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segunda-feira, 31 de maio de 2010

A nossa parte nisso tudo


Muitas vezes fico indignado com a injustiça feminina acerca dos nossos sentimentos. Vejo homens honestos, bons e sinceros serem pisoteados e usados para atender ao supérfulo desejo feminino de se sentir adorada como uma deusa pelo maior número de homens possíveis. Vejo canalhas e jogadores se darem bem e se envolverem com um número assombroso de mulheres enquanto muitos dos homens chupam o dedo choramingando a derrota.

Mas apesar de me enfezar muito com incoerências femininas e já ter lido bastante a respeito, hei de concordar que nós temos a nossa parcela de culpa nisso tudo. No texto "nós e elas" eu recebi um comentário que me botou para pensar um pouco sobre um assunto que não havia explorado da maneira certa:

E a nossa parte nisso tudo?

Afinal homens não são todos santos e não posso simplesmente dizer que os que não são foram todos estragados por mulheres desonestas. Então, resolvi deixar meu pensamento tendencioso de lado para melhor explorar a nossa culpa, nossa parcela de responsabilidade sobre a situação atual do mundo quando se trata de relacionamentos.

Desde pequenos quando as meninas estão construindo sua auto-imagem e os meninos construindo lego, há uma diferança de interesses. As meninas parecem amadurecer mais rápido e tentar entender suas próprias emoções mais cedo do que nós. Talvez por isso nossa adolescência seja tão tempestuosa, somos um pouco ignorantes acerca daquilo que queremos. Mais a frente uma guerra de egos começa, e ninguém sabe exatamente quem começa, mas todos continuam.

Vejo em muitos blogs masculinistas que mulheres são instaveis, excessivamente sentimentais, não se entendem direito e não sabem lidar com as próprias emoções.

Mas talvez nós sejamos assim também. O homem que despreza o sentimento alheio e age por conveniência não se entende muito bem. A pessoa que desconta em inocentes a raiva causada pelos culpados não é lá uma pessoa muito sensata. Os muitos jogadores, canalhas e cafajestes que existem hoje não estão jogando só com outras jogadoras canalhas, mas também com mulheres inocentes, pré-dispostas a sonhar, a se apaixonar e consequentemente, a se machucar.

Traumas passados podem até fazer você se paralisar, ou perder oportunidades, mas repetir seus traumas nos outros por vingança e remorso é completamente imoral. E como homens gostam de comandar, de se sentirem dominantes e poderosos, gostam de se sentirem destacados e fortes, aproveitam situações de fraqueza emocional para criarem seu "rebanho" de escravas sentimentais.

Muitas mulheres maravilhosas perdem a fé nos bons homens porque as vezes até os bons estão mirando no lugar errado. Ás vezes até os bons homens ouvem maus conselhos e fazem besteiras, como tentar jogar numa situação onde a naturalidade seria mais apropriada.

Muitas mulheres que seriam potenciais "princesinhas", desistem e querem ser a "mulher fatal" que intimida, que é indomável e imprevisível, que pisa nos menores e se apoia nos maiores, mas isso acontece por causa de canalhas que falam "eu te amo" só para amolecer seus corações, jogadores inescrupulosos que mentem deliberadamente apenas para conseguir sexo.

A frustração de expectativas deve ser avassaladora numa mulher que passa por isso. Se nós, homens, já sofremos com o método de ensino da vida, imagine elas, que são regidas por emoções, que costumam idealizar casamentos, filhos e vida a dois muito mais do que muitos de nós?

Realmente, estamos pensando muito com a cabeça de baixo e deixando nossos instintos nos guiarem, passando por cima das necessidades emocionais de muitas delas. Se um homem quer só sexo, deve procurar uma mulher que queira a mesma coisa. Se o relacionamento é superficial e ele esta na fase de "curtição" ele tem a OBRIGAÇÃO de comunicar isso caso perceba a criação de expectativas do outro lado. (e caso não perceba também, só por precaução).

Todos nós já destruimos alguém ao longo da vida. Todos nós já matamos uma potencial princesa, todos nós já estragamos uma potencial "mulher pra casar", todos nós já pisoteamos os sentimentos de alguém que simplesmente queria o nosso bem, nada mais. Já fizemos desfeita para amores puramente altruístas, apenas por que não nos era conveniente no momento. É muito egoísmo da nossa parte mesmo.

E nessa batalha onde todos só se machucam, eu me pergunto: haverá paz um dia?

Ou estamos fadados a nos esfaquear incessantemente na luta pela dominação sentimental?

A vida vai nos endurecer cada vez mais, nos deixando mais e mais egoístas e insensíveis?

Ou encontraremos uma pessoa com quem não precisaremos mais jogar, não precisaremos mais batalhar?

Fica aí a reflexão...

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Dilemas da paixão V


A solidão traz liberdade. E as vezes, tras carência....

...e na carência da solidão você vê sua razão te deixar aos poucos, você sente seus sentimentos aos poucos aglutinarem as suas conclusões sobre o quão bem você estava e como é bom ser livre.

Aos poucos a sua segurança vai se deteriorando, sendo corroída pelas suas dúvidas.
Aos poucos, suas convicções vão sendo, uma a uma, assassinadas silenciosamente pelos seus medos. Você não percebe isso acontecer.
Quando se da por conta já esta completamente sem defesas, totalmente vulnerável a qualquer tipo de ataque ou armadilha, sensível á qualquer tipo de dano, por menor que seja.

Suas exigências entram em baixa, você diminui os pré-requisitos necessários para escolher alguém, começa a cogitar possibilidades que antes julgava impossíveis. Começa a, lentamente, entrar em desespero. Sua necessidade vai lentamente te botando num estado similar a uma crise de abstinência. Nesse estado, você já não é mais dono dos seus pensamentos.

Escolher um parceiro sob tal estado emocional é óbviamente perigoso e arriscado, pois sua visão estádistorcida, seus pré-requisitos estão anulados e sua capacidade de discernimento entre o que vale a pena e o que não vale foi varrida pela carência. Apesar de tudo isso, essa é justamente a hora em que nós mais precisamos de alguém especial do lado.

O engraçado é que nosso magnetismo pessoal não brilha nessas horas. Nessas horas estamos inseguros, fracos e pouco confiantes. Apenas quando estamos num estado autônomo e independente é que nossa personalidade aparece em toda a sua glória. Só parecemos atraentes, fortes e magneticamente desejáveis quando não estamos precisando de ninguém e, ironicamente, esses parecem ser os momentos em que as propostas e oportunidades parecem aumentar.

A carência parece ser uma brincadeira da vida, uma piada do destino que parece falar: "ta vendo? Naquela hora você não quis!". Ela é justamente o estado emocional em que você mais sofre pela falta de tudo aquilo que tinha em abundência em outros momentos: auto-confiança, carinho, valorização da auto-imagem. Mas quando essas coisas vem, é na hora em que nós viramos de volta para a vida e dizemos orgulhosamente: "agora eu não quero mais". E dispensamos doações daquilo que não nos falta, justamente quando são dadas de bom grado.

