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sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Maldição


Enquanto o trabalho do cientista é responder perguntas, o do filósofo é fazê-las. O acúmulo de conhecimento começa com questionamento, o primeiro passo para descobrir é justamente ter a curiosidade de perguntar, sendo assim, podemos inferir que á princípio, a centelha filosófica é algo bo mpor trazer conhecimento.

Mas conhecimento e felicidade nem sempre caminham juntas na estrada da vida. O filósofo tem consigo a centelha que lhe fará aguçar sua mente, mas não seu coração. Sua maldição é perguntar demais, e a vida nem sempre responde prontamente aos nossos dilemas. Levamos meses, as vees anos para responder perguntas aparentemente simples. A vontade de evitar o sofrimento e buscar a felicidade se torna praticamente uma investigação científica de comparação de resultados, tantas são as perguntas feitas acerca do processo.

Assim como na luz todo o objeto projeta uma sombra, na mente do filósofo todo o pensamento, acontecimento, ação e sentimento projeta uma pergunta: por quê? Sua ânsia por entender o mundo e a si mesmo o leva á caminhos obscuros por onde poucos se aventuram, por vezes ele descobre coisas úteis, mas são longos os períodos de aflição trazidos pelas respostas para as quais ele não estava preparado. São agoniantes os momentos em que ele simplesmente tem que encarar o fato de que teoria sem prática não leva a nada, que ter respondido muitas perguntas e pensado sobre muito assuntos, simplesmente não o imuniza de certas situações.

É como uma criança que pergunta "por quê" indefinidamente. Vai chegar um momento que ela simplesmente não vai entender a resposta, ou um momento em que a resposta já não é mais relevante. O ciclo de perguntas encontra seu fim ao mesmo em que a utilidade delas desaparece. A coleta de informações cessa e o filósofo fica com um enorme quebra cabeças, tentando combinar as peças de diferentes modos, dando voltas nos conceitos que ele mesmo já formou, tentando buscar uma resposta que responda todas as perguntas, tentando simplificar o que ele complicou, tentando achar aquela regra geral que explique tudo.

Para cada enigma resolvido, surgem mais dois. Para cada solução, nascem mais dois problemas. É sua paixão e sua perdição, o objeto de seu fascínio e de sua dor, é o processo que o faz ser o que é, mas também é o processo que o atormenta, e sempre atormentará enquanto ele tiver um coração humano e estiver suscetível á emoções.

O processo de filosofar.

"Nenhum homem deveria estudar filosofia antes dos 40 anos"

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