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segunda-feira, 27 de junho de 2011

Crenças


Vamos supor que você, por algum motivo, acredite que o Brasil foi descoberto por Alemães. Caso você tentasse, publicamente, defender sua crença, você teria de rebater uma quantidade de argumentos muito maior do que a que você dispõe para sustentar sua teoria. Quanto mais bem informada uma pessoa fosse sobre história, mais fortes e implacáveis seriam as maneiras com as quais sua crença seria refutada.

Sua teoria sobre o descobrimento não encontraria respaldo nos dados históricos que temos a nossa disposição, tampouco faria sentido, dada a geografia mundial e as condições sócio-econômicas da época. Emfim, historiadores poderiam escrever livros inteiros te provando por A+B, que você está errado.

Mas você gosta da idéia do Brasil ter sido descoberto por alemães. Na verdade, você está tão acostumado com a idéia que acredita nela por inércia (apenas se mantém acreditando). Foi isso que você ouviu durante muito tempo e você já se acostumeou a distorcer á lógica formal ao seu favor para tentar dar á sua crença mais credibilidade. Afinal, enganar a si mesmo é um processo longo, você precisa ir quebrando a lógica aos poucos para se sentir confortável acreditando em algo que não faz sentido.

OK, agora mude a sua perspectiva, volte para o seu lugar (o de quem não acredita que o Brasil foi descoberto por alemães). Como você convenceria está pessoa de que ela está errada? Como você lhe mostraria que sua crença é, no mínimo, equivocada. (pra não dizer ridícula)?

"Ah, cara, eu não tentaria convencer não, deixa a pessoa acreditar no que ela quiser, não é problema meu."

"Isso não tá atrapalhando ninguém, deixa ele com as maluquices dele..."

Eu também diria isso meu caro. Diria isso se essa crença fosse algo que esse sujeito mantém para si mesmo. Se fosse algo que se limitasse á uma questão pessoal. Mas esse sujeito não está sozinho, com um número suficiente de pessoas, a creça se espalha. Eles ensinam isso a seus filho, criam instituições para refoçar e perpetuar a idéia e logo o número de pessoas acreditando cresce, e com o número vem a força da idéia. Ela transcende a condição de crença pessoal e se torna uma maneira de pensar, de discriminar, de julgar e de ver o mundo.

Você ainda sim permaneceria parado? Você ainda sim se calaria, sabendo que estas pessoas estão simplesmente ignorando conhecimento histórico, descartando lógica e virando as costas para séculos de conhecimento árduamente acumulado e analisado? Se alguém falasse para você: "Respeite, é o que ele acredita" Você se calaria e baixaria a cabeça?

Muito sangue foi derramado e muito debate foi feito para que hoje pudéssemos ter liberdade de expressão, e não é a crença pessoal de ninguém que vai me dizer o contrário. Você tem o direito de me achar chato, de discordar de mim, ou até de virar as costas e nem falar sobre o assunto. E eu tenho o direito de dizer:

Sua crença não encontra respaldo no conhecimento científico, muito menos tem qualquer serventia social que não possa ser perfeitamente atingida por meio seculares.

Em outras palavras:

Sua crença é sem sentido e inútil.

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