Quando temos não precisamos,
Quando precisamos não temos
E quando precisamos "E" temos
Devemos agradecer pela sorte...

...de o destino ter sorrido para nós justamente na hora em que estávamos de bom humor para sorrir de volta.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Hipocrisia

Palavra que deriva do latim hypocrisis ou do grego hupokrisis. Ambos significam basicamente a mesma coisa: a representação de um ator, fingimento, atuação (no sentido artístico).

Hoje elas servem para designar um outro tipo de ator...

...o hipócrita (no sentido moral).

No texto ceticismo sentimental, eu comento brevemente sobre táticas e métodos para se esquivar de armadilhas, perigos e equívocos que acontecem nos relacionamentos por falta de observação. Geralmente as pessoas não sabem as razões dessas frustrações e isso acarreta em depressões, suicídios, crimes passionais, traições, discussões, etc.

Esses enganos constantes se dão quando somos enganados por hipócritas. Por pessoas que tem um discurso que difere das nossas expectativas, mas principalmente, quando este discurso entra em conflito direto com as ações do "ator".

Todos nós temos uma pequena dose de hipocrisia dentro de nós, é uma hipocrisia inconsciente que só acontece quando estamos sob fortes emoções, como medo, insegurança, paixão ou ódio. Nessas horas é comum ver pessoas invertendo levemente seus discursos para melhor lhes servir, talvez porque estão sob a ameaça de perder algo, talvez porque estão tomados pelo amor passional, talvez porque estejam inseguros ou tenham vergonha de admitir algo que afetará sua auto estima. Fazer uma pequena hipocrisia sob condições emocionais extremas é normal, faz parte do ser humano.

Mas o hipócrita propriamente dito não se limita a isso. Ele faz questão de cobrar ativamente uma certa postura dos outros que ele não tem. Ele profere, com convicção e certeza, verdades sustentadas por argumentos convenientemente distorcidos para reprimir o erro alheio, dar conselhos, recomendações e mostrar que é detentor de alto conhecimento. Mas no momento de aplicar tais conhecimentos, o hipócrita inverte o discurso, muda de tática. O teor dos argumentos muda totalmente, fatores novos de repente aparecem, fatores que até então não estavam sendo levados em consideração, apenas apareceram convenientemente para ajudar o hipócrita a perdurar sua mentira e sua falta de carater.

E como todo o bom ator, o hipócrita sabe improvisar. Mas é no improviso que sua máscara cai aos mais atentos. Se você joga as palavras dele contra ele para lhe provar sua deficiência moral, você vai perceber se ele é um bom ator ou não. Se ele não for, sua máscara cairá imediatamente. Se for bom, uma bomba relójio vai começar uma contagem regressiva para sua queda, é só continuar pressionando, pois pode-se enganar a alguns por algum tempo, mas não se pode enganar a todos o tempo todo, e os adeptos da hipocrisia discarada se esquecem disso com frequência. O hipócrita sempre acaba por se contradizer, mais cedo ou mais tarde.

Como se o desvio ético da hipocrisia sistematizada e planejada já não fosse o suficiente, alguns vão ainda mais fundo no poço da imoralidade. Negam e escondem deliberadamente. Tentam passar uma borracha em suas palavras passadas e, desprovidos de qualquer pudor ou vergonha, dizem frases como:

"nunca disse isso..."
"você entendeu errado..."
"não era bem assim..."
"não foi isso que eu quis dizer..."

Presumindo que seu interlocutor seja um idiota completo, eles tem a coragem de olhar nos olhos de pessoas que depositaram neles sua confiança e negar vêementemente sua falha de caráter. Reafirmar que as coisas não são o que parecem ser, e que a percepção de quem julga é distorcida e limitada. É muito comum um hipócrita subestimar a inteligência dos outros e superestimar a própria.

O processo de avaliação cética derruba a hipocrisia numa questão de tempo. Compare ações e palavras do seu alvo de análise e pronto, a verdade aparece como que por mágica. Nenhum hipócrita resiste a análise cética. Nenhum. Isso não quer dizer que todos eles irão admitir a hipocrisia sob a qual se escondem, pois o ego domina as ações de gente assim. Muitas vezes é melhor dar as costas ao ator, abandonar sua peça e o deixar atuando sozinho.

Tenho receio de pessoas que possuem discursos morais e éticos perfeitos demais, geralmente esses são os hipócritas, pois ninguém é tão perfeito quanto parece. De perto ninguém é normal. Quanto mais imaculado o discurso for, maiores as chances de um hipócrita estar por tras dele, pois sábio e confiável é aquele que reconhece suas falhas. Quem conhece a si mesmo já andou metade do caminho rumo ao aperfeiçoamento pessoal.

O processo de hipocrisia começa com uma inocente postura de auto-propaganda. Uma despretensiosa tentativa de marketing pessoal que consiste em falar os pontos bons e omitir (não mentir) qualquer coisa sobre os ruins. É daí que nasce o ator, é assim que nasce o hipócrita. Ele não aparece da noite para o dia, ele não começa a atuar de repente. Ele gradualmente vai encenando peças cada vez maiores e mais complexas, aumentando seu público a cada uma delas. A omissão começa a virar distorção e a distorção é a antecessora da mentira.

Seja cético e observador e desmascare a hipocrisia sem piedade. Não engula histórias adulteradas ou meias-verdades. Valorize a sinceridade acima da comodidade. Preze pelos atos antes das palavras. Não tenha medo da verdade, ela vai te moldar como o adulto que você vai ter que ser um dia. E acostume-se com a idéia de que ninguém no mundo é perfeito, e o grau de perfeição da pessoa que você merece corresponde ao seu. Se ainda há gente assim no mundo é porque damos espaço para eles, é porque gostamos do conforto e da comodidade daquilo que parece perfeito e sem falhas, é porque tem coisas que todos nós gostamos de ouvir que não correspondem a realidade. É na nossa fraqueza e na nossa falta de firmeza para com a vida que florescem as desgraças. E é no contraste com a desgraça que o hipócrita aparece reluzente em toda sua falsa glória, falsa modéstia e falso caráter.
Um sincero imperfeito é melhor do que um perfeito hipócrita.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

A falta que ela me faz...

Nunca dei real valor, até o dia em que percebi que a havia perdido. Nunca notei a magnitude de tudo aquilo que ela representava em minha vida até o momento em que sua ausência me acertou em cheio.

Sabia que era bom, mas não sabia o quanto.
Sabia que era única, mas não sabia o porquê.
Sabia que um dia ela iria embora, mas não sabia que seria sem eu perceber.

