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segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Herói


Não acho que nenhuma pessoa qu etenha o cérebro operando normalmente esta completamente isenta de sentir emoções. Ansiedade, paixão, felicidade, medo e tantas outras que parecem ser onipresentes na nossa vida sempre estarão lá, não adianta muito fingir que elas não estão.

Quando era pequeno, achava que os heróis eram heróis porque não tinham medo de nada, achava que o que fazia um homem de valor era a morte de todo e qualquer sentimento que o prejudicasse. Um homem forte não sabia o que era dúvida, medo, insegurança ou hesitação. O homem independente não conheceria as palavras apego ou carência. Eu pensei que me igualaria a esses homens no dia em que exterminasse de algum modo os sentimentos que me faziam humano.

Mas com o tempo fui percebendo que não. Que não ter medo não indicava força alguma. Uma pessoa que não tem medo de gatos e se aproxima de um não merece nenhuma medalha por fazê-lo, por que ela teria mérit em fazer algo que para ela é normal? Hora, se os heróis eram homens desprovidos das emoções que todos temos aos montes, eles não merecem nosso respeito, pois afinal eles não precisam despeender um pingo de força de vontade para serem heróicos.

E foi aí que vi que não era a ausência do medo, mas sim o jeito com o qual eles o enfrentavam.

Meus heróis tinham medo sim. Eles tinham dúvidas sim. Mas eles sabiam como lidar com elas. Eles sabiam que seus medos não podiam ser maiores que suas convicções, eles sabiam que muitas vezes eles se sentiam fracos e temerosos, mas tinham de se mostrar fortes para passar força para aqueles que acreditavam neles, incluindo eles mesmos.

Muito recentemente fui consultado por uma pessoa sobre o que fazer perante uma certa situação emocionalmente conflituosa. Observei toda a insegurança que a pessoa demonstrava ao me descrever sua situação e o poder que as dúvidas exerciam sobre ela. Observei o medo de errar, o medo de escolher errado e se arrepender. Vi que a única diferença entre eu e aquela pessoa naquele momento era que eu havia aprendido a lidar com aquele medo em específico e ela não.

Eu sabia que eu sentia as mesmas coisas, tinha os mesmos impulsos de me deixar paralizar e gritar por ajuda, tinha a mesma pré-disposição de pensar negativamente acerca do resultado das minhas decisões, mas eu apenas havia aprendido a lidar com isso, aprendi fazer apesar de temer. Aprendi que mesmo que eu duvidasse das minhas capacidades, tinha de testá-las, percebi que mesmo que tivesse medo das respostas, eu TINHA de fazer as perguntas. E os momentos em que mais me orgulhei de mim mesmo foram aqueles em que minha força de vontade de alcançar algo foi maior que o medo de fracassar. Em que a victoria inspirava mais que o medo.

O herói conquista seu medo por meio de uma combinação de insistência e resistência. Através do auto-conhecimento, ele sabe se defender dos seus próprios inimigos, mas isso não quer dizer que eles não estão lá. Ele aprende a colocar sua força de vontade, sua ética e suas convicções acima dos sentimentos que o prejudicam, mas isso não quer dizer que ele não os sente. Fingir a inexistência dos seus inimigos é o primeiro passo para ser apunhalado por eles pelas costas, o herói os conhece tão bem quanto conhece seus aliados, e é por isso que ele luta batalhas de maneira tão gloriosa.

Saiba quem são os heróis ao seu redor, você pode aprender muito com eles. E o mais importante, saiba que tipo de heroísmo você já realizou, e prepare-se para os próximos.

"Um tolo não conhece medo, um herói não mostra medo."

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