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segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Carpe Diem

Existem muitas pessoas na terra, mas existir e viver são coisas um pouco diferentes. Quantas pessoas será que estão vivendo na terra. Digo, REALMENTE vivendo a vida, aproveitando cada minuto? Talvez não a maioria, talvez não muitos, talvez ninguém.

Mas a resposta para essa pergunta vai depender muito do que você julga como viver, do que você julga como aproveitar, do que é a sua concepção de Carpe Diem.

Para início de conversa, Carpe Diem é uma antiga frase em latim que pode ser traduzida como "aproveitar o momento". Ou seja, viver o agora sem medo do futuro, aproveitar oportunidades e não disperdiçar tempo com coisas inúteis.

Bem, qualquer pessoa razoavelmente inteligente concordaria com esta frase á princípio. Realmente parece um bom modo de viver, mas vamos complicar mais um pouco...

Existem pessoas que siplesmente adoram caminhadas, se elas não caminharem num dia, já se sentirão menos dipostas e talvez até meio desanimadas. Para essas pessoas caminhar faz parte do carpe diem delas, aproveitar a vida para esse tipo de pessoa significa, entre outras coisas, caminhar de dia.

Cada pessoa possui um carpe diem diferente, possui pré-requisitos diferentes para viver o agora, viver bem, viver plenamente. Algumas pessoas só conseguem ser felizes hoje se não souberem o que há amanhã, é o carpe diem simplista, daqueles que não pensam em futuros empregos, projetos de vida, casamento, filhos ou aposentadoria. Para essas pessoas, não saber o dia de amanhã faz parte do carpe diem, pois a aflição do futuro pode contaminar a alegria do presente.

E há pessoas que funcionam de modo contrário, que precisam se agarrar em alguam expectativa futura para continuar caminhando, como um farol, um guia, um norte. Essas pessoas transcendem a barreira temporal do carpe diem e criam um novo pré-requisito para ser feliz, planejar e pensar o futuro. Se o horizonte não se mostrar amigável, a caminhada presente já se dá como perdida. É o carpe diem extendido para o futuro: para ser feliz hoje, precisa-se projetar a felicidade para o amanhã.

Sua criação e seus conceitos sobre si mesmo e os outros vão afetar no seu conceito de carpe diem, e, confie em mim, seu conceito de carpe diem vai influenciar toda a sua vida. Tem pessoas que caminham no parque, fazem exercícios, comem num restaurante novo e no final do dia dizem: hoje foi um dia bem aproveitado. Outras acordam e lêem um livro, compram coisas no supermercado e fazem uma receita nova por si mesmos e dizem a mesma coisa sobre o rendimento do seu dia. Cada pessoa tem sua noção do que é aproveitar o tempo.

O momento pode ser constituído de uma infinidade de coisas, o presente pode ser recheado com todo o tipo de sensações e experiências, inclusive com o futuro, mas nunca deixe esse papel para o tempo passado, se não já sabe: ciclo vicioso.

E você, qual é seu carpe diem? O que é o seu "agora"? Seus amigos? Sua namorada(o)? Um bom livro? Um jogo novo de tabuleiro ou video-game? O que constrói seu momento de maneira satisfatória, o que é necessário para rechear sua vida, de modo que você possa dizer:

Estou vivo!

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Aposta


Imagine que você está conversando com um amigo e vocês começam a falar sobre ganhar dinheiro, então começam a imaginar o que fariam se ganhassem na mega sena. Você pensa no que compraria, no que faria com seu dinheiro, no que investiria... aí seu amigo diz, em tom comedido: "É, mas é melhor não pensar nestas coisas agora..."

Seu insensível amigo estava pensando no lado negativo de se ter dinheiro, nas pessoas interesseiras que se aproximariam de você, no stress que você teria em administrar os negócios que você disse que gostaria de ter, que dinheiro por si só não trás felicidade...emfim, se você é uma pessoa razoavelmente sensata, você tem consciência de todas as coisas que seu amigo disse, mas sabe que sonhar não tem preço.

Pais são, infelizmente obrigados a fazer isso com seus filhos, para terem certeza de que seus filhos são conscientes das adversidades trazidas pela vida. Mas amigos não tem essa obrigação, porém quando se trata de ganhar na mega sena, abrir uma empresa, fazer um curso, isso até que não acontece com tanta intensidade.

Mas com relacionamentos passionais...