Eu pensava que um tudo acabaria da noite para o dia. Pensava que um dia, em meio a uma crise, ela simplesmente me abandonaria. Mas não foi assim, ela foi me deixando aos poucos, e eu fui deixando ela aos poucos. Estávamos caminhando para mundos diferentes, gradualmente nos distanciando enquanto o tempo passava.

Não sei se ela mudou, mas tenho certeza que eu mudei. Talvez tenha sido isso, eu passei a vê-la com outros olhos, ela já não era mais a mesma para mim. Não que ela não fosse boa o suficiente, é só que não era para mim. Não sabia explicar, e ainda acho que até hoje não sei.

Hoje quando eu penso nela, não sei exatamente o que sentir. Uma mistura estranha de pesar com nostalgia me invade. Hora eu sinto saudade, hora eu fico feliz por ter seguido em frente. Se pudéssemos apenas ter conciliado as duas coisas, mas o tempo me arrastou para um mundo diferente do dela. E as vezes eu sinto que foi contra a minha vontade.

Nunca consigo um veredicto em relação a nossa separação. Fico pensando como seria se o fim não tivesse chegado. Seria estranho, não seria mais natural, não seria "eu" e não seria "ela". Mas isso acontece com todos nós, temos que continuar a vida e prosseguir, pois cada fase é uma fase.

Mas não posso negar a falta que ela me faz,
Não posso negar que foi uma época maravilhosa,
Não posso negar que até hoje sonho com ela,
Ela, alvo de sonhos e suspiros,
Ela, berço de traumas e alegrias,

Ela, ...

... a minha infância.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Filosofia e as origens do universo

Resolvi pegar introdução á filosofia esse semestre na Unb e admito que não poderia ter feito escolha mais sábia. Estou amando as aulas e tomando nota de tudo o que o professor diz, sento na primeira fileira com o notebook no colo e nem pisco até o fim da aula.

Nossa primeira aula começou, é claro, com os pré-socráticos (mais especificamente, os Jônicos), e eu me interessei muito na visão de mundo que eles tinham. Para se despreender da necessidade do mito para explicar o mundo, eles começaram tentando substituí-lo por algo mais lógico.

Por isso que antes de Sócrates as pessoas na grécia não estavam muito focadas em filosofar sobre o homem, e sim sobre o mundo, a origem da vida, os mistérios por trás do funcionamento da natureza, etc.

Tudo teria um princípio, uma razão de ser (o logos). O logos do homem seria a inteligência. Sendo assim deveria existir uma razão primária para todas as coisas, um fundamento básico de toda existência, como se fosse uma base primordial sobre a qual tudo se fixa. Essa razão primordial se chamava Arkhé fundamental. (Arkhé = fundamento, princípio, aquilo que sustenta)

Thales de Mileto disse a Arkhé fundamental seria melhor representada pela água, pois todos os seres vivos dela necessitavam para viver, sendo assim ela deveria estar conectada com a origem de toda a vida. (chutou muito perto para um cara que viveu em 700 a.C.)

Já Anaxímenes apostou no ar, por ele ser invisível, intangível e incorpóreo. Ele teria a sutileza necessária para ser esse elo entre o físico e o espiritual, ele deveria ser a Arkhé fundamental por que estaria presente em todos os lugares e mesmo assim, não teria forma própria e seria ilimitado.

Pitágoras já parte para outro campo e diz que a Arkhé fundamental é o número (arithmos). Não como abstração de quantidade, mas como a não variante que governa a essência das coisas. Por exemplo, eu sou humano, eu posso ser novo, velho, posso estar sem braços ou perder minha memória, mas eu não vou deixar de ser um humano, essa "coisa" que me faz ser humano seria meu número, minha "não variante".

Mas, na minha opinião, foi Anaximandro de Mileto quem chegou mais perto (da verdade). Ele disse que a Arkhé fundamental era o elemento Apeiron. (A=não; peiron=limite)

Ou seja, não podemos explicar o físico pelo físico. A origem, a razão de todo o mundo físico deve ser explicada por um elemento não físico, intangível e ilimitado. Um tipo de elemento primordial, ou energia pura que daria origem a todos os outros elementos. Esse elemento base não poderia ser encontrado no mundo físico, mas pertenceria a um plano superior, a uma dimensão infinita que escapa á nossa percepção. Apeiron nunca foi criado e nunca nasceu, sempre existiu e sempre existirá. (parece com a definição de outra coisa hoje em dia)

Que visão extraordinária para um filósofo que viveu a dois mil e quinhentos anos atrás! Naquela época ainda não haviam lunetas,microscópios, laboratórios, equipamentos que permitissem a análise molecular das coisas. Os conhecimentos científicos da época eram extremamente limitados e ainda sim, havia uma visão tão desenvolvida para explicar o funcionamento do mundo. E essa explicação não foi só ele que usou na história da humanidade...

Bioenergia, Chi, Chackra, luz astral, perispírito, mana, etc...

Vemos muitas culturas e religiões dando diferentes terminologias para uma mesma coisa, uma energia infinita que corre em todos nós, um tipo de elemento primordial que compõe tudo o que existe e permeia toda a existência. Pode ser usada para curar, machucar, pode ser transformada em outros elementos, é intangível, invisível e infinita.

Anaximandro jamais viveu para conhecer orientais Taoistas, Xintoístas ou Budistas. Ele nunca viveu para ouvir falar do conceito de perispírito de Allan Kardec. Nunca verá os ensinamentos esotéricos derivados do judaísmo que deram origem á Kabbalah. E mesmo assim vemos um conceito tão universal passar por todos esses pontos, seria isso apenas uma tendência humana para explicar o inexplicável? Só mais uma teoria de inconsciente coletivo de invocar o sobrenatural para explicar o natural?

Ou será que algo parecido com Apeiron realmente existe? Será a física realmente está para achar a tal "partícula fundamental" que forma todas as outras no universo? Os tais "pré-quarks" ou "préons"(sei lá se é isso mesmo, não entendo muito de física sub-atômica) seriam a resposta para a composição do universo, iremos finalmente analisar aquilo que da origem a tudo, aquilo que seria, em termos físicos práticos, o criador do nosso universo? Ou isso estará para sempre fora do nosso alcance?

