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domingo, 4 de setembro de 2011

Metáforas XI - Parte II

Sua intuição estava certa, sua experiência não estava equivocada, seu árudo e longo treinamento realmente não lhe desapontara.

Havia SIM algo ali, algo perigoso, algo que iria além de suas capacidaddes, algo além de tudo aquilo para o qual ele se preparou, algo mais poderoso e mais forte do que ele jamais poderia imaginar. Naquele calabouço escuro, fétido e de corredores estreitos, ele não ouvia nada mais que a própria respiração, mas sentia o perigo passar muito perto e ameaçá-lo de morte a cada passo.

Não que ele não estivesse preparado, ele estava tão pronto quanto qualquer ser humano poderia estar. Não que ele não tivesse treinado, ele havia praticado tanto quanto qualquer um na idade dele poderia praticar. Não que ele não fosse digno do desafio, mas seu inimigo estava simplesmente muito além de suas capacidades.

Ele sabia que só tinha um escudo, sabia que só tinnha uma espada, sabia que um ataque surpresa no ângulo correto seria seu fim. Sabia que sua armadura não cobria cada centímetro de seu corpo. Mas saber muitas vezes não é o suficiente, e foi assim que aconteceu.

Algo maligno veio. Algo mais frio, impiedoso e implacável do que ele pôde imaginar. Não veio da retaguarda, não veio dos flancos, muito menos de cima, veio bem da sua frente. Um tipo de lâmina escura veio em sua direção e ele até teve reflexo o suficiente para levantar o escudo, mas seja lá o que era aquilo, atravessou não só seu escudo, mas seu braço, sua armadura e seu peito, direto para seu coração.

Um único golpe. Um único movimento lhe dera a revelação que ele precisava. Ele não estava preparado, sua intuição havia acertado. Algo além de sua imaginação o aguardava. Mas sua intuição não lhe salvara. Na verdade, nada poderia lhe salvar daquilo que acabara de lhe atacar. Ele sangrou, sentiu uma dor inimaginável ao ter sua carne rasgada e sua armadura quebrada pela lâmina negra que se projetava a partir de um ponto vazio nas trevas.

Havia algo ali, e agora ele sabia o que era!

Nunca devia ter descido ao calabouço, nunca deveria ter sequer tentado resolver aquele problema. Mas se bem que se ele tivasse recusado, não seria ele, se ele fugisse da missão, não seria ele. Ele estava ali, com uma estaca negra atravessa da no peito sentindo uma dor que nunca sentira na vida. A palavra indescritível parece fraca e vazia para a dor que ele teve de suportar ao cair de joelhos perante um desafio para o qual nunca estaria preparado.

Tentou brandir a espada, tentou levantar o escudo, tentou correr, tentou até gritar, mas nem para isso tinha forças. Seu coração havia sido trespassado, ele estava morto, era seu fim. Iria morrer tentado proteger aquilo que amava, iria encontrar seu fim tentando preservar as pessoas que o condenaram.

Não via nada além de escuridão, foi deixando de sentir não só dor, mas tabém qualquer outra coisa que dependesse do tato para funcionar. A visão, já obscurecida pelas trevas do calabouço fétido, ficou ainda mais negra e logo se foi. Ele caiu, foi derrotado. Apunhalado de surpresa por um inimigo que na verdade ele já sabia que estava lá.

Sua morte teria sido cruel e fria. Seu fim teria chegado de maneira rápida e ninguém nunca acharia seu corpo. Ele apodreceria nos calabouços da praia que jurou proteger, seu esqueleto viraria pó e os habitantes daquele litoral continuariam suas vidas normalmente.

Mas não foi bem assim. Ele acordou numa cama, zonzo, com o peito donendo e com o coração acelerado. Ele fora salvo, Estava num casebre simples de madeira que ele logo reconheceu como sendo de um dos moradores da vila, mas era inteligente o suficiente para saber que nenhum morador entraria no calabouço para lhe buscar, entõa chegou a conclusão óbvia.

O arqueiro e o paladino, seus amigos, haviam lhe salvo. Tanto tempo havia passado desde que ele não contava com a ajuda de ninguém, que se esquecera de que seu aliados estavam por perto, prontos para çhe ajudar. Não fora sua fênix, na qual ele tinha tanta fé, muito menos a fênix alheia, a qual ele sequer via há muito tempo. Foram eles, seus companheiros de viagem, que lhe salvaram a vida.

Eles não ganharam nada indo lá, o calabouço não fazia parte de seu objetivo, eles não iriam receber nenhum tinpo de reconpensa com essa missão. Mas eles foram, eles arriscaram suas vidas para tirar um companheiro do ninho de desespero em que se encontrava. Eles gastaram recursos e tempo para salvar a vida alheia. Coisa que a fênix não fizera. Aliás, onde estaria ela gora? Depois de tantar preces, cortejos, orações e sacrfícios, onde estava a fênix? Ele estava num calabouço frio, abandonado e perigoso, ela seria de grande ajuda numa hora daquelas, mas não ela sequer estava lá e ele nem percebera isso. Rezava, adorava e reverenciava o pássaro como um tolo cego que quer acreditar no que não é real, enquanto sua vida corria real perigo no calabouço.

Foram eles, seus fiéis amigos que o salvaram de uma terrível tragédia lá embaixo. Era a eles que o bardo devia a vida, não á fênix. Foi então que ele começou a ligar as coisas. Quem era o inimigo, quem afinal conheceria suas fraquezas tão bem ao ponto de lhe derrubar ocm um golpe só? Quem seria habilidoso o suficiente para se aproximar sem ser visto, desferir um golpe sem ser impedido e fugir sem ser pego? Teria de ser alguém que conhecesse suas fraquesas, teria de ser alguém que soubesse suas táticas de batalha, teria de ser alguém próximo...

A verdade, começou á cercá-lo como um fantasma indesejado, daqueles que está bem ali, mas você não tem corajem o suficiente para encará-lo de frente. Todas as suas observações convergiam para a mesma conclusão, todas as suas experiências apontavam para um só lugar. Seu inimigo na verdade era invencível, invulnerável. Ele não tinha chance alguma contra ele, ele tinha apenas uma opção e sua opção era justamente aquilo que ia contra todos os seus juramentos, contra tudo aquilo que ele acreditava, contra tudo aquilo que ele prometera proteger.

Assim, ele mergulhou no mais violento e mais arrasador DILEMA de sua vida:

Vida ou morte?

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