É estranho, você olha para tras e tem a sensação de que são minutos, não anos, que te separam daquele momento. É como olhar para a estrada que você caminhou e se surpreender: "nossa, eu não sabia que tinha andado tanto!"
É como se o sentimento viesse, mas viesse vazio, perdido, sem nada para se conectar. Sem nada concreto para se manifestar. Vem solto como poeira no vento, vem opaco como um vidro embaçado. Por tras desse vidro há coisas que você sabe que foram belas um dia, mas que devido á evolução, crescimento e amadurecimento, você teve de se desligar.
De repente você se da conta de que é o mesmo sentimento que você carrega com você. Não é algo que morreu, foi enterrado e então surgiu outro novo. É algo que foi renovado, aprimorado e reconectado á outras pessoas, lugares e eventos. O amor que sentimos durante a vida é um só, nós apenas aprimoramos nossa capacidade de amar.
Você lembra o quão bom era a simplicidade das coisas que você aproveitava, e pode até sentí-las de novo se fechar os olhos e se concentrar, e ao mesmo tempo em que elas parecem estar ali, ao alcance dos seus sentidos, elas parecem estar tão longe, como que num outro mundo, aquele que você só vai quando dorme ou delira, o mundo dos sonhos.
É poético, saber que tudo aquilo está gravado com você na sua memória, e as vezes sentir sua memória falhar. Sentir sua mente trair seu coração: "Como pude me esquecer de algo tão importante?"
O lugar que deveria ser o mais seguro acabasendo o mais flexível, devido ás novas emoções, como se as memórias novas estivessem enxotando as velhas por sua inutilidade, e aí vem aquela vontade de voltar no passado, voltar naqueles momentos, reviver tudo, só pra refrescar e ter certeza de que elas continuarão ali, vivas e nítidas como se tudo fosse ontem.
É como querer voltar na antiga casa só para querer voltar na antiga casa só para saber como ela está agora. Ver se ela está muito diferente do que era antes. Mesmo sabendo que você não voltará a morar lá, mesmo sabendo que a pessoa que está lá é agora uma desconhecida.
E as vezes parece mesmo que só há dois dias na vida: o ontem e o hoje. São tantas as boas experiências qeu podem ser acessadas como se tivessem acontecido a tão pouco tempo que você se espanta com o tempo real decorrido até então.
E parece que esse cilclo não tem fim, pois sempre haverá um passado do qual se lembrar, sempre haverá um"ontem" para nos fazer sentir que guardamos conosco essas pedras preciosas que chamamos de lembranças, as únicas provas de que o passado foi real.
Então você para. É puxado de volta. Não pela sua mente, mas pelo seu coração. Pois sua mente não te puxa para lugar nenhum, apenas guia, aponta o caminho. Quem dá esses puxões violentos que te tiram do eixo é sempre o coração.
Quando você volta para o "hoje" você percebe porque lembrou: porque seus sentimentos parecem atrair o passado como um íma. É justamente porque não ha mais nada que eles possam atraír no momento, não há onde encaixá-los. É como não ter com quem conversas e querer conversar com sua sombra atrás de você. É como não ter onde colocar uma coisa importante, e querer colocar num buraco no chão. Fica faltando algo. E nesse momento uma voz começa a falar na sua cabeça: "vá em frente, continue andando" Desta vez é sua mente.
Finalmente você se toca de porque estava parado olhando para o passado, era porque não havia nada na sua frente ainda, ou porque o que estava na sua frente estava longe demais, ou por qualquer outro motivo que tenha levado você a acreditar que não valia a pena continuar andando.
O problema é que nessa caminhada em busca da felicidade, você está carregando seus sentimentos, e para eles, não existe espaço ou tempo. Eles atravessam essas barreiras com muita facilidade. Apenas outro sentimento maior e mais forte pode acalmá-los. Enquanto você estiver assim, sensível vai olhar para todos os lugares e sentir uma pontada de nostalgia com pesar, uma mistura de alívio com ressentimento.
Mesmo assim, você sabe que isso faz parte da vida e continua a andar. Pois olhar para o passado faz parte da vida assim como o ato de andar rumo ao futuro. É Yin e yang. O caminhar e o parar, a ação e a reflexão. Pois só se vive a vida olhando para frente, mas só se entende a vida olhando para trás. E nessa olhada que você deu, acabou se lembrando de porque estava andando....
estava andando para achar algo melhor.
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