Fica aí a reflexão.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Chuva


Quando a chuva aqui chegou
Trouxe consigo escuridão
Obstruindo meu caminho
Outrora meu coração

Um medo tolo e cego
Aos poucos se alastrou
Na magia que, em dias
Simplesmente desmoronou

Não por assimetria
Não por incompatibilidade
Não por falta de sintonia
Ou de força de vontade

Foi um distante futuro
Presumido brevemente
Que viajou através do tempo
Para invadir uma mente
Foi necessário a insegurança
Viajar muitos e muitos anos
Para fazer seus cálculos
De prevenção de danos

Numa bela e elegante valsa
Que beirava a pefeição
Foi apenas um passo errado
Que estragou a apresentação
Num encaixe quase sublime
De mútua admiração
Foram fatores externos
Que lhe tomaram a decisão

Quando a chuva ali chegou
Via tudo ir embora
E o céu escurecia
Levando minha aurora
Quando a chuva á nós chegou
Eu não soube o que fazer
Por inércia acabei sendo
O que não queria ser
Mas a água dessa chuva
Lavou todo o meu caminho
E nem que seja por orgulho
Eu o trilharei sozinho.

A inspiração para esse bateu muito de repente, escrito em menos de dez minutos no bloco de notas do celular enquanto eu estava pronto para dormir. O orgulho citado no último capítulo refere-se ao orgulho masculino própriamente dito, principalmente ao que se refere á autonomia e independência sentimentais, que não refletem o estado de espírito mas sim o disfarçam, e com o tempo, o dobram e adaptam.

domingo, 16 de maio de 2010

Metáfora

Imagine que você entende tudo sobre armas, você é especialista em balística e técnicas de tiro. Você sabe como cada arma funciona, poderia dizer o modelo de uma arma apenas tateando-a de olhos vendados. Sabe desmotar, montar, recarregar, travar e destravar uma arma com perfeição e precisão.

Na verdade, análise de armas é quase um esporte pra você. Você pesquisa, lê sobre o assunto, observa e compara. Armas melhores, armas piores, melhores métodos de treinamento de tiro, melhores maneiras de se limpar uma arma. Emfim, seu conhecimento teórico sobre armamento é gigantesco e encheria muitos livros. E você gosta disso.

Mas se alguém atirar em você, você vai, invariavelmente se machucar. Não importa o tamanho do seu conhecimento. Porque você ainda é humano. E a pessoa nem precisa entender muito de armas não, pode ser uma pessoa comum, uma pessoa boa, uma pessoa má, uma pessoa que você conhece, uma pessoa que você não conhece. Se ela tiver acesso á uma arma, e atirar, você corre o risco de se machucar.
E não só isso.

Imagine-se limpando ou manuseando uma arma de algum modo. Você sabe como fazer, ninguém melhor do que você para esse processo. Mas acidentes acontecem até com especialistas, então a arma dispara e te acerta de raspão. Você fica abismado de como aquilo pode ter acontecido, logo com você que tem tanto conhecimento, logo você que é uma pessoa tão bem preparada! Como isso pôde acontecer? Você, que poderia calcular até a velocidade de uma bala levando em conta a força de resistência do ar! Como algo tão ridiculamente banal pode ter acontecido com alguém com tanto conhecimento?

Mas acontece. E Seu conhecimento não faz sua pele ficar de aço. Você ainda pode ser baleado, ainda pode morrer com um tiro, porque você ainda é humano, mas é que as vezes você se esquece disso. Você se esquece que colete, capacete e táticas de tiro são apenas detalhes que aumentam suas chances de não se machucar, mas não te tornam invulnerável a balas. Até porque você não vai usar acessórios e táticas o tempo todo, você tem que viver uma vida normal como todo mundo.

E aí você percebe que NADA nunca vai te tornar invulnerável á balas. Porque você é um humano, e todos os humanos são vulneráveis á balas, e ponto. Você não é diferente por causa do seu conhecimento.

O primeiro sentimento é uma leve decepção, uma leve tristeza de que todo o saber seja inútil perante um tiro. E você se sente fraco, impotente diante de algo mais forte que você. Saber que nada do que você fizer vai mudar o fato de que um tiro lhe é fatal é desanimador.

Mas então você se lembra de que é por que você é humano. E isso é bom. Talvez se você fosse invulnerável e imortal a vida não teria tanta graça assim, talvez algumas coisas perdessem seu brilho. Então você aceita. Aceita sua mortalidade, aceita sua vulnerabilidade. E volta ao seu hobby de mexer com armas, mesmo sabendo o quão perigosas elas são, mesmo sabendo que tudo pode acontecer, você volta para mais uma vez aprender, para mais uma vez...

...se surpreender.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Dilemas da paixão IV

"Você é tão racional, lógico e centrado em relação a seus pensamentos, que quando você passa por esses dilemas e agonias que todo mundo passa na vida amorosa, você sofre mais, você sente isso como um peso muito maior, faz mais efeito em você."

Minha mãe me disse isso enquanto conversávamos no carro dela no dia das mães. Na verdade foi uma das coisa mais sensatas que já ouvi dizerem sobre mim. Essa semana foi muito movimentada, e percebi algumas coisas que deram origem a mais um "dilemas da paixão":

A racionalidade é inimiga da paixão, ela é controladora, analítica, fria e meticulosa em seus cálculos de prevenção (de esforço e de dano). A razão de nada nos serve quando estamos apaixonados, ela perde sua utilidade no momento em que nos entregamos ás nossas sensações. Pois nesse estádo ébrio de prazer sentimental, não precisamos pensar, apenas seguir os instintos.

Parecemos puxados de um lado para o outro. De um lado, a razão tenta nos segurar, nos controlar, impedir que nos machuquemos, evitar qualquer descuido e frear nossas ações precipitadas. Ela se baseia nas experiências passadas para presumir e deduzir todo o tipo de desgraça que poderia ocorrer conosco caso fôssemos apressados demais.

Por outro lado, a paixão tenta nos soltar. Fica nos alimentando com fantasias e expectativas, aumentando nosso desejo e por vezes, nos fazendo esquecer completamente de nossa imagem, do nosso orgulho e do nosso ego. Não enxergamos mas a nós mesmos, só á outra pessoa. Paramos de prestar atenção em variáveis, em armadilhas, no mundo a nossa volta e as atenções parecem momentâneamente focar apenas um alvo, a pessoa amada.

Porém quando essas duas forças colidem, quem sofre somos nós. O fogo da paixão esquenta as correntes da razão e acabamos nos queimando duplamente. Consumidos pela insaciada vontade de ter, somada com o medo de falhar.

Daí nasce o dilema.

É claro que o tamanho da paixão vai ditar a dificuldade em suportar o dilema, quanto maior ela for, maior será seu fogo, mais impetusoa e ardente será a vontade de exrtavazar todo o sentimento. Se ela for pequena e pouco chamativa, ela não será um desafio, a razão a dominará facilmente, e nenhum movimento será impensado.

Mas qual é a graça de chamas pequenas, qual é a graça de paixões sem importância, ou sem história? Os livros, filmes, novelas, músicas e tantas outras formas de expressão artística não se basearam nas paixões fracas. Não se inspiraram no caso passageiro. Isso não tem a menor graça, relação sem paixão é uma coisa sem graça, sem cor, sem brilho. Ninguém gosta disso, ninguém se realiza nisso, ninguém encontra alegria nisso.