Quando alguém menciona vida á dois, casamento e PRINCIPALMENTE filhos, um terror toma conta das pessoas (principalmente homens), uma incontrolável vontade de parar de falar no assunto surge e ninguém consegue segurar a língua: "É, mas ta muito cedo pra pensar nisso." ou os piores "Credo, vira essa boca pra lá." como se estivessemos falando em como seria se nossas mães fossem torturadas até a morte perante nossos olhos.

Certamente que a organizaçaõ da sociedade atual contribui para o medo do futuro nos relacionamento, do compromentimento como a sentença de morte, como a prisão final da vida. E isso domina a mente da maioria das pessoas, que se sentem obrigadas a se movimentar quando vêem outra pessoa ameaçada por este triste fim.

Quando as pessoas nutrem expectatvas sobre algo e estas expectativas são frustradas elas geralmente sofrem, e por um processo natural de empatia as pessoas tendem a tentar suprimir o florescimento de suas expectativas antes que elas se tornem grandes o suficientes para lhe fazer sofrer caso sejam frustradas.

Pensar no pior e preparar o outro para isso como algum tipo de prevenção parece ser muito altruísta, parece realmente uma atitude nobre e louvável. E de um certo ponto de vista é. Mas também faz parte da empatia e do tato social não ser um estraga prazeres, não ser negativo nem ser chato, se não a única coisa que você vai conseguir é que as pessoas parem de falar com você sobre tais assuntos.

Quem está vendo as situações de fora deve sempre se lembrar de que seu julgamento pessoal é relativo e possivelmente falho. De que sua visão sobre o mais apropriado pode não ser apropriada para a pessoa que é alvo de seus conselhos, mesmo que haja diferença de idade entre vocês. Dê conselhos apenas se for perguntada a sua opinião, acredite, se a pessoa não pediu por ela, é porque ela não a quer.

Ainda sim, há o caso em qeu você é a pessoa em questão. Em que você já está dominado por este receio e seu parceiro/a não. Num relacionamento, é normal que haja alguém que sonha mais, que espera mais, que nutre mais expectativas. Esta é a pessoa que mais tem chances de sofrer, mas é a pessoa que sente a maior felicidade e realização no relacionamento (caso ele vá bem).

No final das contas é uma aposta. Você pode ter grandes chances mas nunca vai ter 100% de certeza se vai valer a pena ou não. Se apostar muito e ganhar, ótimo. Se perder, pena. Vai da disposição de cada um, não há como apostar alto e garantir vitória, ou não ser afetado pela derrota. Seria como apostar e, no momento de vitória, dar pulos de alegria. E no momento da derrota, ficar indiferente e dizer algo absurdo como: "Não tem problema, não preciso de dinheiro."

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Metáfora IX


Elefantes tem uma ótima memória. E, á princípio, isto deveria dar-lhes vantagem sobre outros animais no mesmo meio ambiente que eles, certo? Pois afinal, memória não é nada mais do que o efeito de associação que todos os animais possuem para sobreviver. Logo, um elefante será mais eficaz em se lembrar que fogo queima, que um certo lugar é perigoso, que certas folhas são comestíveis, etc...

Em teoria seria assim, os elefantes á princípio vêm ao mundo munidos de um bônus em suas mentes, uma memória mais aguçada que lhes permitiria viver mais e melhor.

Mas na prática, não é sempre assim que acontece, pois o reino animal é impiedoso e pode usar inclusive suas fraquezas contra você. Associação é uma coisa perigosa e enganosa. Por exemplo...

Você amarra um elefante filhote pelo pescoço com uma grossa e resistente corda, ele tenta se soltar, faz força, mas descobre que não é suficientemente forte para arrebentá-la. Depois de fazer isso repetidas vezes, você espera que ele cresça e se torne adulto. Se você pegar a mesma corda e amarrá-lo do mesmo jeito, ele não vai tentar escapar, mesmo sendo capaz de arrebentar a corda com facilidade, ele não vai nem tentar, pois a experiência que ficou marcada foi a de tentar e não conseguir.

O que o coitadinho não sabe, é que ele cresceu, que ele mudou, que ele está mais forte e que hoje, arrebentar a corda seria fácil. Mas o efeito de associação trazido pela sua memória é muito forte, forte o suficiente para mantê-lo preso, pois a corda pode não ser mais forte que ele, mas o trauma é.

Outra grande desvantagem da memória é quando ela é usada por terceiros contra você. O adestramento de animais é feito assim, dando punições como consequência das faltas e recompensas como consequencia dos acertos. Se você quiser ensinar um elefante a fazer algo basta causar-lhe dor quando fizer algo errado e recompensá-lo se fizer certo. Em pouco tempo estará adestrado. Ele irá associar a ação que não deve fazer com o sentimento de dor, e não a fará mais, mesmo que você não esteja por perto para lhe castigar.

