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sexta-feira, 2 de julho de 2010

Dualidade e credulidade

O cético e o crédulo na vida sentimental se comportam de maneiras muito diferentes.

Primeiramente, o cético é inevitavelmente humilde. Pois já que ele não acredita sem provas ele não vai achar que pessoas estão atraídas por ele quase em nenhuma situação. Pois quase nada na vida sentimental é objetiva o suficiente para ser chamada de prova.
Olhares, sorrisos e quaisquer outras coisas que possam ser consideradas indicadores de interesse não provam nada, até porque no campo dos sentimentos, não há provas, apenas presunções e teorias baseadas numa análise totalmente subjetiva. Aplicar o pensamento científico no campo da paixão é praticamente anular qualquer possibilidade de pretensão soberba e arrogância.
Esse é o lado bom, porém ser cético leva á outra situação: perda de oportunidades. Quem não arrisca não petisca, e ainda temos o problema do excesso de ceticismo levar a biaxa auto-estima, pois se a pessoa nunca acha que está recebendo indicadores de interesse, nunca acredita que sentimentos dirigidos á ela são verdadeiros, acaba por deixar sua auto-imagem se abalar por se achar indigno de tais coisas.

Já o crédulo não. Ele pode ser do tipo pretensioso ou sonhador. O pretensioso acredita em si mesmo tão plenamente que qualquer sinal é interpretado como indicador de interesse, até os que não o são. Ele não é crédulo diretamente para com a outra pessoa, mas para com o efeito que ele pode ter sobre os outros. O mérito é dele, quem conquistou a atenção da pessoa foi ele com seu talento, beleza e singularidade.
A vantagem é que a confiança, a auto estima e a autonomia sentimental desse tipo de pesoa costuma ser mais alta, e isso se reflete em sua linguagem não-verbal, fazedno com que ela pareça mais carismática, magnética e autônoma.
O problema desse tipo de crédulo é a auto-estima extremamente sucetível á opinião alheia e rejeições, que vão ser mais comuns do que se ele fosse mais humilde, pois a segurança vem de uma ilusão de superioridade que, se for quebrada, acarretará em decepção.

Se for do tipo sonhador, o foco da credulidade não é si mesmo, mas sim o outro. Há uma divinização do pretendente que tem base nos mitos de principe/princesa encantada, amor romântico ou par perfeito. Essa pessoa tem mais humildade do que o pretensioso porque geralmente coloca a pessoa amada acima de si mesma. O ponto bom é o tamanho da felicidade e satisfação atingidos caso essa pessoa seja correspondida, é como ganhar na loteria. Mas o processo de divinização do outro pode fazer o sonhador se achar inferior ou indigno da pessoa amada algumas vezes, causando inseguranças e medos numa intensidade que os outros tipos citados acima não tem.

Acreditar ou não, ao contrário do que muitas pessoas pensam, não é uma opção. Quem é crédulo não pode escolher ser cético, pode escolher não arriscar apostar onde sua credulidade aponta, mas vai continuar acreditando mesmo assim, estará apenas se resguardando para não se machucar, engolindo seus sentimentos.

Quem é cético não pode escolher acreditar, pois sua frieza estará o fazendo duvidar mesmo que decida se arriscar, tirando a magia do momento e parte do prazer do processo de conquista e do relacionamento.

Emfim, relacionar-se é algo muito simples. Nós é que complicamos tudo.

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