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segunda-feira, 10 de maio de 2010

Nós e elas

No início da vida elas não existem como um grupo separado. Não há nenhum tipo de distinção, não há clubinhos, pré-julgamentos ou expectativas. Elas são como nós, apenas humanas. E ainda estamos experimentando o mundo através dos nossos sentidos.

Depois elas aparecem, percebemos que elas são diferentes de nós, que elas gostam de coisas diferentes, se vestem de outra maneira e tem um jeito diferente de falar. Logo, começamos a nos afastar delas e nos aproximar daqueles parecidos conosco. É um processo natural de identificação, formam-se então, os clubinhos.

Com essa formação vem outro efeito natural do clubinho: a apatia pelo diferente, o desgosto pelo que é oposto ao grupo, a aversão por tudo aquilo que não entra no processo de identificação. É o preto-no-branco da infância, ou amamos ou adiamos algo: não há meio termo.

Esse efeito nos faz vê-las de outra forma. Como chatas. Elas falam besteiras, gostam de coisas ridículas, agem de maneira idiota e por alguma razão desconhecida, algumas delas exercem um efeito estranho sobre você. Mas como tudo que é desconhecido geralmente é temido, agente se afasta dessa sensação e continua observando aquele estranho grupo á distância.

Mas essa fase passa rápido, e logo entra a mais longa de todas, a que você acha elas um enigma. Você começa a achar elas interessantes, vê que não são tão chatas assim e percebe que muitas delas são inclusive parecidas com você em alguns pontos. Mas você não sabe exatamente como a cabeça delas funciona, você acha que é amigo de algumas quando de repente aquele sentimento estranho volta, mas dessa vez você não tem medo, você tem curiosidade.

As coisas começam a acontecer: o primeiro beijo, a primeira namorada, o primeiro fora, a primeira decepção...

Aos poucos você vai aprendendo mais sobre o mundo delas, desvendando seus segredos e tentando usar esse conhecimento ao seu favor. As vezes suas previsões dão certo, as vezes não.

Com o tempo seu conhecimento vai aumentando, você lê um ou dois livros a respeito e vai observando seus amigos e elas em relações. Vai percebendo alguns padrões, alguns comportamentos que se repetem, vai construindo uma comparação entre observação e teoria.

Alguns param por aí, não refletem, não chegam a nenhuma conclusão, e ficam presos em seus próprios ciclos viciosos. Esses são muito provavelmente a maioria de nós.

Mas outros vão além e vêem que elas não são tão misteriosas assim. Vêem que muito do que nós achamos confuso sobre elas é justamente porque elas não se conhecem muito bem. Vêem que muito do que elas fazem, não fazem por querer. E que no fundo todas querem a mesma coisa e tem as mesmas necessidades básicas. Percebem também que há certas posturas suas que podem ter resultados nas expectativas delas para com você.

Depois de ter esse conhecimento, nós nos dividimos em dois:

Os que usam isso de maneira ofensiva e os que usam de maneira defensiva.
Os que usam de maneira ofensiva usam e abusam (delas). Utilizam todo seu conhecimento acerca do universo feminino para satisfazer suas necessidades pessoais. Sem limites, sem escrúpulos, desconsiderando totalmente os sentimentos alheios. Mentindo, omitindo, traindo e ignorando toda e qualquer consequência que sua busca por satitisfação venha a ter.

Existem também os que usam esse conhecimento de maneira defensiva, para não cair em armadilhas sentimentais, manipulações, decepções e situações constrangedoras. Eles buscam o que querem mas seguindo rígidas regras para não machucar ninguém ao longo do caminho, como um código de honra, como um tratado de paz.

Mas dos que usam o conhecimento de maneira defensiva acabam se dividindo em dois de novo: os que passam para o time da ofensiva, e os que permanecem.

Os que passam para a ofensiva são os revoltados, amargurados e decepcionados com a dura realidade dos relacionamentos. Por serem vítimas da guerra, quebram o tratado de paz. Por verem desonestidade e falta de caráter, quebram o código de honra. Esses são os que se desiludiram depois de árduas tentativas fracassadas de conquista ou de manter uma relação. Que tiveram seu altruísmo retribuido com traição, desconsideração e desprezo. Depois de tanto se machucar, esse grupo decide seguir a lei da selva, a lei do mais forte e mistura um sentimento de vingança (fizeram comigo, vou fazer com elas), com um sentimento de descrença (é disso que elas gostam mesmo/é isso que elas merecem). Viram jogadores.

Os que continuam na defensiva são uma rara minoria que não se deixa levar por sentimento de vingança, ódio ou ressentimento. Continuam firmes na sua busca e apesar dos duros tapas da realidade, não revidam pois sabem que não lhes cabe educar os outros. Sabem que não faz parte de sua responsabilidade girar um tipo de roda kármica e querer fazer mal a quem acham que merece.

Mas essa rara minoria é composta por duas partes. Aqueles que ficam na defensiva porque querem e os que apenas assumem essa postura porque não tem força o suficiente para serem jogadores. Estes admitem sua fraqueza e sua incapacidade de jogar na ofensiva e se comformam com sua situação, botando uma máscara de altruísmo e bondade que esconde a revolta reprimida por não ser forte o suficiente. Seriam jogadores ofensivos se sua vontade de satisfazer suas necesidades pessoais não fosse maior que seus medos. Mas os traumas e inseguranças que moldam o passado deles supera em muito sua vontade de jogar. É claro que esse tipo de homem geralmente vai dizer que na verdade é sua bondade e altruísmo que o mantem na defensiva, mas na verdade é o medo de se machucar.

E assim elas vão meio que moldando parte da nossa personalidade através de experiências, peneirando os homens através do tempo. Poucos de nós chegamos a idade adulta intactos, poucos de nós atingímos a maturidade completa com a capacidade de sonhar e nos entregar. Poucos de nós ainda tem fé. Sim, fé. Pois fé é acreditar sem evidências, e é mais ou menos isso que temos que fazer se quisermos nos manter esperançosos de que nós e elas podemos ser felizes.

Mais tarde podem até haver outras fases, mas eu não sei quais seriam pois só tenho vinte anos. Pode ser que, em termos teóricos, elas ainda não sejam um livro aberto para mim.

3 comentários:

  1. Éé... mas coomo tudo tem seu lado da moedaa...
    tbm tem aquelas mulheres boas, qe mudam de time, E mudam por que? Vc sabe, nos sabemos...

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  2. Sim Pri, tens toda razão. Não explorei essa parte porque não era esse o foco do texto e também porque não sei com tanta riqueza de detalhes como todo esse processo se dá na mente feminina. Mas com certeza me aprofundarei no outro lado da moeda num próximo post.

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  3. =) Eeeh! Foi um desabafo... Revoltas internaas!
    Mas aliiiaaas! Apesar de nao ser o seu lado da moedaaa vc descreeveu mtoo beem todo o processo tbm viiu? Muuito bom, como sempre, surpreeeende! ^^

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