Procurando algo específico?

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Dilemas da paixão VIII


Um relacionamento é uma via de mão dupla. Sendo assim, se lavarmos em consideração que somos todos imperfeitos, sempre estaremos colhendo tanto felicidades quanto desgosto num relacionamento, certo?

Mas e se você, quando pequeno, desenvolve técnicas para evitar frustração e raiva? E se quando você era menor você tivesse decidido que fechar essa via é a melhor opção?

Todos nós passamos por experiências frustrantes, mas absorvemos elas de maneiras diferentes, alguns de nós devolvem para o mundo aquilo que nos amargurou, outros ficam indiferentes, e outros ficam mais humildes e sensíveis ás necessidades alheias. Mas todos nós temos algo em comum:

A via que bloqueamos é a mesma via pela qual doamos.

Estar sujeito á oscilações emocionais da pessoa que está no relacionamento com você é normal, estar indefeso contra sentimentos de ciúmes, apego e frustração é parte de um relacionamento entre seres humanos, mas as pessoas (principalmente os homens) não gostam de estar sujeitos á essas emoções e começam a construir barreiras para se proteger.

Essas barreiras começam a se erguer aos poucos, pessoas egoístas e pessoas que não se conhecem bem ajudam nas obras. Ao final da adolescência já temos uma base sólida da nossa defesa:

Se sofro porque me importo, melhor não me importar.

A indiferença vai infectando cada aspecto da postura da pessoa e a inércia toma conta do que antes era um troca de afetos. O antigo doador, agora indiferente, só oferece quando lhe é pedido. Pois a via por onde doava foi fechada para evitar que coisas ruins viessem ao seu encontro. Qualquer sinal de apego, ligação ou dependência é severamente vigiado e controlado. Um sistema de censura se instala na mente do indivíduo, nada muito romântico pode brotar, nenhuma relação profunda demais pode se estabelecer, pois qualquer movimento da "oposição" é indicador de golpe (o maior dos medos do "estado da superioridade"). Qualquer manifestação de sentimento é algo potencialmente ruim assim que nasce, algo provavelmente destrutivo.

Ser indiferente é uma barreira tão forte, tão grossa e tão eficiente que nada de ruim consegue entrar, mas nada de bom consegue sair. Você corta o sentimento pela raíz, o ciúme, o ódio, o apego e paixão congelam todos juntos e não dão mais frutos seja lá eles quais forem. Você está protegido e seguro, mas á que preço?

Você não pode pedir para o outro mudar por você, isso seria egoísmo.
Você não pode punir o outro por não atingir suas expectativas, isso seria mais egoísta ainda.
Você não pode perdoar todas as falhas e ficar calado, pois se não quem sofre é você.

Como então fiscalizar a via sem bloqueá-la? Como cuidar do relacionamento de maneira saudável sem ter que impor uma ditadura sentimental para si mesmo, onde nada que se pareça com um sentimento pode ser expresso? Como lidar com a dor sem causar mais dor? Como não criar um ciclo vicioso?

Bem vindo a mais um dilema da paixão.

2 comentários:

  1. Bacana o texto mano, expressa bem a sensação de "ter que se manter em pé de superioridade". É mais ou menos isso, não tem como demonstrar mesmo o que nem é de todo ruim, mas tem seus contras. Bom texto ;DD

    ResponderExcluir
  2. Well... não tem um jeito perfeito para fazer isso. O que serve para uns, não serve para outros. Mas é sempre interessante refletir sobre isso, evita boa parte dos erros na via.

    ResponderExcluir