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terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Sofrimento


Para morrer, basta estar vivo. E para sofrer, também. Na maioria das vezes a dor é inevitável, mas existem muitas coisas que podem mudar a intensidade com a qual a sentimos.
Usamos, sem perceber, diversos dispositivos para amortecer o impacto que a dor tem sobre nós, quando a verdade é dura demais, ou quando a realidade é triste demais, usamos nossas próprias drogas para entorpecer nossos corações enquanto esperamos o desconforto passar.

Apontamos para qualquer coisa que pareça ter contribuído para nosso estado de tristeza e colocamos nela uma parcela da culpa, para aliviar o fardo de ser responsável pela nossa própria felicidade. Repetimos para nós mesmos o quão bons e fortes nós somos e até tentamos transformar tragédia em comédia, conversando com amigos e mentindo para nós mesmos, dizendo que não é tão mal assim. Todos os animais foram programados para minimizar sofrimento e maximizar prazer, nós, como criaturas racionais, apenas temos métodos mais sofisticados de fazê-lo.

Mas por traz das piadas, da cara de paisagem e de toda a simulada raiva e desprezo que tentamos nutrir pelos causadores dos nossos infortúnios, se esconde o pesar que, mais cedo ou mais tarde, teremos que enfrentar. Por mais que estejamos cercados de amigos e envolvidos em milhares de atividades, eventualmente teremos que nos confrontar com a dor sozinhos, sem o auxílio de nada nem ninguém. Teremos que aceitar que nossas imperfeições contribuem para nossas infelicidades, que nossas escolhas são responsabilidade nossa e que mesmo que estejamos cercados de pessoas e situações que não atendem nossas expectativas, temos que ser pacientes, compreensivos e maduros, para sempre tentar demonstrar força, que não consiste em não sentir dor, mas sim suportá-la.

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