota isso. "O que foi?" Pergunta ele, mas ela apenas responde que não era nada, podia ser apenas um coelho ou uma raposa, nada com que se preocupar. Pelo menos não por enquanto.

Mas a noite fica mais fria, de uma maneira que não é normal numa floresta, os assobios vão ficando mais sinistros, como se o vento gemesse as dores dos mortos naquelas matas. Ela adormece e ele fica de vigília, desta vez ele sente um frio gelado na espinha e um bafo quente na nuca, como se alguma criatura estivesse com a boca á centímetros de seu pescoço, ha algo ali. Quase gritando, ele salta de uma vez e se vira para tras, mas não há nada. Ela, que acordou derepente, pergunta: "O que foi, o que você viu?" Ele responde que não sabe, não viu nada, mas SENTIU algo, tem certeza que sentiu algo. "Você não sentiu nada?" pergunta ele, imaginando como seria possível não ter sentido aquela presença fantasmagórica agora pouco. Depois de um pouco de silêncio, ela responde: "Não. Não senti nada."

Ainda assustado e mais alerta ainda, ele volta a se sentar, joga mais um pedaço de lenha na fogueira, levantando brasas ao ar e puxa ela para se encostar em seu ombro. Mas ele já está tenso, tem certeza de que há algo ali. Algo maligno os espreita, ele só não sabe o que. O que ele não entende é como ela não sentiu nada, será que aquilo tudo era fruto de sua imaginação? Mas nem todo o seu medo o manteve acordado por muito tempo. Ele logo cai no sono e não percebe o tempo que se passa até ser acordado de súbito por um movimento brusco do lado dele. Era ela, ela havia se assustado com algo. Esfregando os olhos com ímpeto, ele olha em volta e não vê nada. "O que foi, o que você viu?" Pergunta ele. "Nada, deve ter sido minha..." Mas antes que ela concluísse a frase, o vulto preto sinistro passa novamente, desta vez, entre eles e a fogueira, á míseros dois metros de distância deles. Os dois gritam, pulam para trás, ela segura em seu braço com mais força que o necessário e ele leva a mão á adaga que está presa a cintura, olhando fixamente para o ponto para onde o vulto foi.

Mas algo dentro dele sabe que sua adaga de nada vai adiantar, algo dentro dele sabe que aquilo é algum tipo de entidade que não pode ser ferida com metal. Desta vez ele olha para ela e pergunta uma última vez: "Bem o que acha que fazemos? Há algo aqui." Mas ela nada diz, o oberva e depois de um incômodo silêncio, diz: "Não sei."

"Pois eu sei, vamos nos unir e caçar essa besta, minha adaga pode não ser de serventia, mas com minha magia e sua magia podemos queimar este demônio do gelo. Nossas fênix unidas podem...."

Não, não. Ele não responde isso. Ele PENSA isso. Por algum motivo essas palavras ficaram presas em sua garganta. Ele deixou aquele "Não sei" ecoar com força dentro de sua mente, reforçando uma pesada e violenta sensação de insegurança. E foi neste momento que ele foi vencido, neste momento o medo já era maior que ele. A noite foi passando e ele foi perdendo o sono, as poucas vezes que conseguia dormir, era castigado com horríveis pesadelos. E a cada vez que sentiam o fantasma se aproximar e sussurrar em seus ouvidos, os dois nunca estavam acordados juntos, ou olhando na mesma direção. O pequeno demônio só aparecia para um de cada vez.

Até que ele toma a decisão mais tola da noite. "Se você não sabe, vou procurar sozinho" Diz ele tentando demonstrar iniciativa, boa vontade, bravura e disposição para protegê-la. Ele pega um casaco e sai na mata sozinho, aos poucos vê o brilho da fogueira atrás de si diminuir, ingora as tentativas dela de dizer que aquilo era desnecessário, e pensa "Hora, se é desnecessário, então o que faremos?" Mas seu olhos não penetram na escuridão, o frio sem a fogueira ali perto é implacável, ele segura sua adaga com toda a força enquanto sente a presença sinistra se aproximar. Olhos vermelhos surgem na sua frente e ele sente a respiração parar, a mão tremer e os joelhos falharem. Flutuando no ar sem uma face na qual se prender, os olhos sinistros o encaram, desafiadores, ainda tremendo ele ergue a sua adaga, mas nesse momento, um grito espectral enche a mata. Um grito de doer os ouvidos de tão agudo e profundo. Junto com ele, um vento forte o suficiente para derrubá-lo sopra de repente. Ele volta correndo, convencido de que não pode fazer aquilo sozinho. Com o orgulho ferido, o espírito quebrado e a vontade esmagada, ele só consegue pensar em uma coisa, sair daquela floresta o quanto antes. "Não vou nem esperar o amanhecer" pensa ele.

Sem nem saber pelo que ela passou enquanto foi deixada sozinha ao lado da fogueira, eletoma sua decisão.

Por que ela não falou nada? Por que ele não falou nada? Ninguém sabe. Mas o fantasma conseguiu o que queria, através de insegurança e medo, conseguiu separá-los na jornada. Pois se você parar para pensar, fantasmas não podem fazer nada além de assustar. Sua arma é o medo, ele nunca foi uma ameaça real para o casal, mas nossa perdição é sempre o medo daquilo que "pode vir a ser" nunca daquilo que é. A grande maioria dos nossos medos nunca chega a se concretizar se você for parar para pensar. A arma que o fantasma usa não é dele, foi o casal que o armou, foi o casal que deu poder para que ele pudesse envenenar suas mentes mais ainda. Tudo o que aconteceu naquela noite na mata, foi ilusório, veio da mente deles, do medo deles, não havia nada lá, absolutamente nada. Tudo começou com uma única semente de medo.

Se ao menos eles tivessem se unido, se ao menos em um daqueles momentos eles estivessem olhando na mesma direção. Se ao menos eles tivessem FALADO...

...ah...tudo, tudo teria sido muito diferente.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Tortura


Ser plenamente capaz de controlar os próprios sentimentos é uma utopia de tempos difíceis. Um tipo de sonho que só se tem na época em que eles não nos são convenientes. Pois quando é tudo champagne e caviar, eles são mais do que bem vindos. Quando somos obrigados á lidar com eles como um dono que lida com seu cão raivoso, nossa perspectiva muda.