É aí que cresce o dilema.

O recheio da paixão precisa estar presente para dar sabor ao processo de conquista, a história tem de ser escrita com entusiasmo, a estática não faz parte da formação do relacionamento, ela tem que ser dinâmica, cheia de reviravoltas e supresas, inconstante como a chama que a alimenta. Se não, se apaixonar perde o sentido, a história perde a graça.

Mas o que fazer, se a tão necessária chama é tão incontrolável? Se sua presença nos é tão nociva?
A quem dar ouvidos quando há o risco para ambos os lados?

Se não sabemos o que fazer com a inconstância da paixão, temos que usar a frieza da razão e fazer o cálculo, se o risco for maior que o benefício, é melhor retroceder. Se não, siga adiante. Parece um calculo simples, mas quando chega a hora, ninguém sabe fazê-lo sem errar pelo menos algumas vezes.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Segurança

O texto sobre insegurança havia sido o primeiro nesse blog, então decidi fazer um sobre segurança para complementar.

A segurança pode transformar uma pessoa por completo, desde o jeito de andar e falar, até seus pensamentos íntimos e a maneira com que vê o mundo a sua volta. A pessoa segura sabe das próprias capacidades e sabe usá-las. Não se valoriza mais do que o necessário, se é boa em algo, sabe que é boa, aceita elogios, mas nunca elogia a si mesma.

Uma pessoa pode transitar da insegurança para a segurança em uma questão de segundos. Basta uma frase, um olhar, uma dedução rápida para que nós sejamos apruptamente puxados de um extremo a outro. A partir do momento que se deixa a confusa e sofrida terra da insegurança, a pessoa passa a dominar a situação, dominar suas emoções e seus sentimentos. E esse domínio transparece nas atitudes e a pessoa aparenta ser mais forte, mais madura, mais sensata e inteligente. Por isso todos (principalmente as mulheres) querem pessoas seguras de si para um relacionamento.

A força da segurança é como uma armadura adicional, que te protege contra suas próprias oscilações emocionais. Te mantem no eixo, na linha reta da razão. Você fica seguro e protegido enquanto vê seus sentimentos passarem violentamente de um lado para o outro, esbarrando em você, mas sem te derrubar. Você sabe que pode caminhar sem medo, pode avançar sem receios pois ela vai te manter invulnerável.

Por isso a pessoa que passa segurança é como um farol, um guia. Você sabe que pode confiar naquela pessoa, que pode contar com ela. É um porto seguro, uma firmeza adicional que atrai magneticamente outras pessoas, principalmente em relacionamentos amorosos. Por motivos já explicados em outros textos, essa postura geralmente se faz muito mais necessária no homem do que na mulher.

Quanto maior é sua expectativa em relação a uma pessoa ou uma situação, mais você está vulnerável á ela. Mais poder ela tem sobre você, pode te deixar muito triste ou muito feliz, portanto você automaticamente precisa de provas que garantam que aquela pessoa/situação não irá frustrar suas expectativas, você precisa de evidências que comprovem que suas teorias e presunções correspondem a realidade. Essa necessidade é tão grande quanto suas expectativas.

Essa necessidade é a insegurança.

Quando essa necessidade é suprida, vem a segurança.

A insegurança causa reações diferentes nas pessoas. Algumas se precipitam, ficam afobadas e metem os pés pelas mãos. Outras travam, param de agir e se recolhem em seu mundo numa postura defensiva.

Na segurança é a mesma coisa. Existem os que agem com rapidez, fazem acontecer, tomam atitude, e há os que esperam, desfrutam da sensação de domínio e prolongam a situação.

Mas o mais curioso sobra a segurança é que ela é uma faca de dois gumes. Uma gota a mais de segurança e ela vira pretensão. A segurança só é segurança se ela corresponde á realidade, a partir do momento que você presume que é melhor do que realmente é, que tem um controle maior do que o que realmente tem, você passa para a soberba, e isso costuma ser um tiro no pé.

Por isso, é sempre melhor ser um pouco cético e nunca chutar muito alto em relação as nossas capacidades e as situações em que nos metemos. Exagerar para mais é grave, para menos nem tanto. Pois humildade é sempre bem-vinda.

A segurança pode dar forças ás pessoas para fazerem coisas que nunca fariam em situações normais. Pode fazer um tímido falar, um apaixonado se arriscar, pode dar asas á cobras e pode romper barreiras construídas por medo.

Uma ferramenta poderosa de ataque e de defesa que consiste apenas em se auto valorizar na medida certa, nada mais, nada menos. Em ter amor-próprio de uma maneira saudável e comedida. Em reconhecer os próprios méritos sem colocá-los em contraste com o dos outros.

Segurança é a alavanca que agiliza o progresso.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Pretensão x Presunção

Pretensão, de acordo com o Aurélio: "vaidade exagerada, soberba", é um erro gravíssimo, que pode custar caro. Um veneno nocivo que se espalha lentamente até tomar conta da mente e modificar a visão que o auto-confiante tem do mundo e das pessoas.

O pretensioso aposta alto, da muitos palpites tendenciosos e é excessivamente confiante na sua ilusão de invulnerabilidade.
Não ha espaço para prudência ou cautela, o pretensioso é como um veículo sem freios. Tão confiante em sua própria capacidade que não calcula as suas possíveis falhas e variáveis que podem lhe atrapalhar. Desconhece o fato de que há outros bem preparados, fortes e habilidosos dividindo o mundo com ele. Se acha páreo para os maiores e bom demais para o resto.

Um cara de pau convicto, que vive imerso na ilusão de independência e autonomia totais. Ao mesmo tempo, vê em todos os lugares inexistentes demonstrações de dependência, submissão e admiração dos outros a sua volta. Acha que não precisa de ninguém e que todos precisam dele.

Como a pretensão não é nada mais do que excesso de presunção a favor do ego, o pretensioso tem não só uma visão distorcida, mas também transmite aos outros uma imagem errônea. Uma falsa modéstia misturada com soberba cria um tipo antagônico de comportamento, facilmente percebido se analisado de perto.

Porém a presunção por si só não é nociva, de acordo com o aurélio, presunção é "o ato ou efeito de presumir, supor ou suspeitar." Bem, isso é mais ou menos o que as pessoas fazem todo dia, até termos provas a favor de algo, qualquer opinião nossa é uma mera presunção. Porém, enquanto ela não cria preconceitos, anula oportunidades ou fecha portas, ela é inofensiva.

E eu diria até que é construtiva. Presumir é um bom esporte, afinal a prática leva a perfeição. Se treinar o ato de palpitar seus palpites vão começar a ficar bons. É claro que isso só vai acontecer se você aprender quais as ferramentas são necessárias para aprimorar essa habilidade. Uma pessoa não fica melhor em matemática só fazendo contas aleatóriamente, ela precisa ter uma instrução mínima, seja de um professor, seja de livros, mas ela precisa saber COMO melhorar.

