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quinta-feira, 22 de abril de 2010

Desejo

Ele vem lentamente, sinuoso como uma serpente espreitando a presa. Suave, quente e manso, ele vai tomando conta de cada parte do corpo, vai alimentando fantasias, uma atrás da outra. Fantasias românticas, serenas, poéticas, belas em toda sua ternura. Como uma valsa ritmada, ele se propaga calmamente, bonito e elegante.

Mas como o fogo que consome tudo indistintamente, ele não tem limite por si só, e começa a arder com mais força de dentro para fora. Ele vem, implacável em intensidade, se espalha numa explosão violenta de vontade de ter, vontade de possuir, vontade de tocar, vontade de experimentar. Nessa hora as fantasias já estão beirando o instinto puro, não há mais poesia nem lirismo na voracidade do desejo explosivo, ha apenas a louca e quase que incontrolável vontade de simplesmente pular em cima do objeto desejado e saciar a vontade animalesca e violenta que ele causa.

Nesta hora, a razão vem com suas correntes e rédeas como um cavaleiro disciplinado, e nos segura (e com força). Amarra nosso coração junto com nossos instintos e começa a domá-los como num rodeio. A batalha é tão feroz que um observador externo pode até notar um lábio sendo mordido, um punho sendo fechado, uma respiração ficando mais ofegante, a língua passando nos fábios... dá pra notar o desejo nos contorcendo como se estivéssemos sendo imobilizados contra nossa vontade. Ele tenta nos dobrar, a razão tenta nos manter de pé. Apenas a ponta do iceberg é visível, lá dentro a mente tenta acalmar a tempestade causada pelo desejo numa luta de foças opostas. E aos poucos, como um animal feroz, o desejo vai sendo domado, vai se acalmando, ficando manso de novo. A razão triunfa com sua tenacidade e frieza e apaga achama descontrolada da vontade de ter.

Há momentos em que isso tudo acontece em menos de um minuto....

e há momentos em que o desejo é forte demais para que a razão o segure, esses momentos rendem muitos filmes, livros, novelas, poemas, relacionamentos, casamentos e divórcios.

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