Mas como já dizia o sábio: "A ignorância é uma bênção". Se não sabemos nem entendemos as origens de nosso sofrimento, sofremos por sofrer. E o único lado ruim disso é que o sofrimento não tem fim. Mas ele é simples, é momentãneo, e por mais que seja repetitivo, sua simplicidade o torna mais fácil de lidar. Se você não conhece suas necessidades emocionais, você põe a culpa nas imperfeições alheias, reclama para deus e o mundo o quando a vida foi injusta com você e pronto, o seu ressentimento pode ser muito amargo, mas é fácil de engolir. E com o tempo, o gosto amargo passa, e você não carrega consigo nenhum pingo de responsabilidade pelos seus erros, consequentemente, nenhuma culpa. O fardo foi passado para frente.

Mas quando você passou tempo o suficiente em auto-análise para descobrir a fonte de seu sofrimento, quando você já ganhou maturidade o suficiente para olhar para si mesmo conseguir fazer um frio cálculo de custo-benefício em relação ás suas decisões, você está condenado á estar ciente daquilo que lhe aflige. É como conseguir ver as bactérias que lhe causam doença mas não poder matá-las, é como observar os cupins que corroem as estruturas da sua casa e não ser capaz de exterminá-los. A aflição de estar de mãos atadas diante de uma adversidade maior que você é ruim, mas entender essa adversidade com um grau de frieza grande o suficiente para prevê-la, medir seus danos e mesmo assim não poder fazer nada, é pior ainda.

Tendo isso em mente, qualquer pessoa pensaria: "oras, nada pode ser feito, não posso evitar a dor, só diminuir o sofrimento". Sendo assim você vai fazer de tudo para não botar lenha na fogueira. Tudo o que você pode fazer é esperar a tempestade passar, como uma forte gripe sem cura, que passa depois de alguns dias. Tudo o que você pode fazer é tentar diminuir seus sintomas enquanto ela não passa, mas não ha realmente uma poção mágica que cure o vírus. Então você começa seu trabalho, faz de tudo para amortecer os impactos que a adversidade causa em você, toma todar as medidas possíveis para evitar sequer pensar no problema, pois afinal, você não pode resolvê-lo, só o tempo pode. Você faz tudo aquilo que está ao seu alcance para minimizar os efeitos que ele terá em você com frases como: "vai passar" ou "é só uma gripe" e a famosa "vamos ver o lado bom". Desvia sua atenção para outras coisas e começa a viver sua vida normalmente.

Seguindo essa linha, sua recuperação é só uma questão de tempo. O desaparecimento do problema por inércia é algo que vira com o passar dos dias. Ótimo, problema resolvido.

Mas então, por motivos que você nem quer pensar, alguém de fora vêm e bota lenha na fogueira que você é obrigado a apagar com as próprias mãos. Alguém chega e não só te lembra do problema, como extende ele. Fazendo questão de te puxar de volta para a agonia que você está tão honestamente querendo abandonar, te sugando de volta as energias que você está com tanto esforço tentando juntar. Sabendo que você não tem a solução em mãos a intromissão alheia maximiza os danos, potencializa o seu sofrimento e te faz voltar a estaca zero. Devemos lembrar que você fez tudo o que pôde para resolver o problema, devemos reforçar que você lutou até as últimas forças para tentar reverter uma situação que se tornou maior que você, e mesmo depois de seu imensurável esforço, mesmo depois de incomparável dedicação, a vil e cruel mão alheia lhe segura pelo braço bem na hora que você diz a si mesmo que não pode aguentar mais sofrimento. Impiedoso? Cruel? Não, estas são palavras rasas e fracas para descrever a tortura sentimental que é ser obrigado a lutar logo depois de jogar a toalha. Pouco existe no vocabulário de nossa língua que descreva o que é ser empurrado para campo de batalha quando você está disposto a declarar derrota e se render.

Não creio que algum ser humano seja capaz de fazer isso deliberadamente. Não acho natural que uma pessoa consiga atingir um grau de crueldade grande o bastante para praticar conscientemente a tortura em alma alheia. Me pergunto que tipo de ilusória satisfação cegaria o torturador para a dor do torturado, que tipo de visão retorcida da realidade faria passar desapercebida a sensação básica de empatia que sussurra no ouvido das pessoas normais: "não faça aos outros aquilo que não gostaria que fizessem com você". Ignorância me parece a única resposta, mas muitas vezes temo que haja alguém com um ego tão frágil e profundo que realmente precise ver sofrimento alheio para se sentir bem consigo mesmo.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Os cinco estágios


Dizem que a aceitação de uma verdade passa por cinco estágios diferentes, cada um possuindo uma característica própria, sempre vindo na mesma ordem. Quando um problema que não pode ser resolvido, um dilema sem saída ou simplesmente uma verdade que não condiz com nossa moral, ética ou expectativas aparece, esses cinco estágios são vivenciados pelas pessoas. São eles:

1. Negação: Á princípio não queremos enxergar o problema, desviamos o olhar e nos negamos á reconhecer sua existência, mentimos para nós mesmos dizendo qeu está tudo certo, tentamos maquiar a verdade e escondê-la no fundo da mente para ver se ali ela não incomoda ninguém. Distorcemos nosso ponto de vista de forma á tentar nos adaptar á ela. Muitas pessoas vivem em negação, mas as que saem dela, logo vão para:

2.Raiva: Ao perceber que maquiar a verdade não vai dar certo, você se enfurece. Percebe o quão inconveniente é aquela situação, o quão ridícula foi sua tentativa de ignorá-la e começa sentir ódio pelo fato de que você não está encontrando nenhuma solução, chegando até a pensar que praguejar e reclamar são coisas que vão fazer você se sentir melhor, você simplesmente evidencia o problema mais ainda, enfatizando o quão infeliz você está com ele. Tem gente qeu para por aí, os eternos reclamões, mas tem gente que passa para a:

3.Barganha: Quando a raiva passa, você começa a se preocupar com o problema de tal maneira que tenta fazer de tudo para resolvê-lo, qualquer medida desesperada será tomada nesse estágio, pois você estará aceitando o fato de que não pode bater de frente com o problema. A verdade inconveniente vai aos poucos ganhando espaço o suficiente para você começar a sacrificar mais do que você estaria disposto só para não ter de encará-la. Esse é o estágio da auto-humilhação, aquele que suas fraquezas serão reveladas pelas suas tentativas de escondê-las. Não é possível ficar nesse estágio por muito tempo, ou a pessoa regride para a raiva, ou avança para a:

4. Depressão: Você desiste de lutar e de barganhar e se vê derrotado. A verdade, por mais dura que seja, é imutável. O problema, apesar de ser aborrecedor, está além da sua alçada. Você se entristece porque tentou de tudo, fez de tudo e nada adiantou, você se vê num beco sem saída onde só lhe resta lamentar e chorar sua imotência diante de uma situação injusta. E você pagaria qualquer preço, mas a solução não está a venda, não há fuga e nem atalhos. Tudo o que você pode fazer é chorar seu infortúnio. Mas depois de muito chorar, alguams pessoas acabam chegando finalmente á...

5. Aceitação: O que não tem solução, solucionado está! Já que você não pode fazer nada a respeito, o melhor a fazer é seguir sua vida e se acostumar. Depois de derramar lágrimas e mais lágrimas você finalmente cansa de chorar e começa a se acostumar com a verdade, você começa a relmente se sentir menos incomodado com ela. O problema vai perdendo importância até que vira um mero coadjuvante na sua vida. Você se levanta e anda normalmente com ele ali jogado no plano de fundo. A aceitação é o estágio da paz, a parte onde você finalmente entra em harimonia com aquilo que não tem poder para mudar ou destruir, aceitar é evoluir, é se tornar mais flexível e livre, é dar um fim ao stress e á uma luta por uma causa perdida.

Depois que se sai do estágio 1 é impossível voltar para ele novamente, a pessoa pode até tentar mas vai passar novamente para o 2 numa questão de tempo. A maioria dos ciclos viciosos são feitos nos estãgios 2-3, normalmente o 4 é estacionário. Mas o 5 dita o fim do sofrimento, é ele que põe fim á dor, pois o primeiro passo para vivermos com as pessoas é aceitá-las como elas são.

domingo, 18 de setembro de 2011

Horror da guerra

Nos momentos de decisões difíceis nas nossas vidas sentimentais, nós viramos verdadeiros campos de batalha onde sentimento e razão batem de frente um com o outro de maneira implacável. Parece que somos impiedosamente divididos em duas partes iguais e puxados para dois extremos simultâneamente, rasgados como uma fina folha de papel. Não sabemos ao certo á quem ouvir, ou o que queremos ouvir. Não sabemos o que fazer, muito menos como fazer. Chega uma hora que o conflito interno é tão intenso que não sabemos se podemos confiar em nós mesmos e nas nossas decisões, ficamos olhando por cima do ombro preparados para sermos apunhalados pelos sentimentos que cultivamos, ou pela razão que adotamos.

Quando seu coração aponta para um lado e sua cabeça para outro, sua força de vontade começa a ser posta á prova. O desgaste da sua paciência, auto-controle e maturidade se iniciam e se essas virtudes forem fracas em você, você quebra. Você olha para si mesmo e vê os sentimentos que você mesmo acorrentou queimando de dentro para fora, te consumindo lentamente, ao mesmo tempo em que mede os danos que seriam causados se tais sentimentos fossem liberados. É como um general observando suas tropas morrerem em campo de batalha sem poder interferir, ele sabe que é por um bem maior, sabe que aquilo é necessário, mas também sabe que cada vida perdida é um sofrimento.

Cada palavra não dita, cada ligação não feita, cada mensagem não enviada. Cada uma das coisas que seus impulsos mandaram você fazer e você não fez são uma pequena morte dentro de você, você lamenta elas lá no fundo e chora por elas terem morrido no anonimato. Mas a guerra não acabou, e enquanto a guerra não acaba, mortes continuam acontecendo. A frieza de olhar o número de casualidades aumentando e mesmo assim continuar a mandar soldados para o campo de batalha faz você olhar para si mesmo com um certo orgulho misturado com repugnância. Orgulho por ter capacidade de fazê-lo, e repugnância por fazê-lo.

Olhando para o bem maior, você usa sua razão para enxergar a situação á longo prazo e começa a fazer sacrifícios que parecem tão grandes e tão pesados, que você chega a se perguntar se vale mesmo a pena fazê-los, algum tipo de energia parece preencher os gritos sufocados dos sentimentos que você está mandando para a cova. Eles lhe assombram como fantasmas a noite, tirando seu sono. E cada vez que uma deles parece estar tomando proporções muito grandes, você fecha as garras da razão em torno deles e os sufoca com pessimismo e frieza, apertando com muito mais força do que o necessário, deixando eles lá, no fundo da sua mente, agonizando com frio e fome. Pois essas são as causas naturais de morte deles.

Você olha para tráz e vê todo um cemitério das mortes que você causou e um tipo de frio na espinha vem quando você se dá conta de que não estão olhando nem para metade do total de mortos que ainda estão por vir. Você pensa em abandonar o cargo, pensa que não vai ser capaz de aguentar o choro melancólico de seus sonhos enforcados, gargarejando sangue na forca que você construiu para eles. Você olha para o quadro de desespero e pensa que que já viu de tudo, que nada pode piorar.

Você pode se recusar a batalhar com os outros, pode educadamente se retirar da linha de fogo alheia e evitar conflitos. Mas você não pode escapar de si mesmo, a razão diz com sua vóz gélida que você ainda vai ver muitas mortes, que muitos dos sonhos e sentimentos que você cultivou, alimentou e criou vão morrer pelas suas mãos, te diz que você ainda será banhado com o sangue tantos deles que não restará nada além de um campo vazio e morto onde antes havia um mar de rosas.

E seus sentimentos mandam você se render, baixar suas defesas, parar de resistir e deixar eles tomarem conta de tudo, deixar que todas as suas impetuosas atitudes sejam concretizadas, afim de satisfazer o desejo incontrolável de serem sincera e honestamente correspondidos. Só isso que eles querem, retribuição. Eles te botariam de joelhos por isso, eles sacrificariam qualquer coisa por isso, inclusive a própria vida. E é por isso que seu luto parece não ter fim, porque no fundo, o extermínio que você está comandando só está acontecendo porque não há quem os alimente, você não pode sustentá-los sozinho, e na ausência de alguém para ajudá-lo a fazer isso, você fica com o trabalho sujo.