Com a presunção não é diferente, ela é uma ferramenta útil para se fazer previsões e evitar acidentes nos relacionamentos (de todos os tipos). O que pode se tornar algo negativo é o tipo de postura que você toma depois de presumir. Se exagerar na dose, vai começar a passar da presunção para a pretensão. Se for de menos, vai ser uma pessoa negativa e com baixa auto-estima.

Não tenha medo de ser presunçoso, mas nunca, nunca mesmo, se dê ao luxo de ser pretensioso. Pois quando se anda é muito mais fácil cair olhando para cima do que olhando para baixo.

Nós e elas

No início da vida elas não existem como um grupo separado. Não há nenhum tipo de distinção, não há clubinhos, pré-julgamentos ou expectativas. Elas são como nós, apenas humanas. E ainda estamos experimentando o mundo através dos nossos sentidos.

Depois elas aparecem, percebemos que elas são diferentes de nós, que elas gostam de coisas diferentes, se vestem de outra maneira e tem um jeito diferente de falar. Logo, começamos a nos afastar delas e nos aproximar daqueles parecidos conosco. É um processo natural de identificação, formam-se então, os clubinhos.

Com essa formação vem outro efeito natural do clubinho: a apatia pelo diferente, o desgosto pelo que é oposto ao grupo, a aversão por tudo aquilo que não entra no processo de identificação. É o preto-no-branco da infância, ou amamos ou adiamos algo: não há meio termo.

Esse efeito nos faz vê-las de outra forma. Como chatas. Elas falam besteiras, gostam de coisas ridículas, agem de maneira idiota e por alguma razão desconhecida, algumas delas exercem um efeito estranho sobre você. Mas como tudo que é desconhecido geralmente é temido, agente se afasta dessa sensação e continua observando aquele estranho grupo á distância.

Mas essa fase passa rápido, e logo entra a mais longa de todas, a que você acha elas um enigma. Você começa a achar elas interessantes, vê que não são tão chatas assim e percebe que muitas delas são inclusive parecidas com você em alguns pontos. Mas você não sabe exatamente como a cabeça delas funciona, você acha que é amigo de algumas quando de repente aquele sentimento estranho volta, mas dessa vez você não tem medo, você tem curiosidade.

As coisas começam a acontecer: o primeiro beijo, a primeira namorada, o primeiro fora, a primeira decepção...

Aos poucos você vai aprendendo mais sobre o mundo delas, desvendando seus segredos e tentando usar esse conhecimento ao seu favor. As vezes suas previsões dão certo, as vezes não.

Com o tempo seu conhecimento vai aumentando, você lê um ou dois livros a respeito e vai observando seus amigos e elas em relações. Vai percebendo alguns padrões, alguns comportamentos que se repetem, vai construindo uma comparação entre observação e teoria.

Alguns param por aí, não refletem, não chegam a nenhuma conclusão, e ficam presos em seus próprios ciclos viciosos. Esses são muito provavelmente a maioria de nós.

Mas outros vão além e vêem que elas não são tão misteriosas assim. Vêem que muito do que nós achamos confuso sobre elas é justamente porque elas não se conhecem muito bem. Vêem que muito do que elas fazem, não fazem por querer. E que no fundo todas querem a mesma coisa e tem as mesmas necessidades básicas. Percebem também que há certas posturas suas que podem ter resultados nas expectativas delas para com você.

Depois de ter esse conhecimento, nós nos dividimos em dois:

Os que usam isso de maneira ofensiva e os que usam de maneira defensiva.
Os que usam de maneira ofensiva usam e abusam (delas). Utilizam todo seu conhecimento acerca do universo feminino para satisfazer suas necessidades pessoais. Sem limites, sem escrúpulos, desconsiderando totalmente os sentimentos alheios. Mentindo, omitindo, traindo e ignorando toda e qualquer consequência que sua busca por satitisfação venha a ter.

Existem também os que usam esse conhecimento de maneira defensiva, para não cair em armadilhas sentimentais, manipulações, decepções e situações constrangedoras. Eles buscam o que querem mas seguindo rígidas regras para não machucar ninguém ao longo do caminho, como um código de honra, como um tratado de paz.

Mas dos que usam o conhecimento de maneira defensiva acabam se dividindo em dois de novo: os que passam para o time da ofensiva, e os que permanecem.

Os que passam para a ofensiva são os revoltados, amargurados e decepcionados com a dura realidade dos relacionamentos. Por serem vítimas da guerra, quebram o tratado de paz. Por verem desonestidade e falta de caráter, quebram o código de honra. Esses são os que se desiludiram depois de árduas tentativas fracassadas de conquista ou de manter uma relação. Que tiveram seu altruísmo retribuido com traição, desconsideração e desprezo. Depois de tanto se machucar, esse grupo decide seguir a lei da selva, a lei do mais forte e mistura um sentimento de vingança (fizeram comigo, vou fazer com elas), com um sentimento de descrença (é disso que elas gostam mesmo/é isso que elas merecem). Viram jogadores.

Os que continuam na defensiva são uma rara minoria que não se deixa levar por sentimento de vingança, ódio ou ressentimento. Continuam firmes na sua busca e apesar dos duros tapas da realidade, não revidam pois sabem que não lhes cabe educar os outros. Sabem que não faz parte de sua responsabilidade girar um tipo de roda kármica e querer fazer mal a quem acham que merece.

Mas essa rara minoria é composta por duas partes. Aqueles que ficam na defensiva porque querem e os que apenas assumem essa postura porque não tem força o suficiente para serem jogadores. Estes admitem sua fraqueza e sua incapacidade de jogar na ofensiva e se comformam com sua situação, botando uma máscara de altruísmo e bondade que esconde a revolta reprimida por não ser forte o suficiente. Seriam jogadores ofensivos se sua vontade de satisfazer suas necesidades pessoais não fosse maior que seus medos. Mas os traumas e inseguranças que moldam o passado deles supera em muito sua vontade de jogar. É claro que esse tipo de homem geralmente vai dizer que na verdade é sua bondade e altruísmo que o mantem na defensiva, mas na verdade é o medo de se machucar.

E assim elas vão meio que moldando parte da nossa personalidade através de experiências, peneirando os homens através do tempo. Poucos de nós chegamos a idade adulta intactos, poucos de nós atingímos a maturidade completa com a capacidade de sonhar e nos entregar. Poucos de nós ainda tem fé. Sim, fé. Pois fé é acreditar sem evidências, e é mais ou menos isso que temos que fazer se quisermos nos manter esperançosos de que nós e elas podemos ser felizes.