Quanto mais facilmente ocorre o processo de associação, mais facilmente manipulável o animal é para terceiros. Mas este processo é necessário para o aprendizado dele, para sua sobrevivência, se não souber que frutas comer e que caminhos evitar, como vai sobreviver e propagar seus genes?

É relamente uma pena que elefantes não sejam maiores que seus próprios medos, que não tenham capacidade de olhar para situações em seu contexto e perceber que podem ser diferentes daquelas do passado. É uma pena que eles associem dor e sofrimento a coisas completamente banais por mero acaso e ganhem traumas para a vida inteira que poderiam ser evitados com um mero processo de análise cética.

É uma pena mesmo...

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Excessões

Imagine que você trabalha numa grande empresa, então, um dos departamentos da empresa divulga uma pesquisa que diz: A média de idade de nossos funcionários é de 28 anos.

Aí você diz: "mas eu tenho 25, conheço uma pessoa de 30, outra de 32, inclusive uma de 40"

O que você se esquece é que quando se diz que a média é 28, poucas pessoas na empresa tem exatamente 28 anos, se você forçar um pouco a memória para se lembrar da matemática da escola, vai se lembrar de que média não reflete a maioria, não traduz em números os fatores predominantes, ela apenas aponta para um meio entre extremos, apenas focaliza uma tendência geral, não casos específicos.

Outras pesquisas científicas vem sendo divulgadas, poucas delas na TV abertam e elas dizem coisas como: mulheres tem menos noção espacial que os homens; ateus são mais inteligentes que crentes; quanto mais inteligente uma mulher, menos chance ela tem de casar, etc...

Muitas vezes algumas verdades nem sempre muito convenientes aparecem para nos chocar, mas temos que dar ouvidos á pesquisas científicas sérias pois elas não são feitas com mera curiosidade, elas nos ajudam a entender o mundo melhor. Quando entramos no campo das ciências sociais, o mais normal é ouvir uma dessas conclusões e imediatamente, buscar uma excessão, exemplo:

"Mulheres tem paladar e tato mais apurados que os homens, já eles tem a melhor visão."

- Ah, mas eu conheço uma caso em que é o contrário, um casal de amigos meus...bla bla bla

É um mecanismo bom tentar encontrar falhas e contradições em coisas que são apresentadas para nós como verdades, foi esse mecanismo que nos fez evoluir e desenvolver as ciências. Mas achar que meia dúzia de excessões fazem teorias científicas caírem por terra é um pouco de exagero. Em primeiro lugar, é muito provável que o que você diz numa conversa não seja uma excessão real, no caso do casal citado acima, é bem provável que nosso amigo imaginário tenha lembrado de duas ou três situações em que um homem demonstrou ter bom tato ou paladar, e uma mulher demonstrou ter uma boa visão, mas situações isoladas não servem de base para indicar as aptidões dessas pessoas. Muito menos para se ter uma idéia da média geral de homens e mullheres.

Mesmo que você conheça vinte excessões, pare e pense antes de refutar pesquisas científicas, que são feitas aos milhares, seguindo rigorosos critérios metodológicos para garantir veracidade. Pense bem antes de achar que você é a excessão (a maioria das pessoas faz isso). Se conhecer melhor requer humildade e se você não está pronto para aceitar algumas verdades, significa que seu orgulho ainda está te impedindo de ser uma pessoa melhor.

E mais uma vez, pesquisas na área de ciências sociais indicam médias e tendências, é claro que haverão excessões, mas elas não se distanciam muito da conclusão atingida. Por exemplo:

"Mulheres costumam ser menos altruístas com estranhos na rua, homens ajudam mais."

Mesmo que você se ache uma mulher muito bondosa, e esteja muito bem disposta a ajudar os outros, é provável que o número de vezes que você faz isso seja menor do que o da grande maioria dos homens. Não quer dizer que você é mesquinha, mas as pesquisas apontam para isso, cabe á nós interpretar os fatos: "OK mulheres não são tão altruístas com estranhos na rua, por que?" Isso é ciência, é pegar os fator e transformar em teorias tentando entendê-los.

Pare e pense quando estiver lendo livros, vendo programas ou conversando com pessoas que citem pesquisas científicas confiáveis, pois uma coisa é certa...

É extremamente, mas EXTREMAMENTE provável que você não seja uma excessão.