E com sangue nas mãos, gritos nos ouvidos e silêncio nos lábios, você continua fazendo o que tem que fazer, pois ninguém pode guerrear por você.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Verdade Inconveniente


Nunca fiz questão de ouro, jóias ou qualquer riqueza
Pra mim nunca fez diferença o sangue da realeza
Nunca pedi por trajes que refletissem meu jeito de ser
Pois o mais importante, não é com os olhos que eu ia ver
Nunca neguei ajuda, paciência ou compreensão
Pois forjei minhas virtudes no fogo da minha paixão
Nunca pedi sacrifícios que fossem maiores que os meus
Eu sempre ascendia uma luz quando tudo que havia era breu
Nunca neguei meus pecados ou deixei de os corrigir
Se algo virasse um incômodo, bastaria me advertir
Nunca pedi auxílio, concessões e até mesmo carinho
A não ser que eu tivesse certeza, de que não aguentava sozinho
Nunca deixei de te ouvir na sua hora de falar
Mesmo quando eu esperava palavras e vinha silêncio no lugar
Eu fiz tudo o que eu pude, eu dei tudo o que tinha
Pedindo o mínimo e fazendo o máximo, eu pensava estar na linha
Jurava que tinha dominado a receita da felicidade
Eu já conseguia sentir meus sonhos virarem realidade
Eu transbordava de alegria ao ver tudo em que acreditava
Refletido em outra pessoa que supostamente me amava

E hoje, cá estou. Sem saber o que fiz de errado
Tentando entender como estarguei meu sonho dourado
Pois se afundei meu próprio barco, sempre irei me culpar
Por tal oportunidade, por meus dedos escapar

Se esse não for o caso, e eu for julgado inocente
Terei que angolir uma verdade muito inconveniente:
Que depois da dedicação que nunca teria fim
Eu nunca fui para ela, o que ela foi para mim

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Dilemas da paixão XII


Quem acha que a paixão é como uma flor silvestre, que nasce cresce e morre, apenas podendo ser observada com fascínio durante um brevíssimo período de tempo está meio-certo. Os dilemas da paixão não acabam com o rompimento, pois sentimentos ecoam dentro de nós como gritos ecoam num grande salão vazio.

Muitas vezes o custo benefício de uma relação se vê desvantajoso para uma das partes e o fim chega. E com ele vem, óbviamente, o sofrimento (mais para a pessoa que estava em desvantagem do que para a outra). Mas "fim" e "rompimento" são palavras diferentes.

A estabilidade emocional da pessoa é diretamente proporcional ao tempo que está irá aguentar sozinha, assim como sua capacidade de assimilar as lições aprendidas no relacionamento. Mas por mais estável que a pessoa seja, ela ainda é um ser humano, suscetível á sentimentos. E quando os sentimentos de posse, apego e orgulho começam a ser bombardeados, um tipo de guerra fria começa:

Ambos os lados se danificam, ambos ficam receosos de fazer qualquer manobra e muita desconfiança paira sobre qualquer tentativa de reconciliação. Um observa o outro de longe com o ego e o orgulho extremamente sensíveis e esperam, no ínimo, não sofrerem ataques. E nesse estado de tensão emocional misturado com carência, nossos sentimentos e nossa razão estão constantemente se empurrando para ganhar espaço nas nossas cabeças. Mas assim como todos já bem sabem, toda guerra é danosa, a melhor saída é sempre um trato.

Mas que tipo de trato? Um trato de paz onde cada um respeita seu espaço ou uma tentativa de reconciliação? Bem, ainda usando a metáfora da guerra, porque você buscaria aliança de cooperação mútua quando você é muito mais forte que seu inimigo, quando não há nada que ele tenha que você já não tenha em abundância? Nesse caso não há absolutamente nada com o que se preocupar, afinal, a vantagem era sua, você tem muito mais poder que seu inimigo e pode se utilizar deste poder para obter o que quiser dele.
Mas se você for mais fraco, qualquer risco é uma ameaça. Qualquer manobra do outro lado merece total atenção, se o inimigo simplesmente se mover em sua direção, você já ficará tenso, pois sabe que nada pode fazer para se defender dele. E, é claro, você estará (por dentro) rezando por uma conciliação.

E então entramos em mais um dilema da paixão, após um rompimento, como o fraco e como o forte deveriam proceder? Quais são os danos irreparáveis e quais são as ofertas vantajosas? Até que ponto você está sendo enganado pelos seus próprios sentimentos e até onde a experiência do rompimento lhe trouxe novas perspectivas? Tentar buscar tratados apenas extenderá a guerra fria ou você será capaz de obter paz novamente?

Bem vindo, a mais um dilema da paixão.

sábado, 10 de setembro de 2011

Os melhores professores

Tudo que você sabe hoje na vida, todos os comportamentos que você tem e os conceitos que você formou, foram eles que te ensinaram. O seu jeito de pensar, seu jeito de julgar, seu jeito de ver o mundo foi repassado por eles, onipresentes na sua vida. Não foram os discursos, sermões ou conversas. Não foram os castigos, premiações ou punições em si. Não, todas essas coisas são inúteis sem uma peça chave, aquela que realmente estimula mudanças, aquela que realmente constrói e destrói qualquer coisa na sua vida.

Sentimentos.

Pense bem, a vida se resume em duas coisas: minimizar sofrimento e maximizar felicidade. Logo não há uma única ação feita na sua vida que não tenha, no fundo, servido á estes dois propósitos. Mesmo ações aparentemente altruístas estão te fazendo feliz através do sentimento de empatia que você tem para com o beneficiado pela sua ação. E até as ações auto-destrutivas são na verdade vistas como um alívio de algum outro tipo de dor ou sofrimento experimentado pelas pessoa as praticam. No fim, você sempre é movido por sentimento.