Mais tarde podem até haver outras fases, mas eu não sei quais seriam pois só tenho vinte anos. Pode ser que, em termos teóricos, elas ainda não sejam um livro aberto para mim.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Canto do guerreiro

Não derramarás uma única lágrima sequer
Nem mesmo no leito de morte de teus sentimentos
Pois vossa força é medida sob adversidades

Não sucumbirás nem perante o mais cálido dos beijos
Pois vossa honra precede vosso instinto
O qual deve ser subjulgado pela razão

Mil donzelas caminham na terra
Mil beijos lhe aguardam em vida
Mas teu coração é um só
E uma só deve ser aquela que o dividirá contigo

Mil demônios o praguejam no inferno
Mil anjos oram por ti no céus
Mas teu caminho é um só
E apenas tua espada dá excelência á tua palavra

Não desvirtuarás aquelas com virtude
Mas se o fizeres, não te preocupas
Pois as castas não cederão ao brilho da tua armadura
Mas sim ao fulgor de tua honra

Distinguirás umas das outras pela postura
Nunca pelas palavras
Pois ávido é o desejo feminino por conquistas
E minunciosa é sua mente e seu coração

Tortuosos são os caminhos da vida
E por vezes trevas virão assombrar-lhe o coração
Mas tu te manterás de pé e nem sequer piscará
Por mais que tua alma o contradiga

Vós sois homens
A terra santa da infância de onde brota leite e mel
Já está há muito tempo sepultada
Vós sois guerreiros agora

Prontos para abdicar da mais linda mulher
Prontos para renegar as mais tentadoras riquezas
Prontos para sacrificar o mais belo sentimento
A favor da honra de ser forte
Em prol da glória de ser, afinal, ...

...um homem. Um guerreiro.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Dois discursos

O discurso dos livros de auto ajuda geralmente é esse:

Você é especial. Você é diferente. Você tem o poder de mudar sua vida a qualquer momento que realmente desejar. Você tem potencial para ser e fazer o que quiser. Com força de vontade e acreditando em você mesmo, você pode tudo. Você é um ser maravilhoso que pode mudar a vida de muitas pessoas para melhor, inclusive a sua. Mesmo que sua realidade atual pareça limitada ou negativa, você pode transcender isso apenas com o seu pensamento positivo e abrir portas para uma vida nova, plena e feliz.

Seus sentimentos são sua bússola, guie-se por eles: ame, ria chore, pule, dance, brinque como se não houvesse amanhã, como se não houvesse ontem. Aproveite o agora, o momento. Apaixone-se! Se não der certo, bola pra frente, se der, comemore. A vida foi feita para ser vivida, arrisque, tente, viva. Não se deixe levar por medos. Supere-os e continue desfrutando tudo que a vida tem para oferecer. Carpe Diem!

Eles não ganhariam muito dinheiro se falassem assim:

O universo tem bilhões de galáxias, e as galáxias tem bilhões de estrelas e muitas dessas estrelas tem planetas girando em torno de si. E um desses planetas é a terra, que tem bilhões de habitantes. Um desses habitantes é você. Um pequeno e insignificante amontoado de carbono que vai, assim como todo mundo, morrer um dia, independente de como viva sua vida.

Você não é especial, é um ser humano como qualquer outro. Com os mesmo direitos e deveres que qualquer outra pessoa, seja ela mais ou menos talentosa que você, seja mais ou menos feliz que você. Independentemente do que você acredite, a natureza vai seguir seu curso natural, e você está sujeito as leis da física como qualquer ser no universo.

Você está muito provavelmente amarrado pelo seu ego, seu orgulho e sua necessidade de aprovação externa. Isso gera uma grande quantidades de problemas dos quais você nunca vai conseguir se livrar por completo até o fim da vida, apenas atenuá-los caso seja uma pessoa sensata.

As pessoas não estão necessariamente limitadas por sua capacidade financeira, o lugar onde nasceram ou sua educação. Mas estão limitadas por sua própria disciplina, força de vontade e disposição. Algumas pessoas tem mais, algumas pessoas tem menos, você pode ser do grupo que tem menos, e se for, nunca vai ser uma pessoa de sucesso duradouro, nem arranjar um bom casamento ou educar bem os seus filhos. Nem todo mundo no mundo tem potencial para ser uma pessoa feliz e bem sucedida, alguns nascem pra morrer na praia, e você pode ser um deles.

Na sociedade de hoje, que é utilitária, não ha espaço para pessoas 100% egoístas ou 100% altruístas. Os egoístas tem que pensar nos outros de vez enquando, nem que seja por interesse pessoal (dar um pouco só para receber depois). E os altruístas tem que pensar um pouquinho em si mesmos, por uma simples questão de sobrevivência. Não existe a utopia de pensar só no outro de fazer o bem sem olhar a quem. Quem pensa só nos outros é explorado, quem pensa só em si mesmo é odiado.

Você é um pouco egoísta, e isso é bom, significa que você vai sobreviver, pois a vida é uma selva. Ninguém além de seus pais querem seu bem incondicionalmente. Se você não der um pouco do que as pessoas querem (atenção, consideração, carinho, lealdade), elas te abandonarão, e isso é natural, mantem a via de mão dupla nos relacionamentos. Todas as pessoas querem algo de você: umas querem coisas simples como sua amizade, sua consideração e seu respeito. Outras querem sua fidelidade, seu apego, seus sentimentos de paixão e carinho, outros querem seu dinheiro, outros não querem nada, esses são os mais confiáveis. Mas são muito raros. Se tiver sorte pode até encontrar um na sua vida interia.

O processo de aprendizado se dá da mesma maneira com todos os animais, inclusive com o homem. Quando você é criança, você cai, aprende a andar e depois evita novas quedas. Você se queima e aprende que não deve por a mão no fogo. Isso é experiência vivida.

Mas há algumas coisas que não precisam ser vivenciadas, você não precisa experimentar todo tipo de drogas para saber que elas fazem mal. Isso é experiência transmitida.

Independente do tipo de aprendizado, por experiência transmitida ou vivida, eles servem para prevenir danos. Pense antes de agir, antes de falar, antes de se apaixonar. Evite danos desnecessários ao seu estado emocional e ao seu corpo. Medos são dispositivos que milhares de anos de evolução nos deram para que pudessemos nos prevenir contra danos desnecessários, para que púdessemos sobreviver.

Seja cauteloso e use seu passado como referência para prevenção de danos, até bebês aprendem a não botar a mão no fogo diversas vezes. Se quiser sair ileso, ou pouco machucado da batalha que é a vida, seja cético.

É claro que entre a realidade e a utopia: temos um equilíbrio.

Não sou adepto de viver a vida no segundo discurso, muito menos no primeiro. Só tenho 20 anos e não tem como eu dar um único veredicto sobre o que é a vida e como ela deve ser vivida. Mas sei que se dentro da vida encontramos equilíbrio como a resposta para tudo o que ela proporciona, acredito que a própria vida, filosoficamente falando, seja regida por algum tipo de equilíbrio.

