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segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Ser homem


É consativo, é complicado e é estressante. Me dá um pouco de vontade de rir quando mulheres dizem que é difícil ser mulher. Elas tem uma vida social tão fácil, mas outras pessoas já discorreram sobre esse assunto e estou aqui para falar de desafios de verdade.

O que é ser homem hoje em dia? Viadagem virou metrossexualismo e qualquer comportamento ou opinião conservador é taxado de machista, ogro, retrógado e opressor. Então como construir uma identidade masculina? Quais são as peças que precisamos reunir para formar um homem de verdade?

Bem, a cada ano que passa a resposta para essa pergunta parece estar mais longe, mas acredito que há certas coisas que todo homem deve procurar desenvolver em si para se chamar de macho.

1. Autônomo
A autonomia financeira deve ser conquistada assim que possível, claro, e é por isso mesmo que um moleque de 15 anos ainda não é um homem de verdade. Mas mesmo assim autonomia financeira é só metade da necessária para ser um homem, se você tem dinheiro mas não consegue trocar o pneu de um carro ou bater um prego na parede e precisa que outros homens façam isso por você, está pecando na sua masculinidade. Existem coisas que qualquer idiota consegue fazer, faça essas coisas.
2. Inteligente
Não adianta só músculos (ok, adianta um pouquinho), mas se você quiser estar á altura dos melhores e das melhores é preciso ser inteligente. E isso não significa ser uma biblioteca ambulante e ter toneladas de conhecimento acumulado. Ser inteligente é saber usar bem o conhecimento que se tem. É saber a hora de calar a boca e a hora de falar. E, principalmente, saber escolher bem as palavras. O homem inteligente tem tato e não vomita conhecimento a torto e a direita, ele sabe ouvir.

3. Forte
Porte físico é o de menos, um homem de verdade é mais forte que seus sentimentos, que seus medos e que suas necessidades emocionais. Ele conserva a razão acima da emoção, pois ele é o farol, o guia do relacionamento. Ele é uma rocha e sentimentos próprios ou alheios são apenas ondas fracas quebrando nela, sem movê-la. Saber conservar a razão é a principal característica de um homem, homem emotivo não é homem de verdade.

4. Justo
É errado abusar dos mais fracos. E não estou falando só de mulheres. Violência contra indefesos (seja física, seja psicológica) é covardia e totalemte desnecessário para um homem de verdade. Afinal, esta não precisa descarregar raiva (pois é forte), conseguir atenção (pois é autônomo), ou disputar com outros (pois é inteligente). O homem justo é o bom líder, que recompensa os bons com sua lealdade, e os maus com sua INDIFERENÇA.

Difícil né? Mas quem disse que é fácil ser homem? Modelos ideais são apenas referências, claro. Mas atingir 1/5 disso tudo que eu falei já é um puta desafio. É uma pena saber que hoje poucos são assim e que por causas do nosso descaso com nossa masculinidade, temos nossa parcela de culpa nesse ciclo vicioso de ódio cego em relacionamentos, onde mulheres e homens descontam uns nos outros suas raivas e frustrações infantis.

Poucos são os que reconhecem que seus problemas são só seus e de mais ninguém,
Poucos reconhecem que pisar nos outros é simplesmente errado, não importa o motivo nem a circusntância,
Poucos reconhecem que valentia e olhar para o próprio medo e enfrentá-lo com peito aberto,
Poucos sabem que força é a combinação de flexibilidade com resistência,
Poucos sabem o que é ser um homem de verdade.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Metáfora VI

Existem muitas técnicas orientais de luta que, para desenvolver a resistência dos ossos (Muay Thay) ou dos músculos (Judô), uitlizam exercícios extremamente dolorosos que submetem o lutador a dores extremas e levam o corpo dele ao limite para que este possa desenvolver maior força. Essas técnicas sempre funcionaram a olongo dos milhares de anos que elas existem, e continuam funcionando hoje.

Lá está o iniciante de Muay thai extremamente empolgado para aprender, sonhando em se tornar um lutador profissional um dia, sonhando em entrar para os melhores do mundo, sabe que vai ter que suar muito mas está otimista e disposto a fazê-lo. Disse que era isso que ele queria, seus amigos falaram que o treino era difícil, mas ele estava pronto.

Isso é porque ele ainda não começou o treino de verdade.