Se você não sentiu, você não aprendeu. No final é assim, é a sua capacidade de aplicar empatia nas suas relações que vai mostrar o quão evoluído você é como pessoa. Como já dizia uma velha frase: As pessoas não vão se lembrar do que você disse ou do que você fez, mas como você as fez sentir. Palavras e ações são apenas rótulos, algumas vezes enganosos, daquilo que realmente importa nas nossas vidas, nossos sentimentos.

E lembre-se sentir não necessáriamente está ligado a vivenciar. Você não precisa viver uma situação para saber como se sente uma pessoa que passou por ela, não. Para isso existe a empatia, é a capacidade de procurar situações similares e fazer paralelos para entender os outros melhor. Se você perdeu um objeto valioso e se sente triste, eu não preciso ter perdido um mesmo objeto na mesma situação, basta que eu seja capaz de reproduzir o sentimento de perder algo de valor e pronto, eu me coloquei no seu lugar, e a partir do momento em que isso acontece, vou olhar com outros olhos para as pessoas que perdem coisas de valor, vou ter mais tolerância com elas, mais paciências com elas, vou tentar ajudá-las sempre que possível, pois eu consegui sentir o que elas sentem.

Se você não é capaz de reproduzir o sentimento, você não é capaz de aplicar empatia, e sem empatia, você nunca vai entender as pessoas de verdade. Pois no fundo o que conta são eles, no fundo quem constrói suas experiências são eles, os sentimentos. Não é sua ética, não é aquilo que você acredita ser bom ou ruim, é aquilo que você SENTE como bom ou ruim. Muitas vezes você acha que assimilou uma experiência, acha que está seguindo um conceito, mas na verdade está sendo guiado por sentimentos sem nem saber, sendo hipócrita toda vez que uma força contradiz a outra.

É assim que a maturidade vem, pois estes professores são implacáveis na hora de te ensinar. Não há como escapar deles, não há como negá-los, eles vão vir, e se você tentar distorcer ou ignorar seus ensinamentos, você estará apenas se condenando á repetência, pois na escola da vida, cada lição não assimilada vai voltar mais cedo ou mais tarde para te assombrar com mais força, mais intensidade, pois esses professores nunca esquecem, e sempre estão lá com você, segurando seu calcanhar de Aquiles prontos para testar sua resistência.

A cada vez que você falha ao aplicar empatia, uma punição lhe aguarda no futuro, alguma irônica situação vai chegar de fininho e te acertar em cheio mais uma vez para ver se você aprende. E quem não enxerga isso está preso no pior dos ciclos viciosos, está preso pela própria ignorância num estado de inércia emocional, onde os mesmos problemas tendem a se repetir indefinidamente.

Eles não dão ponto de graça, não facilitam para quem tem dificuldade e nem premiam os que tem facilidade. Apenas ensinam, e ensinam bem, você a viver sua vida.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

A regra de ouro


Creio que nenhum mecanismo seja mais eficiente para viver a vida do que a regra de ouro. Várias religiões ou filosofias estimulam ou defendem o princípio de "não fazer com os outros o que você não gostaria que fizessem com você." e/ou "fazer aos outros o que você gostaria que fizessem com você"
O mecanismo é extremamente simples, mas sua aplicação, nem tanto.

Diversas variáveis entram em nosso caminho quando nós tentamos aplicar a regra de ouro, tais como auto conhecimento, maturidade e ego (esse último é o que mais complica). Tais variáveis precisam ser estudadas para que possamos aplicar a lei de maneira eficiente e abrangente, pois elas vão ditar o quão justo você será capaz de ser, antes que suas necessidades pessoais comecem a interferir no seu julgamento.

Sendo assim, é importante também identificar qual o tipo de virtude que deve ser cultivada para estimular nossa capacidade de aplicar a regra, quais são os valores que vão nos deixar mais propícios á sermos bons "legisladores" por assim dizer.

O primeiro e mais importante deles é a empatia. A empatia é a capacidade de sentir o que os outros sentem, a capacidade de se colocar no lugar do outro de maneira a compreender seus sentimentos. Sem empatia é impossível aplicar á regra de ouro, pois você estará cego para as necessidades alheias. Ela é o primeiro combustível que vai alimentar sua relação com as pessoas, uma vez que o ser humano é um animal social.

Quanto mais capaz de compartilhar sentimentos alheios você for, mais eficiente você será em preservá-los. Mas nossa reflexão não pára por aqui, pois mesmo tendo empatia, não adianta nada se você não tiver sabedoria para aplicá-la corretamente. A maioria das pessoas, quando tenta se colocar no lugar das outras, falha miseravelmente, principalmente quando se trata de relacionamento passional. Temos um vício de sair da nossa posição e logo depois voltar para ela de novo sem perceber e fazer um julgamento unilateral. Exemplo:

"Ela fica irritada quando eu bebo, mas eu não ficaria irritado se ela bebesse, logo, o problema é ela, que não me entende! Olha só como sou compreensivo e ela não!"

Esse erro é extremamente comum, a pessoa acima não se colocou no lugar da companheira, pois a bebida obviamente tem significados diferentes para os dois. O pensamento certo seria:

"Ela fica irritada quando eu bebo, existe alguma coisa que ela gosta de fazer que me deixe irritado também?"

Aí sim estamos indo na direção certa. Para você evitar machucar os outros e tentar agradá-los, sua ética precisa seguir uma lógica válida, a maioria das pessoas só enxerga o próprio umbigo e esse é o problema, elas costumam ser péssimas na aplicação da empatia justamente porque elas na verdade nunca deixam de lado o próprio ponto de vista.

Logo depois de aprender a aplicar empatia corretamente, chagamos ao nosso último e maior obstáculo: o ego. Vai chegar um momento em que você vai esbarrar nele e é aí que a parte difícil começa. Seu ego está atrelado a sua auto-imagem que é um amontoado de coisas como: o quão bonito, talentoso, poderoso e cobiçado você é em relação as outras pessoas, o quão bom e digno de atenção e respeito você acha que é em comparação ao que você recebe dos outros e também a diferença entre as expectativas dos outros sobre você em contraste com o quanto delas você consegue atingir. Deu pra notar que os outros tem sempre um papel chave no seu ego.

No momento em que você abrir mão da sua ética em nome do bem estar, no momento em que você deixar de lado princípios visando conforto, este é o momento que seu ego esta entrando no caminho. Muito cuidado com estes momentos, só você pode indentificá-los a tempo, para que não causem danos.

