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quinta-feira, 10 de junho de 2010

Auto-conhecimento socrático


Antes de Sócrates, os filósofos estavam muito preocupados em explicar a orgem da vida, do universo, o funcionamento da natureza e as forças que regiam nossa realidade. Mas então o famoso filósofo fez uma "virada ética" e colocou o foco da filosofia no homem.

Conhece-te a ti mesmo.

Ele notou que quando perguntava as pessoas quem elas eram, geralmente elas respondiam seus nomes, suas ocupações, sua filiação ou posição social. E isto não é quem você é de verdade.

Mas então qual seria a resposta adequada?

Foi nisso que Sócrates passou muito tempo pensando. E seu método era mais ou menos assim:

Você não pode pensar pelos outros, repetir a opinião alheia como um papagaio e seguir convenções sociais, para ser um filósofo de verdade você teria que pensar por si próprio, mas para fazer isso teria de primeiro eliminar todas as camadas que estão escondendo seu verdadeiro "eu".

Religião, sociedade, família, política, emfim, tudo o que foi "colocado" em você deve ser varrido. Você deve desconsiderar todos os fatores externos para chegar no verdadeiro eu. Após este processo, você deverá começar uma verdadeira jornada de absorção de conhecimento, pensando por si próprio. Nessa jornada não há problema algum em concordar com o que algumas pessoas dizem, mas isso deve ser feio por reflexão própria, não por convenção.

Para Sócrates o processo é infalível porque ele acreditava, como praticamente todo o filósofo grego da época, que a verdadeira natureza humana tendia inexoravelmente para o bem. Sendo assim, você seria uma boa pessoa se conhecesse a si mesmo.

Mas focar em si mesmo não é um pouco egoísta, pensar apenas na própria evolução?

Não, pois aquele que conhece a si mesmo saberia (como todo grego da época) que o homem é um ser político, que vive em sociedade. Saberia seu lugar nela e a importancia de cada um para o equilíbrio da vida social. Não é necessário poder político para fazer o bem, basta auto-conhecimento.

OK, agora, e nós? Onde entramos nisso tudo?

Na era da informação, temos toneladas de conhecimento disponíveis para nós. Novidades, modas e informações chegando cada vez mais rápido até nossas casas. Nesse violento mar, pensar por si próprio não é nada fácil, o mundo está cheio de pseudo-intelectuais, pessoas que lêem meia dúzia de autores e filósofos, e acham que são extremamente inteligentes por causa disso.

Temos modinhas indo e vindo, pessoas formando opiniões lendo as duas primeiras linhas de uma matéria de revista e gente comprando briga para defender idéias que mal entendem.

Isso não é fazer filosofia.

Conheça suas motivações, seus medos, seus anseios e suas fraquezas. A partir daí, construa com bases sólidas uma mente crítica e inteligente. Tenha certeza de que as coisas que você acredita e defende são por experiência e reflexão próprias. Tenha certeza de não estar comprando nada pronto, de não estar simplesmente repetindo uma idéia que você acha inteligente.

Conhece-te a ti mesmo.

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