No Muay Thai, para desenvolver a resistência do osso da canela, o aprendiz tem que condicioná-la através da técnica de calejamento, na qual é preciso fragmentar o osso levemente para que novas camadas de cálcio sejam naturalmente produzidas pelo corpo em cima das danificadas, fazendo com que, a longo prazo, o lutador tenha ossos muito mais resistentes por causa das camadas de cálcio adicionais.

Aí o aprendiz pensa, tudo bem, é um sacrifício que vale apena! E vai todo feliz fazer esse negócio de fragmentar o osso.

Ele vê que terá de dar canelada (com vontade) numa tábua de madeira grossa e dura, á princípio ele hesita, aquilo deve doer muito, mas se é um passo no caminho para a evolução, tudo bem!

E ele dá as caneladas.

Em um minuto ele está vendo estrelas de tanta dor. O coitadinho realmente não fazia idéia do quanto doía, ele vê a canela roxa, até sangrando em alguns pontos e se pergunta como os profissionais aguentaram o treino. Á princípio sente uma raiva descontrolada de tudo (até da tábua), sente ódio por ter escolhido aquela arte marcial, depois percebe que sua raiva esta crescendo porque ele não tem a quem culpar se não a si mesmo. Ele começa a repensar se quer realmente aquilo, se está realmente disposto. O primeiro pensamento é: "eu não vou aguentar isso por muito tempo."

Um de seus amigos diz que desistiu, que a dor não vale a pena, que há outras habilidades para se desenvolver que não doem tanto, outro diz que é assim mesmo, que passou por isso e com o tempo ficamos mais resistentes a dor. Ele ouve um, ouve outro, mas está difícil pensar em meio a tanta dor.

Ainda de pé, com a cabeça erguida e com a postura que um homem tem que ter, o aprendiz olha para a tábua manchada com seu sangue tenta raciocinar em meio a sangue e suor. É difícil pensar no momento de dor, principalmente se o assunto sobre o qual você está pensanodo é a própria dor, é difícil refletir olhando para o seu próprio sangue!
Se ele parar, poderá evitar a dor, e realmente existem muitas outras coisas para fazer além de Muay Thai, mas será que o treino de todas é indolor? E se ele não se acostumar com a dor, o que será dele nos momentos em que ela vier? (pois ela virá, mais cedo ou mais tarde).

Se ele continuar, não sabe se vai conseguir aguentar o treino até o fim, e corre o risco de se machucar sériamente, inclusive de prejudicar seu corpo permanentemente, sua perna pode nunca mais ser a mesma, ele pode ter contusões sérias durante as lutas e, no pior dos casos, morrer. Pode perder a vida na tentativa de se tornar o melhor, na tentativa de simplesmente evoluir.
Mas ele mesmo disse que queria, quando decidiu que terinaria Muay Thai e seus amigos disseram: "Mas você sabe a desvantagem não sabe?" E ele disse: "eu sei, mas estou pronto." mas uma coisa é ouvir a frase "fragmentação do osso" e outra é dar um chute numa tábua de madeira. Você não entende uma coisa através da outra assim fácil, é preciso passar pela experiência.

A dor maior não é a da canela, é a do orgulho, ele fez a escolha, ele disse que aguentaria, agora, independente de suas indecisões, dores, dilemas e pensamentos, ele tem que continuar. Não porque quer ser o melhor, não porque quer ser campeão, agora que começou o treino ele sabe o abismo que existe entre ele e os mehores. Não vai mais treinar para ganhar campeonatos ou dar aulas, vai treinar porque ele é um homem, um homem que disse que conseguiria.

E ai dele se chorar no processo. É melhor desmaiar de dor do que chorar por causa dela, não pode mostrar que não está aguentando, ele sabe que o arrependimento momentâneo e o receio de dar mais chutes é um problema dele, ele não pode culpar a ninguém pela dificuldade do treino ou sua falta de força.
Então, em meio á uma dor indescritível, ele olha para a tábua, respira fundo, fecha os olhos e se prepara...
...para o próximo chute....

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Tradição

Vivemos hoje numa sociedade onde "ser moderno" significa aceitar promiscuidade com naturalidade, ter preferências sexuais exóticas e ignorar por completo tudo o que diz respeito a estrutura familiar e papéis definidos dentro de relacionamentos.