Lembre-se, antes de aplicar a regra de ouro com os outros, você tem que aplicá-la em você mesmo.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Humildade


Como já diziam grandes pensadores, a vitória é perigosa, ela infla o ego e nos ilude em relação aos nossos defeitos. Situações de prosperidade, calmaria e controle não nos fazem aprender nada sobre quem realmente somos ou o que realmente temos que fazer.
É na adversidade que nos tornamos fortes, são nos momentos difíceis que nossas virtudes serão testadas, e humildade é uma delas.

Quando se está no controle da situação, quando não se tem medo de perder, quando não há obstáculos fazendo frente á sua força de vontade, não há porque ser humilde. Não há porque ser solícito e sacrificar nada se você não tem nada há perder (ou acha que não tem). A segurança geralmente traz consigo a arrogância da inflexibilidade, ela nos faz esquecer o quanto as outras pessoas são vitais para nossa existência e deviam nosso olhar para o fator mais importante na nossa relação com elas: sua validação.

Porém, quando seu ego está sob ataque, quando a insegurança e o medo começam a minar as colunas que sustentam sua auto imagem, você tem a oportunidade de ter uma enriquecedora reflexão. Em primeiro lugar, o medo nos faz valorizar melhor as coisas, principalmente o medo de perder. Em segundo lugar, a insegurança tira sua arrogância e soberba do pedestal onde elas se colocam e te força a olhar com humildade para suas próprias necessidades e as necessidades alheias.

Humildade é saber, com convicção, que suas necessidades não são mais importantes do que as de ninguém. E quando você tem percepção o suficiente para perceber as necessidades dos outros, sua humildade fará de você uma pessoa melhor, pois é nela que você vai pensar quando for fazer escolhas, quando for criar laços, quando for interagir. Ser humilde e não ser ser solícito é impossível na prática, pois humildade leva você á postura de abnegação.

Outra grande vantagem de assimilar humildade em sua visão de mundo é o aumento na sensação de gratidão. A lógica do pensamento é mais ou menos assim: "Você não se considera essa coca-cola toda, você é só um ser humano quanto qualquer um, logo, quando alguém te trata como se você fosse especial, você sai lucrando."
É uma equação simples, as pessoas facilmente superam suas expectativas se você mantém suas expectativas baixas, á princípio isso parece pessimismo, mas uma coisa está invariavelmente ligada a outra dependendo do seu ponto de vista.
A gratidão não vem com segurança, o seguro normalmente não é grato pelas pequenas coisas que contribuem para seu estado de segurança. A gratidão floresce no momento em que você recebe algo que faltou durante muito tempo, ela é desenvolvida depois de períodos de escassez. Você só não é grato pelo arroz e feijão que come todo dia porque eles sempre estiveram lá.

Então, como uma pessoa que não passou por privações pode ser grata? Como uma pessoa que está no controle de uma situação pode ser humilde? Como alguém que não precisa mover um dedo para conseguir satisfação pessoal pode ser solícita?

Normalmente não pode. É raro assimilar palavras, discursos. Normalmente as pessoas assimilam experiências, momentos, sentimentos. Humildade é a virtude dos que foram para o campo de batalha e perderam, é a qualidade dos que um dia se julgaram fortes, mas se viram fracos diantes de algo maior que eles, é a característica daqueles que foram privados daquilo que antes estava presente em suas vidas com abundância, ela só vem nos momentos em que você olha a vida de baixo para cima, ela só está presente quando nada mais está,

Ela é a cicatriz dos tempos difíceis, que te lembra que você não é invencível, você não é imortal nem é totalmente autônomo.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Um amigo



Pensei que estivesse sozinho, á mercê da própria sorte
Abandonado num caminho que causaria minha morte
Não queria compartilhar a dor que me corroía
E um sofrimento silencioso por dentro me destruía
Pensei em toda a glória e mérito uqe me aguardava
Se me levantasse sozinho e continuasse minha jornada
Mas glória e para aqueles que estão prontos para morrer
Detalhe que esqueci ao começar a combater
Foi aí que veio um amigo me estendendo a mão
Sem pedir nada em troca pela sua boa ação
Parando ali do meu lado só para me ajudar
Sem nenhum interesse sequer no que eu podia lhe dar
Sem nem perguntar como eu havia me ferido
Ele simplesmente parou para fazer o papel de amigo
Tolo e orgulhoso, recusei sua boa fé
E tentei mais uma vez, me colocar de pé
Como era de se esperar, eu caí novamente
Mas ele me segurou, me puxando para frente
"Não preciso de ajuda" eu menti constrangido
Mas isso não afetou sua boa vontade comigo
Ainda sustentando em seus ombros o meu peso
Ele olhou nos meus olhos e enxergou meu medo
"Você lutou muito bem..." disse ele se mhesitar
"...com coragem e força, mas orgulho tem hora e lugar"
Esqueci que ele estava ali antes de tudo começar
Esqueci que ele um dia já estivera no meu lugar
Esqueci da lealdade e dos votos de confiança
Que eu mesmo também jurara cultivar com perseverança
Esqueci que eu tinha sim alguém com quem contar
Que estaria ali pra mim, na hora de batalhar
Esqueci quem desde o começo sempre esteve comigo
Esqueci, não sei por que, que eu tinha um amigo.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Desabafo ás chamas


Pássaro ígneo que me aquece neste inverno que parece não ter fim. Quão orgulhoso sou de vossa chama. Por vezes desconfiei de tuas capacidades, imaginando que não seria capaz de me proteger, mas por fim me vejo enganado. A ave imortal aumenta seu poder mágico a cada vez que renasce, e eu posso dizer com segurança que já foste ceifada inúmeras vezes.

Quantas viagens já te deixei morrer? Em quantas outras eu mesmo fiz questão de te matar, para nos poupar sofrimento? E aquelas em que uma estranha que jurou nos ajudar e logo depois, lhe tirava a vida friamente?