Do equilíbrio, eu não sei.

Mas sei que estes são os extremos.

O veneno da fé


Costumo comentar em comunidades do orkut de religião e ateísmo, debates espiritualistas e comunidades filosóficas. Não porque eu queria convencer alguém, mas porque gosto de ver as pessoas defendendo seuspontos de vista. Primeiro porque eu morro de rir com gente que não sabe argumentar, e segunto porque de vez em quando aparecem uns comentários e argumentos muito bons nas comunidades, que são realmente construtivos.
Mas esses dias vi um que me deixou de queixo caído. Durante uma discussão em uma dessas comunidades, eu vi um membro dizer a seguinte frase em seu comentário:

"A fé é o estágio mais avançado da razão humana."

Minha língua coçou, não podia ficar calado diante de uma atrocidade dessas, tinha que comentar. Mas como na comunidade isso ficaria muito extenso. Vou colocar o pensamento na íntegra aqui.

Em primeiro lugar fé e razão são coisas totalmente diferentes. Fé é acreditar sem evidências. É achar que sabe sem ter provas, é adaptar os fatos ás teorias, é distorcer a observação para que ela se encaixe na conclusão.

Razão é exatamente o contrário, é acreditar perante evidências, desacreditar perante evidências contrárias, achar que sabe com provas, a adaptar a teoria aos fatos, é modificar a conclusão para que ela se encaixe na observação.

Na fé, o fato já vem pronto, mastigado. Você não tem provas, análises, pesquisas, observações ou evidencias que o sustentem, ele simplesmente foi passado através de "revelação, autoridade ou tradição" (os três piores argumentos do mundo). Você não testou para saber, não comparou dados, não fez pesquisas concretas, apenas acredita porque é confortável, porque você se identifica com aquilo, apenas acha que é assim e ponto final. Você acha que sua crença está além das provas físicas e que as lacunas deixadas pela ciência justificam seus argumentos automaticamente, como uma vitória por eliminação.(se a ciência não consegue explicar, só pode ter sido Deus!)

A fé te ensina que acreditar sem duvidar é uma virtude é algo bom e louvável. Ela te diz que se você acredita cegamente em alguma coisa você é uma pessoa de valor, que se você não questiona você é virtuoso. Bem, não foi com esse tipo de pensamento que a humanidade evoluiu, não foi pensando assim que fomos a lua, descobrimos a cura de inúmeras doenças, criamos computadores, robôs e meios renováveis de energia.

A evolução humana se deu graças ao uso da razão. Na razão, você compara, testa, põe a prova antes de declarar algo. Você tenta de todas as maneiras achar provas contrárias a sua teoria antes de acreditar nela. Ela tem que resistir á duras argumentações, testes e comparações antes de ser validada. Imagine se um dia um xamã antigo dissesse: "esta erva cura tal doença" e todos acreditassem pelo resto da vida nisso só porque ele falou? Se ninguém chegasse e falasse: "bem vamos ver se cura mesmo, vamos fazer um teste".
Se o pensamento crítico não existisse, viveríamos na idade das trevas, a mercê de doenças, pragas e fome.

Mas foi a razão, e não a fé, que alavancou a evolução humana. A fé é um vírus que apenas a destrói. A produção de conhecimento e avanço tecnológico no mundo avançava violentamente na época do império romano, até Constantino espalhar o cristianismo e depois chegar a época da inquisição. Na época onde a fé minava a mente humana, a produção de conhecimento científico praticamente parou. Apenas no século dezoito a humanidade retomo seu ritmo de produção de conhecimento científico como antes.

A fé não é um estágio da razão, ela é oposta a razão, a fé é a negação da razão em todos os seus sentidos. A fé em si não tem sentido racional ou lógico por definição, dizer que fé é uma coisa bonitinha, que ajuda as pessoas a passar por momentos difíceis é uma coisa (isso se chama efeito placebo e já é altamente conhecido). Mas dizer que ela o estágio mais avançado da razão humana? Esse é estágio primitivo, o infantil. Quem acredita em coisas fantasiosas sem provas só poque outros falaram ou porque acham legal são crianças. Me poupe.

Razão trouxe curas para doenças que hoje você não precisa se preocupar, razão te deu computadores, internet, carros, conhecimento acerca das leis físicas que governam o universo e filosofias morais e éticas que se aperfeiçoam com o tempo.

A fé, desculpem os religiosos, não trouxe nada. Apenas serve como muleta, como apoio, como consolo para os incompreensíveis mistérios do universo que logo serão compreendidos. Como prêmio de consolação para os que não aceitaram as leis da natureza, que é implacavelmente indiferente com todos os seres, inclusive com os seres humanos. Animais nascem e morrem, mundos são criados e destruídos, galáxias inteiras entram em colisão e se fundem, a natureza apenas segue as suas leis inexoravelmente, sem julgar, premiar ou punir. Ela é indiferente, basta parar e observar.

Existem aqueles que pesquisam, chegam a conclusões e assumem que elas podem ser derrubadas perante teorias melhores sustentadas por provas. Esses são os cientistas. Esses são os verdadeiros usuários da razão. Aqueles que engolem verdades prontas, acreditam por comodidade, não submetem as coisas ao pensamento crítico, não estão mais avançados no uso da razão. Muito pelo contrário, esses são os mais atrasados, de mente infantil e pouco crítica.

Reformulando a frase:

"A fé é o estágio mais atrasado da razão humana."

E tenho dito.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Carinho


É a essência da manifestação da paixão e do amor
É o abstrato preenchendo gestos e palavras com o calor da afeição
Não se pode pedir carinho nem dar carinho
Pode-se pedir palavras carinhosas e gestos carinhosos,
Pois carinho é a qualidade que contém o gesto com a vontade de agradar
Com a vontade de transmitir ao outro um pouco de si através do toque,
Dos olhares, das palavras e de tudo aquilo que podemos fazer carinhosamente
O carinho é uma essência tão forte que mesmo em sua abstração,
É facilmente percebido e, consequentemente
Facilmente entitulado no lugar de seu meio de manifestação:gestos e palavras.
Mas ele permanece como o conteúdo, gestos são apenas cascas vazias para abrigá-lo
Pois nenhum gesto ou palavra exerce sua força plena sem o auxílio do carinho
Ele maximiza a força de seu intermediário com sua presença,
Ele atribui a simples gestos, mil palavras.
E á palavras, mil significados.

Não é um texto reflexivo, e sim lírico. A idéia não era exatamente teorizar sobre carinho, mas sim discorrer de forma poética sobre ele. Porém, no final o texto acabou ganhando um aspecto muito técnico, mas falou o que era pra falar mesmo assim.