A exigência por flexibilidade vem aumentando cada vez mais e a cada ano que passa, mais um pensamento que parecia bom para nos ajudar a organizar nossas vidas se torna antigo e ultrapassado. O grito das novas gerações por liberdade está ficando cada vez mais forte e vindo cada vez mais cedo. E deixando os mais velhos com cada vez mais dor de cabeça.

Apesar de ser um adepto da liberdade de pensamento e de expressão, acredito que alguns aspectos da tradição podem nos ser úteis, quem já leu Confúcio sabe que os rituais da tradição ajudam a manter a sociedade organizada, desenvolvem disciplina e evitam guerras civís e crimes.

Bem, eu (em parte) discordo dele.

Não é a a tradição em si que mantem a ordem, mas o valor nela contido. O problema de hoje não é a falta de tradição, é a falta de clareza quanto aos valores. O que é ser um homem de respeito? O que é ser uma mulher de respeito? O que é ser uma pessoa de valor? Como hoje em dia tudo é relativo e flexível esses conceitos vão se diluindo, primeiro perdemos os ritos de passagem, depois, perdemos os papéis definidos, então, aos poucos todo o nosso conceito vai ficando muito vago e a mercê das novas modas de pensamento que pegam de uma hora para outra.

Recentemente, fui chamado para apresentar-me formalmente aos pais da minha nova namorada e conversar com eles sobre minhas intenções. Á princípio parece uma coisa inútil para a maioria dos jovens que vê isso hoje, mas esse é um exemplo de tradição positiva. A "intimação" não é feita com o intuito de definir se eu vou namorá-la ou não, é com o intuito de mostrar á mim que ela é uma menina de família, que eles estão prestando atenção na vida dela como bons pais que são e que se preocupam com o que acontece com ela e querem estar á par das escolhas que a filha faz para a vida.

Mas parece que hoje em dia a maioria dos jovens tem uma aversão automática á tradição e isso, ao meu ver, está ficando cada vez pior. Não sabem mais o que é ter valor, o que é ter respeito. Esses conceitos estão ficando mais e mais vagos. Neste ponto confúcio acerta, a falta dos rituais dificulta o esclarecimento dos valores. Se você não tem que esperar os mais velhos sentarem antes de comer, se você não tem que conversar com os pais da sua namorada, se você não precisa demonstrar respeito em momento algum, como vai aprender a tê-lo?

Os valores se refletem nas atitudes, e nossa neurose por igualdade e liberdade esta aos poucos corroendo aquilo que deu certo por milhares de anos. Resta saber quais valores nós ainda vamos ser capazes de passar para nossos filhos, sem que eles olhem torto para nós e digam:

"isso é coisa do passado."

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Polis


Comentaram neste blog um dia que eu poderia escrever sobre política, e acho que, indo pela via filosófica, esta seria uma boa tentativa.

Aristóteles foi um filósofo bastante prático, não estava preocupado com o funcionamento metafísico do universo como os pré-socráticos ou com ideais perfeitos como platão. Ele queria usar a filosofia na prática, para melhorar as relações sociais e a política em geral. Não queria saber do "perfeito", do "modelo" ou de conceitos inalcançáveis que apenas nos lembram de como somos imperfeitos. Ele pensava sobre o que seria a melhor maneira possível, pois o impossível era perda de tempo.

Um conceito muito interessante de aristóteles era o de polis. A polis não é somente um espaço físico, ou um aglomerado de pessoas. É uma rede social interconectada não só por necessidade mas também por amizade. Ele dizia que para uma polis saudável era preciso haver amizade entre os homens e que todos deveriam se tratar com respeito e consideração como tratariam irmãos, pois assim uns sempre se preocupariam com os outros.

Disse também que uma polis não pode ser grande demais senão as pessoas aos poucos vão perdendo essa conexão umas com as outras, perdendo a noção de interdependência e criando uma ilusão de individualidade que fará com que a polis desabe e vire apenas um aglomerado de solitários que não conhecem uns aos outros nem se importam uns com os outros.

Uma descrição que se encaixa com assombrosa perfeição na atualidade, Aristóteles viveu a 2.300 anos atrás e, como um homem prático, percebeu os fatores que poderiam ruir uma sociedade.

O que aconteceu com a polis de Aristóteles?
O que aconteceu com a amizade entre homens?
O que aconteceu com o respeito e a consideração?

A resposta é: nada. O que aconteceu foi o crescimento populacional e a avanço da tecnologia.

