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domingo, 11 de dezembro de 2011

Contos do bardo (parte II - capítulo VII)


Já sentindo o vento do litoral aumentar e esfriar sua face, o bardo tirou o pingente do pescoço, ele brilhava fracamente, mas pulsava como um coração. Ele poderia dar as costas, poderia ir embora naquele momento e recomeçar a caminhar no litoral. Mas havia feito uma promessa para si mesmo. Aquela promessa antiga que ele sempre honraria dali para frente para ter certeza de que não haveriam mais arrependimentos.

Apenas o som dos seus próprios passos no mármores brancos se somavam ao som das ondas quebrando, não havia ninguém ali, ele olhou para a estátua da princesa com o vestido no centro da praça e disse a si mesmo:

-Se há um momento, é agora. - Ele caminhou na direção da perfeita escultura que olhava para o norte com as mãos unidas na frente do peito. - Norte... é sempre para onde caminho...

Ao se apriximar da princesa de pedra o pingente pulsou mais forte, o bardo não tinha mais dúvidas, tinha de testar sua magia ali. Não queria se arrepender novamente. Olhou para a face dela, invadido por nostalgia e curiosidade, fechou os dedos em volta do pingente mágico e esticou o braço apontando-o para ela, então disse as palavras mágicas:

-Vide avis ignius.

O que aconteceu em seguida superou todas as suas expectativas, os altos estalos da pedra rachando acompanharam o aumento do brilho de seu artefato, e quando a escultura já estava completamente rachada e o pingente brilhando tanto que forçavao bardo a cerrar os olhos, a explosão aconteceu.

Ele foi arremessado para trás pela energia quente que emanou da explosão e ficou desorientado por um minuto, não estava mais segurando o seu pingente e percebeu que estava de costas no mármore frio da praça, porém sentindo como se estivesse á dois metros de uma enorme fogueira, tamanho era o calor que ele sentia á sua frente. O bardo se levantou, limpou as roupas e viu os pequenos pedaços de pedra no chão, esfregou os olhos e viu seu pingente flutuando á dois metros do chão irradiando uma luz alaranjada, e logo na frente dele, estava a princesa.

- Ela estava dentro da estátua esse tempo todo... - Sussurrou ele, sem acreditar no que via.

Caminhou lentamente em direção a ela, e vice-versa. O vento continuava batendo, porém as ondas recuaram. Tempos atrás, fora aquilo que ele vira no farol. Fora aquele brilho, e apesar de o farol ter ruído, o que agora tomava seu lugar era fascinante. E ele entendia perfeitamente o porque da mudança.

Mal sabia ele que a explosão, além de recuar as marés, também limpara o céu. Mil estrelas observaram os dois jovens naquela noite.

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