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quinta-feira, 13 de maio de 2010

Dilemas da paixão IV

"Você é tão racional, lógico e centrado em relação a seus pensamentos, que quando você passa por esses dilemas e agonias que todo mundo passa na vida amorosa, você sofre mais, você sente isso como um peso muito maior, faz mais efeito em você."

Minha mãe me disse isso enquanto conversávamos no carro dela no dia das mães. Na verdade foi uma das coisa mais sensatas que já ouvi dizerem sobre mim. Essa semana foi muito movimentada, e percebi algumas coisas que deram origem a mais um "dilemas da paixão":

A racionalidade é inimiga da paixão, ela é controladora, analítica, fria e meticulosa em seus cálculos de prevenção (de esforço e de dano). A razão de nada nos serve quando estamos apaixonados, ela perde sua utilidade no momento em que nos entregamos ás nossas sensações. Pois nesse estádo ébrio de prazer sentimental, não precisamos pensar, apenas seguir os instintos.

Parecemos puxados de um lado para o outro. De um lado, a razão tenta nos segurar, nos controlar, impedir que nos machuquemos, evitar qualquer descuido e frear nossas ações precipitadas. Ela se baseia nas experiências passadas para presumir e deduzir todo o tipo de desgraça que poderia ocorrer conosco caso fôssemos apressados demais.

Por outro lado, a paixão tenta nos soltar. Fica nos alimentando com fantasias e expectativas, aumentando nosso desejo e por vezes, nos fazendo esquecer completamente de nossa imagem, do nosso orgulho e do nosso ego. Não enxergamos mas a nós mesmos, só á outra pessoa. Paramos de prestar atenção em variáveis, em armadilhas, no mundo a nossa volta e as atenções parecem momentâneamente focar apenas um alvo, a pessoa amada.

Porém quando essas duas forças colidem, quem sofre somos nós. O fogo da paixão esquenta as correntes da razão e acabamos nos queimando duplamente. Consumidos pela insaciada vontade de ter, somada com o medo de falhar.

Daí nasce o dilema.

É claro que o tamanho da paixão vai ditar a dificuldade em suportar o dilema, quanto maior ela for, maior será seu fogo, mais impetusoa e ardente será a vontade de exrtavazar todo o sentimento. Se ela for pequena e pouco chamativa, ela não será um desafio, a razão a dominará facilmente, e nenhum movimento será impensado.

Mas qual é a graça de chamas pequenas, qual é a graça de paixões sem importância, ou sem história? Os livros, filmes, novelas, músicas e tantas outras formas de expressão artística não se basearam nas paixões fracas. Não se inspiraram no caso passageiro. Isso não tem a menor graça, relação sem paixão é uma coisa sem graça, sem cor, sem brilho. Ninguém gosta disso, ninguém se realiza nisso, ninguém encontra alegria nisso.

É aí que cresce o dilema.

O recheio da paixão precisa estar presente para dar sabor ao processo de conquista, a história tem de ser escrita com entusiasmo, a estática não faz parte da formação do relacionamento, ela tem que ser dinâmica, cheia de reviravoltas e supresas, inconstante como a chama que a alimenta. Se não, se apaixonar perde o sentido, a história perde a graça.

Mas o que fazer, se a tão necessária chama é tão incontrolável? Se sua presença nos é tão nociva?
A quem dar ouvidos quando há o risco para ambos os lados?

Se não sabemos o que fazer com a inconstância da paixão, temos que usar a frieza da razão e fazer o cálculo, se o risco for maior que o benefício, é melhor retroceder. Se não, siga adiante. Parece um calculo simples, mas quando chega a hora, ninguém sabe fazê-lo sem errar pelo menos algumas vezes.

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