No tempo de aristóteles as sociedades não eram do jeito que são hoje, óbvio, mas isso não quer dizer que todos se tratavam como irmãos. E sabendo disso, Aristóteles discursou sobre a necessidade de leis.

Se não temos moral e ética internamente, estas precisam ser impostas externamente á nós através de leis. Se sabemos que o homem pode matar temos que fazer uma lei (com punição) para os que matam, se sabemos que os homens estão roubando, temos que criar leis e punições para roubo. Se a natureza do homem fosse altruísta, pacífica e serena, não precisaríamos de leis, isso quer dizer que quanto mais leis um povo tem e quanto mais complexas elas forem, pior é o estado moral dessa sociedade.

Nós, aqui no Brasil, estima-se que haja cerca de dez milhões de leis. Incluindo todos os tipos de normas em todas as esferas de poder e áreas de atuação. Desde leis trabalhistas e criminais até códigos de defesa do consumidor e constituição federal.

É muita lei.

E segundo Aristóteles isso é um péssimo sinal. Se essas leis estão aí é porque precisam estar, se precisam estar é porque não temos interiormente as restrições morais que essas leis trazem, se não temos isso nossa polis deve ser um caos, uma selva, onde é cada um por si e todos tentam achar brechas nas leis e normas para vantagem pessoal. Uma polis onde, se há a probabilidade de impunidade, o risco da transgressão vale. O excesso de leis cria uma nova lei no inconsciente coletivo, a lei de "não ser pego."

Mais uma vez parecia que os Gregos assistiam Linha direta, casos de família e os escândalos de corrupção. Parecia que os filósofos políticos da época sabiam como as coisas poderiam desandar com o crescimento desenfreado da sociedade e avanço da tecnologia, parece que sabiam o resultado da falta de noção de coletividade.

É possível uma polis sem leis, que conte apenas com o bom senso de seus integrantes? A grande maioria das pessoas concorda que não, mas então, sejamos práticos como Aristóteles, se isso é impossível,

o que é possível?

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Bênção e maldição

Nascemos humanos e, como humanos, nascemos com muitas sementes dentro de nós. Nossa mente muito bem desenvolvida está pronta para interpretar o mundo á sua maneira, tirar conclusões e responder aos estímulos que a vida dá.

Mas uma dessas sementes me é um tanto duvidosa. Uma das pré-disposições do ser humano me assusta um pouco quando eu a observo de perto, ainda não sei se é uma bênção ou se é uma maldição.

Nossa consciência.

Com o tempo nossas experiências se acumulam, vamos ficando mais espertos, mais cautelosos e mais eficazes quando o assunto é satisfazer o noso ego. E não há respaldo maior para o ego do que a vida sentimental. Nossa dependência desde cedo determina que gastaremos muito esforço, tempo e dinheiro satisfazendo as necessidades do nosso ego.

E então as pessoas começam a viver dilemas. Pois por um lado vemos Disney e comédias românticas e sonhamos com o par perfeito e o relacionamento feliz e duradouro, mas percebemos com o tempo e maturidade que não é exatamente daquele jeito. Aí começa o problema, é aí que entra a maldição. Dilemas não existiriam se não existisse o ego, todos nós seríamos altruístas doadores prontos para amar incondicionalmente.

Mas nossa consciência nasce conosco, e para alguns ela vai ficando mais forte, a resposta mais fácil para os dilemas á princípio é evitar o apego sentimental (que é o que causaria sofrimento) e satisfazer o ego superficialmente com relações descompromissadas e rápidas. Mas essa apenas PARECE ser a solução.

Pois a tendência de evoluir nossa percepção do mundo continua e então notamos que se envolver com o máximo de pessoas possíveis não é o remédio, vemos que ter muitos relacionamentos de pequena importância não faz agente se sentir importante. Tentar reunir pedacinhos de carinho e consideração de várias pessoas diferentes e grudá-los não vai formar um sentimento saudável e satisfatório.

Nossa bênção nos fez evitar mortes, ajudar os pobres, chegar ao espaço e curar doenças.
Nossa maldição nos fez guerrear, desconsiderar os sentimentos alheios e focar no materialismo.

E hoje, assim como sempre causou na humanidade, ela causa duvidaas e incertezas nos relacionamentos:

Eu ou o outro?
Sacrifício ou disperdício?
Cautela ou coragem?
Compromisso ou liberdade?

Consciência, bênção ou maldição?