Todas estas vezes, eu vi tua chama se apagar, vi suas belas penas se transformarem em meras cinzas, que quando levadas pelos ventos frios do inverno revelavam uma jovem e desprotegida ave, mais forte do que sua antecessora. Todas essas vezes eu chorei sua morte de joelhos, em todas estas viajens fiz questão de lhe dedicar momentos de silêncio, pelas tantas vezes em que morreste por mim.

Me pergunto se teu magnífico poder é uma bênção ou uma maldição. Uma vez que não conhecemos outra ave que se equipare á ti. Nenhuma outra chama aquece como a tua e nenhum outro brilho brilha como o teu. O excesso de fogo mágico traz uma estranha sensação de solidão, não é, minha querida amiga? Nos dá a sensação de que se o vento soprar forte o suficiente para apagar tua chama, será o fim, pois se o teu fogo, que é o maior de todos, se vê ameaçado, o que será das outras pobres aves que não morreras como você morreu, para renascer em glória com maior poder? Ás vezes temos a incômoda sensação de que só podemos contar um com o outro.

Gostaria de pedir perdão minha querida, perdão por exigir tanto, por lhe fazer me acompanhar em todas essas jornadas sabendo que tu encontraria o fim de inúmeras maneiras diferentes, todas dolorosas e lentas. Acho que esta é a maior das desvantagens em ser uam fênix, nunca se tem uma morte rápida.
Mas compreendes que se hoje tu és poderosa, foi porque lhe forjei assim, não é? Consegues enxergar que só teu fogo pode aquecer duas pessoas ao mesmo tempo, não é? Não lhe criei para vôos baixos minha querida, não lhe vi morrer para posteriormente viver empoleirada num castelo, minha cara. Não, através de ferro e fogo eu criei uma ave robusta para fazer jus ao nome que tem. Nenhuma ave minha se envergonhará de suas próprias penas, nenhuma ave minha perderá o fôlego durante um vôo, nenhuma ave minha será impedida de voar por ventos ou trancafiada numa gaiola da realeza.

Não, não... nossas viagens nunca tiveram o intuito de gerar riquezas, nossas jornadas nunca visaram acúmulo de itens preciosos, nunca fiz nada em minha vida que não fosse direta ou indiretamente, dedicado á você. Todas as lágrimas que derramei foram para lhe fazer crescer, todas as gotas de suor que produzi vieram de esforços direcionados á você, todo o sangue perdido em batalha foi para proteger você, não é a toa que você se tornou a única fênix que queima em todas as direções.

E hoje cá estamos, frente a frente com uma irônica tempestade. Os deuses aprecem olhar para nós e testar não só nossas capacidades, mas também nossa paciência para continuar viajando, lutando e vivendo. Cá estamos, protegendo um porto frágil das ondas que a chuva traz. Mas os Deuses são sábios, eles sabem que poucos poderiam fazer o que fazemos, não é, querida? Eles sabem que poucos poderiam se colocar entre uma cidade e uma tempestade. Se há alguém preparado para o trabalho, esse alguém é você, minha fiel companheira.

Vamos, abra suas asas e me faça orgulhoso mais uma vez. Faça valer as mortes que enfrentamos juntos, faça valer o fogo que arde nessas lindas penas. Levante vôo e vamos fazer o que nascemos para fazer, o que passamos nossa vidas fazendo:

Vamos voar.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Dilemas da paixão XI


Relacionamentos são apenas uma das muitas maneiras pelas quais o ser humano busca validação. Nossa auto-imagem e nosso ego são sustentadas por vigas que podem variar de pessoas para pessoas, uns encontram sua validação na vida profissional, outros na vida acadêmica. As prioridades e pesos de cada um destes fatores é extremamente relativa e varia muito de pessoa para pessoa, mas uma regra é certa: quanto maior a viga, mais peso ela sustenta.
Se sua auto-imagem esta ligada ao seu desempenho acadêmico, notas baixas vão afetar seu humor muito mais facilmente do que afetariam outras pessoas, se seu ego depende do quão bem você desempenha uma certa tarefa, falhar nesta tarefa indicará subjetivamente que você falhou como pessoa.

Pois bem. Sabemos que as pessoas são diferentes, tem visões diferentes e prioridades diferentes para sustentar seus egos e manter a auti-imagem, e divergência significa diversidade, é bom as pessoas quererem coisas diferentes, é isso que faz o mundo ser rico em experiências. Porém, relacionamentos são complicadas vias de mão dupla, se você tira notas baixas e se sente mal por isso, pense no quão complicado seria se você tivesse de se preocupar com os sentimentos das notas?

E em relacionamentos é exatamente assim. Ego e auto imagem estarão expostos aos altos e baixos do relacionamento na mesma proporção em que este é importante para você, e isso já foi falado em pelo menos dois ou três dilemas da paixão anteriores. Não importa muito (emocionalmente falando), a atenção que você dá á atividades que não tem como sentir nada de volta, você vai ter uma equação simples a seguir onde o tempo gasto com a atividade é diretamente proporcional aos resultados obtidos nela.
Mas em relacionamentos a equação se complica, outras variáveis emtram em campo e todas elas dependem de uma coisa só, o tamanho da prioridade que a outra pessoa dá a relacionamentos. Isso vai determinar esforço, paciência, disposição e compreensão disponíveis para se levar o relacionamento adiante.

Ou seja, a diferença do tamanho da prioridade dada a um relacionamento pelas pessoas que nele estão vai afetar o relacionamento de maneira onipresente, quanto maior a diferença mais fortes serão seus efeitos. Toda e qualquer atitude tomada, palavra dita e pensamento cultuvado vai trazer consigo uma marca fácilmente perceptível: o quanto você se importa. E quando a balança pende para um lado, o outro, por consequência, sente os efeitos.

E é aí que começa o maior dos dilemas da paixão, aquele que responderá todas as perguntas e que resolverá todos os outros dilemas. A questão definitiva que encerra por completo todas as outras questões. A variável que decidirá o resultado da equação toda. No final das contas todos os outros dilemas se remetem a esse, no fundo no fundo, todos os fatores do relacionamento podem ser respondidos se você conseguir responder este.

De que lado da balança você está?

domingo, 4 de setembro de 2011

Metáforas XI - Parte II

Sua intuição estava certa, sua experiência não estava equivocada, seu árudo e longo treinamento realmente não lhe desapontara.

Havia SIM algo ali, algo perigoso, algo que iria além de suas capacidaddes, algo além de tudo aquilo para o qual ele se preparou, algo mais poderoso e mais forte do que ele jamais poderia imaginar. Naquele calabouço escuro, fétido e de corredores estreitos, ele não ouvia nada mais que a própria respiração, mas sentia o perigo passar muito perto e ameaçá-lo de morte a cada passo.

Não que ele não estivesse preparado, ele estava tão pronto quanto qualquer ser humano poderia estar. Não que ele não tivesse treinado, ele havia praticado tanto quanto qualquer um na idade dele poderia praticar. Não que ele não fosse digno do desafio, mas seu inimigo estava simplesmente muito além de suas capacidades.

Ele sabia que só tinha um escudo, sabia que só tinnha uma espada, sabia que um ataque surpresa no ângulo correto seria seu fim. Sabia que sua armadura não cobria cada centímetro de seu corpo. Mas saber muitas vezes não é o suficiente, e foi assim que aconteceu.

Algo maligno veio. Algo mais frio, impiedoso e implacável do que ele pôde imaginar. Não veio da retaguarda, não veio dos flancos, muito menos de cima, veio bem da sua frente. Um tipo de lâmina escura veio em sua direção e ele até teve reflexo o suficiente para levantar o escudo, mas seja lá o que era aquilo, atravessou não só seu escudo, mas seu braço, sua armadura e seu peito, direto para seu coração.

Um único golpe. Um único movimento lhe dera a revelação que ele precisava. Ele não estava preparado, sua intuição havia acertado. Algo além de sua imaginação o aguardava. Mas sua intuição não lhe salvara. Na verdade, nada poderia lhe salvar daquilo que acabara de lhe atacar. Ele sangrou, sentiu uma dor inimaginável ao ter sua carne rasgada e sua armadura quebrada pela lâmina negra que se projetava a partir de um ponto vazio nas trevas.

Havia algo ali, e agora ele sabia o que era!

Nunca devia ter descido ao calabouço, nunca deveria ter sequer tentado resolver aquele problema. Mas se bem que se ele tivasse recusado, não seria ele, se ele fugisse da missão, não seria ele. Ele estava ali, com uma estaca negra atravessa da no peito sentindo uma dor que nunca sentira na vida. A palavra indescritível parece fraca e vazia para a dor que ele teve de suportar ao cair de joelhos perante um desafio para o qual nunca estaria preparado.

Tentou brandir a espada, tentou levantar o escudo, tentou correr, tentou até gritar, mas nem para isso tinha forças. Seu coração havia sido trespassado, ele estava morto, era seu fim. Iria morrer tentado proteger aquilo que amava, iria encontrar seu fim tentando preservar as pessoas que o condenaram.

Não via nada além de escuridão, foi deixando de sentir não só dor, mas tabém qualquer outra coisa que dependesse do tato para funcionar. A visão, já obscurecida pelas trevas do calabouço fétido, ficou ainda mais negra e logo se foi. Ele caiu, foi derrotado. Apunhalado de surpresa por um inimigo que na verdade ele já sabia que estava lá.

Sua morte teria sido cruel e fria. Seu fim teria chegado de maneira rápida e ninguém nunca acharia seu corpo. Ele apodreceria nos calabouços da praia que jurou proteger, seu esqueleto viraria pó e os habitantes daquele litoral continuariam suas vidas normalmente.

Mas não foi bem assim. Ele acordou numa cama, zonzo, com o peito donendo e com o coração acelerado. Ele fora salvo, Estava num casebre simples de madeira que ele logo reconheceu como sendo de um dos moradores da vila, mas era inteligente o suficiente para saber que nenhum morador entraria no calabouço para lhe buscar, entõa chegou a conclusão óbvia.

O arqueiro e o paladino, seus amigos, haviam lhe salvo. Tanto tempo havia passado desde que ele não contava com a ajuda de ninguém, que se esquecera de que seu aliados estavam por perto, prontos para çhe ajudar. Não fora sua fênix, na qual ele tinha tanta fé, muito menos a fênix alheia, a qual ele sequer via há muito tempo. Foram eles, seus companheiros de viagem, que lhe salvaram a vida.

Eles não ganharam nada indo lá, o calabouço não fazia parte de seu objetivo, eles não iriam receber nenhum tinpo de reconpensa com essa missão. Mas eles foram, eles arriscaram suas vidas para tirar um companheiro do ninho de desespero em que se encontrava. Eles gastaram recursos e tempo para salvar a vida alheia. Coisa que a fênix não fizera. Aliás, onde estaria ela gora? Depois de tantar preces, cortejos, orações e sacrfícios, onde estava a fênix? Ele estava num calabouço frio, abandonado e perigoso, ela seria de grande ajuda numa hora daquelas, mas não ela sequer estava lá e ele nem percebera isso. Rezava, adorava e reverenciava o pássaro como um tolo cego que quer acreditar no que não é real, enquanto sua vida corria real perigo no calabouço.

Foram eles, seus fiéis amigos que o salvaram de uma terrível tragédia lá embaixo. Era a eles que o bardo devia a vida, não á fênix. Foi então que ele começou a ligar as coisas. Quem era o inimigo, quem afinal conheceria suas fraquezas tão bem ao ponto de lhe derrubar ocm um golpe só? Quem seria habilidoso o suficiente para se aproximar sem ser visto, desferir um golpe sem ser impedido e fugir sem ser pego? Teria de ser alguém que conhecesse suas fraquesas, teria de ser alguém que soubesse suas táticas de batalha, teria de ser alguém próximo...

A verdade, começou á cercá-lo como um fantasma indesejado, daqueles que está bem ali, mas você não tem corajem o suficiente para encará-lo de frente. Todas as suas observações convergiam para a mesma conclusão, todas as suas experiências apontavam para um só lugar. Seu inimigo na verdade era invencível, invulnerável. Ele não tinha chance alguma contra ele, ele tinha apenas uma opção e sua opção era justamente aquilo que ia contra todos os seus juramentos, contra tudo aquilo que ele acreditava, contra tudo aquilo que ele prometera proteger.

Assim, ele mergulhou no mais violento e mais arrasador DILEMA de sua vida:

Vida ou morte?